Coops de crédito têm a maior rede de atendimento físico do país

O coop brasileiro tem motivos de sobra para comemorar o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito (DICC). Com números expressivos, o segmento vem se consolidando como importante fator de inclusão financeira, desenvolvimento regional e prosperidade nacional. A data é celebrada em todo o mundo, sempre na terceira quinta-feira do mês de outubro, desde 1948. “Empodere seu futuro financeiro com uma cooperativa de crédito” foi o tema escolhido pelo Conselho Mundial de Cooperativas de Crédito (World Council of Credit Unions – Woccu) para as comemorações deste ano.

A intenção é ressaltar a contribuição das coops financeiras na melhoria da qualidade de vida das pessoas e valorizar os propósitos delas em contribuir com as comunidades onde estão inseridas estreitando, assim, os laços com seus associados, em especial, nas cidades menores e mais afastadas. O presidente do Sistema OCB, Marcio Lopes de Freitas, destaca a importância de festejar o bem que o coop de crédito tem feito para todo o país.

“O cooperativismo financeiro exerce papel fundamental por sua capilaridade e capacidade de distribuição de recursos para as mais diferentes atividades e ações, não apenas de cooperativas e cooperados, mas para a sociedade em geral. O crédito rural, instrumento prioritário para que os objetivos da política agrícola nacional sejam atingidos, passa por uma cooperativa de crédito. A garantia de acesso a financiamentos junto aos pequenos produtores, bem como as possibilidades de custeio se repete também em outras áreas como infraestrutura, transporte, saúde, educação e energia”, ressalta.

Para além da oferta de crédito, Marcio salienta que, “as cooperativas são importantes vetores de democratização, educação e inclusão financeira, gerando impactos significativos junto aos seus associados e comunidades onde atuam”. Segundo ele, é importante ressaltar que a educação financeira merece atenção especial no nosso país. “Com conhecimento, atitudes e habilidades, as pessoas passam a adotar boas práticas para administrar seus recursos de forma eficiente e segura”, acrescenta.

A participação das cooperativas de crédito na vida dos brasileiros é maior ano após ano. Entre dezembro de 2017 e dezembro de 2021, o número de associados às cooperativas de crédito aumentou de 9,6 milhões para 14,6 milhões, sendo 12,3 milhões de pessoas físicas (PF) e 2,2 milhões de pessoas jurídicas (PJ). Em dezembro de 2021 eram, no total, 818 instituições, garantindo mais de 89 mil empregos diretos.

Os números explicam porque, nos últimos quatro anos, a quantidade de pontos de atendimento cresceu de 4.929 para 7.247, o que coloca o cooperativismo de crédito como a principal rede de atendimento físico do país. Em termos de comparação, no mesmo período, foram fechadas 3.173 agências bancárias em todo país. Além disso, em 275 municípios, as cooperativas de crédito são a única instituição financeira presente, atendendo com qualidade e de acordo com todas as exigências legais e regulatórias estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil (BCB).

Todos ganham

O verdadeiro diferencial das coops de crédito é sem dúvida a participação de seus cooperados nas sobras anuais, popularmente conhecida como divisão pelo bom desempenho da coop. Em outros modelos societários, os lucros são divididos apenas entre os acionistas. No coop, as sobras são rateadas na proporção de cada operação que o cooperado fez com a cooperativa. Ao final de cada ano, os valores conquistados coletivamente retornam aos cooperados, em crédito em conta.

Esta sistemática das coops financeiras contribuem para o aumento de capital ou do fundo de reserva que favorece também a cooperativa ao proporcionar mais crédito com taxas melhores, uma vez que não há o objetivo de maximizar o lucro.

Rafael Mucelini é cooperado há mais de 15 anos do Sicoob MaxiCrédito, em Chapecó (SC). O orgulho de ser cooperado vem do pai, que foi um dos primeiros a abrir conta, logo no início da coop. Mucelini explica que tem uma empresa de confecção e que no início realizava operações em um banco privado, mas que ao perceber os diferenciais da cooperativa, migrou para ter vantagens reais em suas transações.

“Como associado pessoa física sempre fui bem atendido. Então, quando passei a empreender procurei o auxílio da cooperativa como pessoa jurídica. A proximidade e transparência dos colaboradores da cooperativa nos traz segurança e faz com que a gente fidelize e ainda convide amigos e colegas para se beneficiar também”, descreve.

