Cooperativas são campeãs em exportações: descubra em quais setores

Do Brasil para várias partes do mundo. Os produtos das cooperativas brasileiras estão atravessando fronteiras e marcando presença em diferentes continentes. Ásia, Europa e América do Norte aparecem entre os principais mercados consumidores dos produtos coop. E as cooperativas agro é que dominam a pauta exportadora do cooperativismo.

A qualidade da marca coop está chegando em lugares como China, Alemanha, Estados Unidos, Países Baixos e Japão. Para mostrar a representatividade das exportações das cooperativas, fizemos um recorte das vendas registradas por coops que contam com o apoio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), 207 no total.

Acordo de Cooperação – Esta assessoria faz parte de um acordo de cooperação entre o Sistema OCB e a ApexBrasil para promover os produtos do cooperativismo brasileiro internacionalmente. Uma parceria firmada em 2020 e renovada em 2023. A realização de rodadas de negócios também faz parte deste trabalho, e já tem uma nova edição marcada para maio, oportunidades interessantes de negociação entre coops e potenciais compradores. (veja mais no tópico PEIEX Coop)

“Cada vez mais, as cooperativas ganham eficiência no processo de produção com qualificação e investimento em inovação e práticas sustentáveis. Estes são, com certeza, fatores importantes, que têm contribuído para que os produtos cooperativistas cheguem a novos países. E o trabalho feito com a ApexBrasil nos ajuda na missão de abrir novos caminhos para o cooperativismo no mercado exterior”, comenta o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.  

Exportações das cooperativas em 2023

Só no último ano, esse grupo de cooperativas contabilizou US$ 8,4 bilhões em exportações diretas, sem contar os valores registrados via comerciais exportadoras. São produtos vendidos in natura e, também, com maior valor agregado. Em segmentos específicos, por exemplo, as coops também tiveram uma participação significativa no total exportado pelo Brasil.

Nas vendas de leite condensado, o setor cooperativista respondeu por 71% das vendas nacionais. Os números fazem parte da atualização do Anuário do Cooperativismo Brasileiro (Anuário Coop), cuja nova edição deve ser divulgada ainda no primeiro semestre. 

2022 – Já em 2022, as negociações somaram US$ 7,3 bilhões, segundo dados do Anuário Coop 2023. Deste total, China, Alemanha, Estados Unidos, Países Baixos e Japão, os quatro países citados logo no início do texto, responderam por quase metade das negociações – US$ 3,5 bilhões.

 

 

Principais destinos dos produtos com a marca coop

*China – US$ 1,6 bilhão

*Alemanha – US$ 576,9 milhões

*Estados Unidos – US$ 563,8 milhões

*Países Baixos – US$ 426,9 milhões

*Japão – US$ 401,3 milhões

 

Sabia que essas mesmas coops foram responsáveis por 2,2 % de tudo que foi vendido pelo Brasil ao exterior em 2022? Naquele ano, as exportações do país chegaram a US$ 335 bilhões, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. E quando olhamos para os embarques do agronegócio brasileiro, a participação cooperativista é ainda maior. Em 2022, 6,8% das vendas do país contabilizaram US$ 75,1 bilhões e foram feitas por cooperativas.

Produtos em destaque nas vendas ao exterior 
Agora vamos falar dos produtos que responderam pela maior parte da pauta de exportação das cooperativas no mesmo período. O segmento de proteína animal é o que rendeu maior retorno financeiro às coops, totalizando US$ 3,6 milhões, valor dividido entre as exportações de carnes de aves e carne suína. Na sequência, aparece o café não torrado, seguido por dois produtos derivados da soja – óleo de soja e soja triturada.

 

 Top 5 produtos exportados pelas cooperativas (milhões US$)

*Carnes de aves – US$ 2.262

*Café não torrado – US$ 1.656

*Carne suína – US$ 841

*Óleo de soja – US$ 755
*Soja triturada – US$ 577   

 

E nas exportações brasileiras – O assunto ainda é produto, mas agora olhando para a participação das cooperativas nas exportações do Brasil. Reunimos os produtos com maior contribuição coop nos embarques nacionais para outros países. Diferentes tipos de cortes de carne suína aparecem entre os destaques. Suco de uva e carnes de aves também estão na pauta com percentuais interessantes.

 

 Participação de destaque do cooperativismo (milhões US$)

*Toucinho suíno – 86,2%

*Suco de uva – 63,3%

*Miúdos de suínos – 51,3%

*Pedaços de suínos – 43,7%

*Conservas de aves – 34,2%     

 

Estados com maior percentual de cooperativas exportadoras 
E onde estão as cooperativas que mais exportam no país? Nessa amostra com 207 coops que estão levando seus produtos para outros lugares no mundo, cerca de 64% delas estão concentradas no eixo Sul – Sudeste do país. Nesta ordem, os estados que mais se destacam são: Paraná, Minas Gerais e Santa Catarina. Juntos, eles contabilizam US$ 6,5 bilhões do total exportado pelas coops.

E olha só que interessante: segundo o Anuário Coop 2023, os municípios que contavam com a presença de cooperativas apresentavam um acréscimo médio de US$ 344 por habitante nas exportações. 

 

 UFs que lideram as exportações do coop

*Paraná – US$ 3,3 bilhões (44,8%)

*Minas Gerais – US$ 1,8 bilhão (20,8%)

*Santa Catarina – US$ 1,4 bilhão (18,9%) 

 

Qualificação das cooperativas para exportação
Uma das missões do Sistema OCB é apoiar as cooperativas na conquista de novos mercados, tanto dentro do Brasil quanto em outros países. Uma das maneiras de fazer isso acontecer é pelo relacionamento institucional e pela atuação conjunta com organizações públicas e privadas, no cenário nacional e internacional.

Nesse sentido, destacamos a parceria estratégica do Sistema OCB com a ApexBrasil, que ganhou ainda mais força em 2020, com a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica. O termo foi renovado em 2023 para uma segunda edição, com vigência até 2025. Em destaque neste novo período: o fomento a iniciativas que promovam a igualdade de gênero ou que tenham foco em produtos da biodiversidade amazônica e do Cerrado

E no escopo do acordo, está o PEIEX Coop – Programa de Qualificação para Exportação com foco no cooperativismo, uma metodologia desenvolvida pela agência, que passou a fazer parte das ações com as cooperativas em 2021.

Objetivo – A ideia é preparar as coops para a prospecção de negócios no mercado internacional. E os resultados mostram que investir em conhecimento, gestão e planejamento aumenta e muito a competitividade das cooperativas. Somando a esse processo de capacitação, participações em missões e feiras internacionais, com a oportunidade de realização de rodadas de negócios, abrem novas portas para os produtos coop em outros países.

Como funciona o PEIEX Coop?
A cada ciclo, é ofertado um número de vagas para qualificação das cooperativas, que podem procurar as organizações estaduais do Sistema OCB e manifestar o interesse em participar do programa. As ações de capacitação têm uma duração média de 4 meses.  Mais de 50 cooperativas já foram beneficiadas diretamente pelo PEIEX Coop. Destas, 14 já concluíram o programa e 37 estão avançando em seus planejamentos e devem finalizar seus planos de exportação até agosto deste ano. 

A proposta, segundo a coordenadora de negócios do Sistema OCB, Pamella Lima, é estimular as cooperativas a iniciarem o processo de exportação, preferencialmente de forma direta. “A ideia é que elas estejam preparadas para exportar sem precisar da  intermediação de traders,  o que as coloca em uma posição mais vantajosa para obter lucros. O programa desenvolve conhecimentos internos nas cooperativas, capacitando-as a atuar de forma autônoma no comércio internacional”, destaca.

>> Com isso, as cooperativas não apenas aumentam sua capacidade exportadora, mas também aprimoram seus aspectos gerenciais internos, tornando-se mais competitivas no mercado nacional e aptas para o mercado internacional. 

*Atendimento personalizado – As cooperativas selecionadas recebem uma consultoria online individualizada, realmente personalizada, com a orientação de especialistas em comércio exterior. Esses profissionais acompanham as coops em todas as etapas do processo de exportação. A ideia é, por meio de entrevistas e diagnósticos, avaliar desafios e oportunidades, considerando os produtos de cada cooperativa e os mercados em potencial.

*Planejamento estratégico – Feito isso, é hora de pensar em estratégias e ações operacionais, com tempo para realização de cada um delas e metas a serem atingidas. Passos importantes para começar, de fato, a exportar. Antes do plano de exportação, é iniciado um plano de trabalho, que inclui um diagnóstico com 28 tópicos de capacitação, momento em que a cooperativa seleciona um produto para exportação e define um mercado (exemplo: Alemanha).

*Promoção Internacional – Depois de tudo pronto, é hora de fazer contatos estratégicos com potenciais parceiros comerciais. Isso acontece na fase de promoção internacional. Pensando em expandir sua atuação para novos mercados, as cooperativas terão a oportunidade de participar de eventos internacionais, como feiras e missões, além de rodadas de negócios. E para apresentarem seus produtos e diferenciais, é importante que as coops tenham materiais de divulgação atualizados para diferentes idiomas, como inglês, espanhol e português.

Reserva de vagas – Para participar dessas iniciativas, as cooperativas também contam com o apoio da ApexBrasil, a partir da parceria com o Sistema OCB. "São reservadas vagas para as coops que têm interesse em se capacitar para compreender o processo de exportação, 11% do total disponibilizado pela agência em suas ações de promoção comercial.

Rodada de negócios – A partir do Acordo de Cooperação firmado entre o Sistema OCB e a ApexBrasil, as cooperativas brasileiras também têm a oportunidade de participar de negociações com representantes comerciais de vários lugares do mundo. Desde 2020, já foram realizadas duas edições, no formato online, totalizando US$ 3,9 milhões em negociações. E já tem uma nova rodada agendada para os dias 16 e 17 de maio, desta vez presencial, na sede da agência, em Brasília (DF). Serão 30 coops e 10 compradores internacionais interessados na comercialização de alimentos e bebidas. Trata-se do Exporta Mais Brasil Cooperativas.  

Rumo a Portugal
E o que pensam as cooperativas sobre o PEIEX Coop e seus resultados? Nós conversamos com o presidente do Conselho de Administração da Cooperativa dos Produtores de Orgânicos do Vale do Jaguaribe (Optar Orgânicos), José Arcino. Falamos sobre a participação da coop cearense no programa e as perspectivas para um futuro próximo. Depois de passar por todas as etapas de qualificação, contando com o apoio da ApexBrasil e do Sistema OCB, a Optar Orgânicos fechou um plano estratégico de exportação priorizando inicialmente a acerola, com destino ao mercado europeu, em especial Portugal.