Segundo ele, são muitos os diferenciais. “Começa com a educação financeira, por meio de projetos e trabalhos, que ajudam nosso crescimento e desenvolvimento. O sentimento de pertencimento por conta do atendimento humanizado é um dos fatores mais importantes. A participação nos lucros é excelente para o cooperado, mas mais ainda para a comunidade, já que o valor circula na região e que também gera crescimento e desenvolvimento. A gente fica satisfeito em fazer o bem para nós e para nossa sociedade”, acrescenta.

Mucelini considera ainda que o Fundo Garantidor do Cooperativismo (FGCoop) é outro fator responsável pelas fidelizações. “Diminui de forma considerável os riscos e nos dá mais segurança.  Além de podermos contar com a cooperativa na hora de dar um passo maior em investimentos ou até adquirir um imóvel ou veículo”, completa.

Membro do Conselho Consultivo Nacional do Ramo Crédito (Ceco), do Sistema OCB, e diretor do Sicoob, Ênio Meinen, considera que a intensidade da expansão física das coops de crédito está associada à evolução das soluções de acesso e relacionamentos digitais. “Ocupamos espaços deixados por outros atores do mercado. Não deixamos de assistir nenhuma comunidade pequena ou economicamente menos atrativa. Nosso modelo de negócios, inclusive, converge para a proximidade e forte engajamento comunitário”.

Ainda segundo o diretor, com a Lei Complementar 196/22, promulgada recentemente para atualizar as regras de atuação do Sistema Nacional do Cooperativismo de Crédito (SNCC), outros efeitos benéficos para o setor também ficarão acentuados. “Com investimentos tecnológicos vamos incorporar oportunidades ao nosso portfólio operacional, ampliar plataformas, melhorar processos e aprimorar informações gerenciais que vão nos direcionar para novas ações comerciais”.

Romeo Balzan, superintendente da Fundação Sicredi, destaca que oferecer acesso aos serviços financeiros para as comunidades faz parte do objetivo social do cooperativismo. “Abrir novos postos de atendimento significa levar a mais pessoas estes serviços que antes não eram oferecidos. A presença física gera conexão com a comunidade, oportunizando conhecer melhor as necessidades de cada pessoa. Nosso catálogo de serviços não é o fim do nosso modelo, é instrumento para levarmos desenvolvimento econômico para os associados, suas famílias e comunidades em geral”.

Segurança

Toda Nação deve garantir, em uma rede de segurança, o zelo com os recursos da população. No cooperativismo não é diferente. Com o Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCoop), os associados têm a certeza de que seu dinheiro está protegido. Se algo sair diferente do combinado (como insucesso da instituição), o FGCoop garante o recebimento de até R$ 250 mil, por CPF ou CNPJ, no mesmo limite e condições do fundo de garantia dos bancos (FGC).

Destaque no SFN

O SNCC integra o Sistema Financeiro Nacional (SFN) com seus serviços de crédito, depósitos, empréstimos, poupança, cartões, seguros, previdência privada e consórcios. Dados do Banco Central do Brasil (BCB), de 2020, indicam que o crescimento do crédito do SNCC foi maior que o do Sistema Financeiro Nacional nos últimos quatro anos. Em 2020, o crescimento anual da carteira de crédito do SNCC atingiu 35% ao final do ano, contra 15% do SFN. Em outro dado, os depósitos do SNCC aumentaram 42,4% no ano, enquanto no SFN (sem o SNCC) o crescimento foi de 25,7%.

Segundo estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), as cidades brasileiras com presença de cooperativas de crédito possuem incremento no Produto Interno Bruto (PIB) per capita de 5,6%, com a criação de 6,2% a mais de empregos e aumento de 15,7% no número de estabelecimentos comerciais. O estudo aponta ainda que a cada R$ 1,00 concedido em crédito pelas cooperativas são gerados R$ 2,45 no PIB local.

Mundo

O WOCCU representa, em 118 países, 375 milhões de associados em 86 mil cooperativas do ramo crédito. Dados do Conselho, de 2020, evidenciam que há 1,4 milhão de pessoas que não possuem conta bancária, considerando a população com idade economicamente ativa. Segundo a presidente e CEO da instituição, Elissa McCarter LaBorde, o tema Empodere seu futuro financeiro com uma cooperativa de crédito quer estimularmais pessoas a conquistarem a independência e o bem-estar.

“As cooperativas de crédito realmente têm o modelo de negócios perfeito para impulsionar seu futuro financeiro. Assim, o tema não poderia ser mais oportuno. Esperamos que todo o nosso movimento global celebre e promova essa mensagem na quinta-feira, 20 de outubro”, convida Elissa.


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