Agora, a cooperativa está em busca de linhas de fomento para investir em uma unidade de beneficiamento. “Nosso objetivo é agregar valor à produção. Podemos trabalhar, por exemplo, com suco ou concentrado de acerola. Isso aumenta a nossa pauta para exportação. A ideia é investirmos nisso para, depois, iniciar a comercialização internacional, começando por Portugal, conforme definimos no plano de negócios. A nossa intenção é começar a exportar, efetivamente, em 2025”,  comenta. 

PEIEX Coop – E nesse sentido, José Arcino destaca: “Participar do PEIEX Coop foi fundamental. Tivemos apoio em todo o processo e conseguimos entender bem o que é preciso para começar a exportar, quais são as exigências de cada país e os fatores que temos de considerar na hora de buscar um novo mercado. Isso faz toda a diferença na hora de negociar”, diz.  

Optar Orgânicos – A cooperativa foi fundada em 2019, em Russas, uma cidade localizada no interior do Ceará, e conta hoje com 36 cooperados. Além da acerola, que é o carro-chefe da produção, os associados trabalham também com coco e açaí. 

 

Serviço:

Se a sua cooperativa ainda não exporta ou quer potencializar as vendas no exterior, nós temos outra dica interessante para você. No site NegóciosCoop, reunimos conteúdos especializados sobre inteligência de mercado, estratégias comerciais, inovação, tendências, comportamento do consumidor e muito mais. Acesse agora e confira. 

Consumidor consciente compra de cooperativas

O que o novo  consumidor leva em conta na hora de fazer uma compra? E você? Na hora de escolher um produto ou serviço, o que avalia além da qualidade e do preço? Estudos indicam que o novo consumidor quer fazer a diferença no mundo. Justamente por isso, ele está olhando com carinho para marcas que têm um verdadeiro compromisso com as pessoas e com a sustentabilidade. 

Para eles, mais do que preço, é importante saber a origem do produto, o material utilizado na produção, se a empresa tem ações voltadas para a diversidade e a inclusão e também se a empresa impacta positivamente a comunidade onde atua. 

Pensando em te ajudar a entender melhor o perfil do consumidor do futuro, explicamos as 6 principais tendências de consumo para 2024.  Segue o fio!   

1. Confiança é prioridade para o novo consumidor

Essa é uma das tendências apontadas por especialistas no assunto. A gente já sabe que o  consumidor moderno valoriza o fator “confiança”, e esse processo deve ganhar ainda mais força. Para se ter ideia, em 2023,  52% dos consumidores compraram apenas de empresas e marcas em que confiavam plenamente. Essa informação é do Top Global Consumer Trends 2024, um relatório da Euromonitor

Para o novo consumidor, uma conexão realmente verdadeira e duradoura só se estabelece a partir da confiança. E para chegar a esse ponto, ele tem que ver valor no que a marca fala e faz, diferenciais e coerência são fundamentais. Aqui vale um destaque: nesse quesito, as coops têm uma vantagem. Para elas, confiança é um ativo no mercado. Elas são referência nesse assunto e estão totalmente alinhadas com as buscas do novo consumidor. Uma oportunidade e tanto para conhecê-las e colocá-las na sua lista de marcas favoritas, fica a dica.  

Diferenciais coop – Além da qualidade dos seus produtos e serviços, as cooperativas trazem diferenciais de um modelo de negócios que tem, naturalmente, um olhar para questões importantes, como: sustentabilidade, diversidade, inclusão, transparência e atendimento ao cliente. Existe, portanto, um mercado potencial para as coops e, ao mesmo tempo, oportunidades interessantes para os consumidores.

2. Visão otimista sobre o futuro, mas com cautela no presente

Como está o seu sentimento em relação ao futuro? Sabia que um estudo da MicKinsey, empresa especializada em projeção de cenários, revelou que o consumidor brasileiro está mais otimista e confiante quanto ao futuro? E mais, esse sentimento positivo pode influenciar também nas suas decisões de compra. De agosto de 2022 a março de 2023, quando foi realizada a pesquisa, o índice chegou a 43%, o maior desde 2016. Isso quer dizer que o otimismo está em alta mesmo! 

Mas calma, quando se fala em presente, o sentimento já é mais de cautela. Sabe por quê? O consumidor quer gastar menos, economizar e, ao mesmo tempo, fazer boas compras. Um movimento que já vem de antes, e a perspectiva é de que se estenda para os próximos meses. Quando o estudo foi realizado, nove em cada dez brasileiros já estavam buscando formas de reduzir os gastos em diferentes categorias.  

E as negociações no momento das compras também estarão em alta. O objetivo é fechar bons negócios, segundo relatório da Euromonitor. Afinal, quem não quer diminuir os custos e, ainda, ficar feliz com uma boa compra, não é mesmo? O levantamento mostra que o consumidor, que ele chama neste caso de “hacker de valor”, estará mais seletivo. Um percentual de 44% planeja economizar mais dinheiro este ano. Então já viu: o caminho vai ser ajustar a mentalidade financeira e o orçamento às necessidades e aos desejos. Se vai ser uma tarefa fácil, só o tempo vai dizer, mas, com esses indicativos, já dá para ficar, no mínimo, mais reflexivo.    

>>> Valor – O que está em jogo aqui não é só a redução de gastos, claro. Por isso, na hora de comprar, outras questões importantes também serão levadas em conta. O consumidor vai procurar por marcas que estejam, de alguma forma, alinhadas aos seus princípios e a experiências anteriores. E na verdade, essa percepção pode até mesmo variar de uma geração para outra ou dentro de uma mesma faixa etária. É um ponto para ser observado.

Dica de ouro
Não sei se você já comprou um produto ou serviço de cooperativa, mas vale a pena conferir, porque as coops têm um senso de responsabilidade social e ambiental muito forte. E elas fazem questão de colocar isso em prática em todos os seus processos, inclusive na produção. 

Essa também é uma dica boa para as próprias cooperativas. Mostrar esse tipo de diferencial nas suas campanhas de comunicação pode também ajudar o consumidor no momento de decidir por uma marca ou outra. E como as coops têm mesmo um jeito diferente de atuar, de fazer negócios, não vai dar outra, elas vão chegar no topo da lista do consumidor brasileiro, isso se já não estiverem lá.
    
3. Escolhas mais conscientes e sustentáveis

A gente comentou há pouco que o consumidor vai cuidar do orçamento em 2024 e nos próximos anos, mas também vai ficar de olho em outras frentes que ele considera relevantes. Pois é, as tendências mostram que fazer escolhas mais conscientes, como o consumo sustentável e a preferência por produtos locais, também estará em destaque. Olha só outro fator positivo para quem é consumidor e, também, para as coops. 

Para você, a valorização da produção e do comércio local continuam sendo fatores de peso na hora de comprar? E a sustentabilidade? Esses são pontos que também aparecem fortes nos estudos sobre tendências. As pautas que fazem parte da Agenda ESG (Ambiental, Social e Governança – tradução da sigla em inglês) são um exemplo, segundo o relatório Ipsos Flair Brasil 2024

Os consumidores querem que as organizações avancem na agenda sustentável e compartilhem o que estão fazendo, de forma transparente e com seriedade. Sabia que as coops contribuem de forma direta para o crescimento das comunidades onde estão presentes, além de somar para o desenvolvimento de todo o país? As cooperativas já trazem na sua essência um olhar atento para essas questões e querem adotar cada vez mais práticas sustentáveis e responsáveis em seus processos de produção, de gestão e de governança.

De olho na origem – E aí, consumidor, saber sobre a origem dos produtos é um ponto importante quando você vai fazer uma nova compra? Você faz questão de saber como acontece o processo produtivo, qual material é utilizado, se tem impacto para o meio ambiente e para a comunidade? Pois fique sabendo que em 2024 cada vez mais pessoas vão considerar esses fatores na hora de decidir por um item ou outro. Então, com certeza, esse é um ponto de atenção para diferentes marcas que estão no mercado. Os certificados de procedência, por exemplo, irão contribuir para valorizar os produtos, e as coops têm investido muito nisso.

4. Consumidores querem fazer a diferença

Saber que você ajudou a preservar o meio ambiente e a trazer impactos positivos para a sociedade traz um sentimento de satisfação, não é? De acordo com o estudo da Euromonitor, mais de 60% dos consumidores se esforçaram para isso em 2023 na hora de comprar algo novo, e a tendência é de que esse movimento cresça ainda mais este ano. (Top Global Consumer Trends 2024

O consumidor quer mesmo é fazer a diferença no mundo. Tanto é que o relatório indica que esse olhar direcionado para a sustentabilidade pode ser visto de diferentes maneiras, como na escolha por uma energia limpa. De acordo com a Forbes, “as energias renováveis estão prestes a ultrapassar um terço da geração global de energia em 2024. Essa conquista histórica, impulsionada pelo crescimento sem precedentes de energia solar e eólica, marca um ponto de virada na luta contra as mudanças climáticas”. 

Reutilizar para não gerar mais impactos
E se o objetivo é impactar positivamente, evitar o descarte incorreto de produtos na natureza, mais do que nunca, terá a atenção dos consumidores. Portanto, atitudes que fomentem a economia circular continuarão na lista de prioridades. Reutilizar, reciclar e fazer reparos no lugar de comprar novos produtos. Essa é a proposta. Ponto positivo para a prática da logística reserva e do reaproveitamento de materiais. E nesse campo também têm destaque para o cooperativismo. As coops de reciclagem fazem um trabalho importante nesse sentido, elas são um pilar fundamental para a coleta e o reaproveitamento dos resíduos sólidos que retornam ao ciclo produtivo.

5. Tecnologia para facilitar, mas sem perder o contato humano 

Que o mundo está cada vez mais conectado, isso é fato. E o reflexo dos avanços tecnológicos podem ser vistos também na jornada do cliente, desde o processo de pesquisa até o momento da compra. Certamente você já utilizou algum tipo de recurso dessa natureza para te ajudar. E a ideia é essa mesmo, mas em um processo de mão dupla, que seja interessante para os consumidores e as marcas ao mesmo tempo.

>>> Assim fica bom para todo mundo: usar a tecnologia, inclusive ferramentas da inteligência artificial (IA), mas sem perder a conexão humana. Um atendimento próximo e personalizado faz toda a diferença, e nas coops isso é prioridade. As pesquisas confirmam exatamente esse movimento. De acordo com o relatório Top Global Consumer Trends 2024, mais de 40% dos consumidores se sentiriam confortáveis em receber uma recomendação feita por assistentes de voz. Mas, ao mesmo tempo, não sentiriam o mesmo no caso de respostas a perguntas mais complexas via chatbot. Agora um alerta: é preciso cuidar da segurança no uso de dados, seguindo a legislação sobre o tema, a LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais.  

6. Histórias que conectam 

Quem não gosta de ouvir boas histórias e de recordar boas memórias. Essa tradição, que muitos herdaram dos avós, pode render ótimas conversas e, também, novas conexões entre os consumidores e as marcas. De tradição, passou a ser uma técnica  usada de diferentes maneiras e em vários segmentos, e a perspectiva é de que ela seja cada vez mais utilizada. Nós estamos falando do  storytelling

Segundo aponta o relatório Ipsos Flair Brasil 2024, os consumidores estão mais abertos e querem construir um relacionamento mais forte e emocional com as marcas. E por aí, como está esse processo? Com quais marcas você deseja se conectar ou fortalecer os laços em 2024?

>>> Influenciando positivamente - E não para por aí, essas histórias também podem ser contadas a partir de parcerias entre marcas e influenciadores. Para isso, é fundamental identificar pessoas que realmente tenham conexão com os valores da empresa ou, no nosso caso, da cooperativa. Os jovens da Geração Z, por exemplo, sempre buscam por dicas dessa maneira. E utilizar os canais digitais também pode ser uma boa, com destaque para as mídias sociais. 

 

 Carimbo SomosCoop
A dica que vamos compartilhar agora vai diretamente para quem deseja se conectar a marcas sustentáveis, socialmente justas e ambientalmente corretas. Esse recado é para você, consumidor, que considera todos esses fatores na hora de fazer uma pesquisa e decidir comprar algo novo. Tudo isso, você encontra nos produtos e serviços das cooperativas, como comentamos em alguns momentos do texto, mas agora você vai saber como identificá-los. É só procurar pelo carimbo SomosCoop

Sabe o que isso significa na prática? Você estará adquirindo um produto ou serviço de pessoas que se uniram para trabalhar juntas e ganhar mais força no mercado, ganhando em escala e competitividade. As coops têm como base um modelo de negócios que faz questão de promover, ao mesmo tempo, desenvolvimento econômico e inclusão social. E o cuidado com o meio ambiente também está entre as pautas prioritárias das cooperativas. O cooperativismo traz impactos positivos para todos - para quem produz, para quem vende, para quem trabalha e para quem consome. Então fique de olho e procure sempre pelo carimbo SomosCoop.  

Três cooperativas inovadoras que você precisa conhecer

Quando o assunto é inovação, as cooperativas brasileiras têm lugar de destaque no cenário nacional, com premiações, reconhecimentos  e, claro, desenvolvimento de soluções que melhoram a competitividade dos negócios coop e a vida dos 20,4 milhões de cooperados

Para 84% das cooperativas do país, inovar é um tema considerado muito importante, e 79% já têm a inovação em seus planejamentos estratégicos, segundo levantamento feito em 2024, com 1.001 cooperativas, pelo  Sistema OCB – entidade que representa o cooperativismo no Brasil. 

“No cooperativismo, a inovação tem um papel fundamental: gerar valor e resultados fazendo com que todo o impacto econômico e social que este modelo de negócio representa chegue a mais pessoas, em todos os ramos em que elas atuam”, afirma o gerente de Inteligência e Inovação do Sistema OCB, Guilherme Costa. 

As coops têm apostado em inovação tanto internamente, com investimentos, criação de laboratórios e melhoria da gestão; quanto na inovação aberta, em conexão com outras instituições, entre elas as startups, as jovens empresas de base tecnológica. 

De acordo com a nova pesquisa do Sistema OCB, 53% das cooperativas inovam no atendimento ao cliente, 53% no marketing e na comunicação externa, 48% em tecnologia e 43% na parte comercial. 

Com cooperativas de todos tamanhos, em vários setores da economia e espalhadas pelo Brasil – 4.693 no total – o grau de inovação no segmento cooperativista também é diverso. De um lado, há coops estão começando a desenvolver programas de estímulo a novas ideias e definindo as fontes de recursos  para inovar. Na outra ponta, estão as cooperativas que são referência em inovação, com iniciativas de impacto e resultados que têm transformado seus negócios. 

Conheça algumas delas:

Unimed-BH: atendimento à saúde na era dos dados

Com mais de 1,5 milhão de clientes, a Unimed-BH tem levado a inovação no setor de saúde a um novo patamar, com soluções que combinam tecnologia e valorização das pessoas para melhorar o atendimento. A coop mineira tem inovações utilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e há três anos consecutivos aparece no top 3 do Prêmio Valor Inovação Brasil na categoria e Seguradoras e Planos de Saúde. 

“No setor de saúde, a inovação é uma constante. É um dos setores em que o ritmo de lançamento de novas tecnologias está cada vez mais acelerado e a transformação digital tem se intensificado, sobretudo após a pandemia, quando os atendimentos em formato digital ganharam escala”, explica o diretor-presidente da Unimed-BH, Frederico Peret. 

Mais que uma aposta tecnológica, a estratégia da Unimed-BH para a área de inovação tem uma abordagem integrada, com atuação centrada no cliente, orientada por dados e com foco na sustentabilidade. “O objetivo é responder aos desafios conectados às jornadas do cooperado e do cliente com inovações cada vez mais focadas em saúde digital, autosserviços, inteligência artificial, novas soluções para atendimento médico e criação de novos negócios”, lista Peret

Entre as inovações que levaram a Unimed-BH a se tornar referência no setor, estão o aplicativo da cooperativa, em que os clientes podem acessar dados e documentos de saúde de maneira centralizada; e o modelo de telemedicina, criado em 2020, no começo de pandemia de Covid-19. 

Com uma  plataforma digital própria de teleconsulta, os médicos cooperados realizavam atendimentos à distância durante o período de isolamento. O serviço foi tão bem sucedido que continua em funcionamento até hoje com atendimento online 24 horas. Desde o lançamento, a central já realizou mais de 1,3 milhão de consultas. Além disso, a plataforma passou a ser utilizada pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte para atendimentos de pacientes do SUS. 

Agora, a Unimed-BH tem investido em estratégias baseadas no conceito “fígital”, que combina os ambientes físico e digital para melhorar a atenção à saúde. Na prática, os serviços tecnológicos são sempre aliados à possibilidade de atendimento humano. Além disso, a cooperativa aposta em recursos digitais que facilitem as condições de trabalho dos médicos para que eles possam se dedicar ao cuidado com os pacientes. 

“Diferentemente de outros setores, em que há espaço para que a tecnologia substitua totalmente o atendimento humano, a saúde evolui a partir da prática do cuidado que, por sua vez, se enriquece com o conhecimento humano, que é algo único. A Unimed-BH tem se consolidado como uma das empresas de saúde no Brasil que mais investe na criação de modelos de inteligência artificial, em telemedicina e no uso de robôs para interação com clientes e médicos”, afirma Peret.

Com um centro de inovação em funcionamento há quase dez anos, a Unimed-BH também mantém conexões com startups, universidades e grandes empresas de tecnologia para seguir na vanguarda da transformação do setor de saúde. 

No mapa da inovação da coop mineira, o destaque da vez é o uso de dados para desenvolvimento de modelos de Inteligência Artificial para a saúde – já são 29 em operação. Além disso, a Unimed-BH criou um estúdio de novos negócios, a Horizontes Studio, para comercializar produtos digitais desenvolvidos com a expertise da cooperativa, como apps e plataformas. 

Sistema Ailos: tecnologia para inclusão financeira

Como ser inovador em um segmento em que a transformação digital é constante como o setor financeiro? A resposta do Ailos, um sistema de cooperativas de crédito criado em Santa Catarina, foi bem cooperativista: investindo em pessoas. 

Em 2017, quando o tema inovação entrou no radar do Ailos, o sistema cooperativista decidiu formar um time para trabalhar exclusivamente com o assunto e criou o Laboratório de Inovação (Lab).

A equipe multidisciplinar reúne profissionais de diferentes áreas e tem a missão de desenhar a estratégia e executar os programas de inovação do Ailos. O Lab atua na inovação corporativa, estimulando uma cultura de inovação nas cooperativas de crédito do sistema e capacitando os colaboradores com competências para inovar; na inovação aberta, em conexão com ecossistemas de inovação externos para gerar novos negócios;  e na experimentação de ferramentas inovadoras antes do lançamento dos novos produtos e serviços. 

“Um dos objetivos estratégicos do Sistema Ailos é construir uma inovação sólida e recorrente, o que exige a conexão com negócio, cruzando as oportunidades do mercado com o futuro desejado. Cada ação que realizamos, cada experimento que testamos e cada conexão que fazemos, visa agregar significado às vidas dos colaboradores e cooperados, fortalecendo as comunidades e melhorando cada vez mais sua experiência”, explica a gerente de Inovação da Central Ailos, Paula Thais Cardozo.

O resultado desse investimento consistente são soluções que têm transformado o atendimento aos cooperados e consolidado as cooperativas Ailos entre as mais inovadoras do segmento.  Os 1,6 milhão de cooperados do sistema têm acesso a aplicativos de gestão financeira com base em dados; atendimento virtual com IA generativa para tornar as respostas mais eficientes; e sistemas que permitem a liberação de crédito direto nos estabelecimentos comerciais onde estão realizando uma compra. 

Em outras frentes de inovação, o Ailos criou um marketplace cooperativista, em que os cooperados podem vender seus produtos sem as taxas adicionais cobradas em outras plataformas; e o Ailos Pix Crédito, que viabiliza o pagamento parcelado com Pix. 

“Além disso, estamos envolvidos no Piloto do DREX [Real Digital] com o consórcio de cooperativas FSCoop, acompanhando a tokenização da moeda e dos ativos, criando novos modelos de atendimento do futuro e buscando soluções voltadas a entrega de valor ao público Pessoa Júridica”, lista a Paula. 

Em 2023, pelo segundo ano consecutivo, o Ailos conquistou o Top 5 na categoria Serviços Financeiros do Ranking 100 Open Corps 2023, considerado o principal reconhecimento de inovação aberta no setor corporativo da América Latina. 

Para ajudar a implantar um ecossistema de inovação que vá além das cooperativas do sistema, o time da Ailos criou o Toolkit de Inovação, um portal aberto ao público com 24 métodos para inovar disponíveis gratuitamente. “O objetivo é inspirar uma nova forma de trabalho, mostrando como inovar pode ser simples quando se usam métodos de forma criativa”, explica a gestora. 

Lar Cooperativa Agroindustrial: chuva de ideias

Orgulhosa de ser a cooperativa que mais emprega no Brasil, com 23,5 mil colaboradores, a Lar Cooperativa Agroindustrial faz questão de incluir todos eles na criação de novos e produtos e processos que melhorem a competitividade e os resultados. 

Desde 2016, a segunda maior cooperativa do Paraná, e uma das maiores do ramo agropecuário no Brasil, tem um programa de inovação estruturado em seis áreas, entre elas educação corporativa, recursos financeiros e transformação digital. 

Um dos focos da Lar é criar uma cultura de inovação cooperativista e incentivar novas ideias e projetos em todos os setores da coop. Para garantir o engajamento dos colaboradores, a cooperativa criou o Programa de Ideias, que reconhece iniciativas inovadoras com prêmios em dinheiro. 

“Na Lar acreditamos que a inovação é sobre pessoas. Para além de adotarmos tecnologias e equipamentos de ponta para melhorarmos nossa produtividade, entendemos que a criação de uma cultura da inovação é o que fará com que a cooperativa se mantenha perene, moderna, melhorando continuamente. São as pessoas, que estão no dia a dia em seus postos de trabalho, os melhores consultores para nos dizer onde estão as oportunidades de melhoria, de inovação em processos e também em produtos”, explica o superintendente administrativo e financeiro da Lar, Clédio Marschall. 

Em 2023, mais de 1,5 mil ideias foram inscritas no programa, com potencial de fazer a cooperativa economizar cerca de R$34 milhões em processos administrativos e industriais. Para se ter uma ideia da evolução da iniciativa nos últimos anos, em 2016, o programa recebeu 223 ideias. 

“Metade dos inscritos em 2023 participaram pela primeira vez nesta edição. Isso significa que estamos gerando cultura de inovação.  E o sentimento de pertencimento vai contagiando outras pessoas que também querem participar, o que tem transformado a Lar num celeiro de boas ideias com excelentes resultados”, avalia Marschall. 

Entre as ideias vencedoras da edição mais recente, estão inovações simples, mas com impactos significativos para a cooperativa. Um dos exemplos foi a substituição de embalagens de papelão para os ovos – que eram compradas de fornecedores e descartadas após o uso – por um sistema automatizado de armazenagem e transporte, em que os suportes são reutilizáveis, dando mais agilidade ao processo e reduzindo custos. 

A chuva de ideias do Programa de Inovação também resultou em projetos para redução do uso de energia elétrica na captação de água; otimização do processo de pesagem na formulação de rações; novo manejo para melhor produtividade de leitões; redução da mão de obra no processo de recuperação de grãos de soja em vagem verde, entre outras. Mais de R$100 mil em prêmios foram distribuídos entre os colaboradores que apresentaram as inovações. 

Além de fomentar a inovação internamente, a Lar também aposta em parcerias para inovar e tem programas consolidados de apoio a instituições de pesquisa e conexões com startups para buscar soluções tecnológicas para desafios da produção no campo e na agroindústria. 

A coop paranaense coleciona reconhecimentos por sua política de inovação, como os títulos de 1ª Cooperativa em inovação no Brasil; 6ª entre as empresas mais inovadoras do Agronegócio Nacional e 124ª Empresa mais inovadora do Brasil, segundo o ranking do Prêmio Valor Inovação Brasil 2021. 

“Começamos pequenos, mas a inovação feita pelas pessoas tem nos surpreendido a cada ano com ótimos resultados tanto para a cooperativa quanto para os funcionários, o que nos dá a segurança de que estamos trilhando um bom caminho”, pondera Marschall. 

Startups cooperativas: inovação com jeito cooperativista de fazer negócios

Cooperativas também podem ser startups? A resposta é sim, e esse tipo de empreendimento já tem até nome: cooptech. Mistura das palavras cooperativa e technology (tecnologia, em inglês), o termo se refere a cooperativas que nascem com os genes das startups, as jovens empresas com alto grau de escalabilidade dos negócios, que ganharam popularidade no começo dos anos 2000.

As startups desenvolvem soluções inovadoras utilizando a tecnologia como ferramenta principal, por isso ganham nomes que combinam os setores aos quais se dedicam com o sufixo tech, como as famosas as fintechs, startups ligadas ao setor financeiro; e as novíssimas greentechs, que se dedicam à inovações sustentáveis.

No caso das cooptechs, são cooperativas formadas para atuação em negócios inovadores e ligados ao universo digital, como desenvolvimento de softwares, de games, bancos de dados, consultoria em Inteligência Artificial, entre outras áreas. 

“O conceito é novo e ainda não há uma definição oficial, mas a ideia de cooptechs já mostra como o cooperativismo é inovador na sua essência e se adapta à realidade do nosso tempo. Podemos dizer que uma cooptech junta o melhor do mundo da inovação com um modelo de negócio justo, com foco nas pessoas, gestão democrática e impacto social”, afirma o gerente do Núcleo de Inteligência e Inovação do Sistema OCB, Guilherme Costa.

Do ponto de vista formal, o Marco Legal das Startups — lei que regulamenta o setor no Brasil — inclui as cooperativas entre os tipos de sociedades jurídicas habilitadas a serem consideradas startups, junto com as empresas tradicionais. Em vigor desde 2021, a lei diz que as startups devem ter faturamento máximo de R$16 milhões de reais por ano e até 10 anos de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).

A inclusão das sociedades cooperativas na regulamentação foi uma conquista política e institucional do Sistema OCB, e abriu portas para novas possibilidades de atuação do cooperativismo no Brasil,  sem abrir mão de suas características legais. 

Startups cooperativas em ação 

Em comum com as startups tradicionais, as cooptechs têm a atuação preponderantemente digital e o desenvolvimento de soluções inovadoras. Mas com uma diferença fundamental:  por serem cooperativas elas sempre pertencem aos cooperados e são administradas por eles de forma democrática e sem intervenção externa. 

Já nas startups, o caminho mais comum é que, quando uma inovação proposta por elas dá certo, o negócio ganha investidores e elas acabam absorvidas por outros grupos ou transformadas em grandes empresas. Um exemplo são as primeiras fintechs, que surgiram com a oferta de produtos específicos, como cartões digitais, e hoje atuam como os grandes bancos. 

"Nas cooptechs, o modelo de negócio é 100% cooperativista, ou seja, criado a partir da união de pessoas com um objetivo econômico em comum e com foco muito além do lucro, no bem-estar dos cooperados e da comunidade", esclarece o gestor de inovação do Sistema OCB. 

Apesar de serem uma inovação dentro da inovação, as cooptechs já são uma realidade no ecossistema cooperativista e há muitos cases de jovens cooperativas com foco em tecnologia espalhados pelo mundo.

startups cooperativas atuando no desenvolvimento de aplicativos de realidade aumentada e virtual, como a Animorph, da Inglaterra; na criação de softwares com foco na sustentabilidade, como a francesa Fairness; e em serviços digitais com impacto social, como a italiana Gnucoop, que trabalha com desenvolvimento de código aberto e coleta de dados para atender a organizações não governamentais e empresas sem fins lucrativos. 

Exemplos nacionais e internacionais

No Reino Unido, uma rede de 41 startups cooperativas quer transformar o setor de serviços tecnológicos e digitais em um ambiente mais focado nas necessidades dos trabalhadores, dos clientes e dos usuários finais dos produtos, em vez de na geração de lucro. 

Criada em 2016, a CoTech reúne mais de 200 cooperados na rede, já movimentou cerca de 14 milhões de dólares e tem mais de 400 clientes em seu portfólio. “Não apenas os conglomerados multinacionais ou as startups financiadas por capital privado podem ser grandes empresas tecnológicas. A tecnologia é a força vital do futuro de todos nós. Como cooperativistas, pretendemos garantir que a tecnologia desempenhe o seu papel na criação de um mundo mais justo”, afirmam os cooperados da CoTech no manifesto de criação da rede. 

No Brasil, um exemplo de startup cooperativa é a LibreCode, uma cooperativa digital de desenvolvimento de software livre. Sempre com base em projetos de licença livre, construídos colaborativamente, a LibreCode oferece soluções digitais como gestão de documentos em nuvem, e ferramentas para  assembleias online. A principal inovação da LibreCode é o LibreSign, primeiro programa de assinatura digital de código aberto. 

Coops de plataforma

Outra frente de atuação inovadora e tecnológica do cooperativismo, com centenas de exemplos pelo mundo, são as cooperativas de plataforma, que também podem ser consideradas startups cooperativas. Elas são a versão cooperativista das plataformas de serviços digitais que revolucionaram a forma de consumir nos últimos anos, como os aplicativos de motoristas, de entregas e de hospedagem. 

O modelo das plataformas nasceu inovador, mas deixou de lado uma questão fundamental: as condições de trabalho e direitos dos prestadores de serviços, o que já desencadeou reações e mudanças na lei em várias partes do mundo. Nas plataformas cooperativas, a gestão coletiva e democrática garante que essas distorções sejam corrigidas e as pessoas sejam valorizadas. 

O resultado são apps em que os trabalhadores são ao mesmo tempo prestadores de serviços e donos do negócio, como plataformas de mobilidade controladas pelos próprios motoristas, serviços de streaming de música com remuneração justa para os artistas;  e aplicativos de entregas em que as regras são definidas pelos entregadores, não por algoritmos

“O cooperativismo de plataforma é um exemplo claro de como o nosso modelo de negócio pode agregar impacto social à tecnologia. Para fazer sentido, uma inovação precisa melhorar a vida das pessoas, não apenas gerar lucro. E o cooperativismo sempre aposta na inovação com propósito”, afirma Guilherme Costa. 

 

Conexão para inovar  

Antes do surgimento das primeiras cooptechs, o cooperativismo sempre interagiu de perto com o mundo das startups, em conexões que aproveitam o melhor dos dois modelos e ajudam a construir um ecossistema de inovação cooperativista. 

Dentro do conceito de inovação aberta, em que atores externos a uma organização participam do processo de inovar, grandes cooperativas brasileiras têm se juntado a startups para desenvolver soluções que ajudem a aumentar a competitividade do coop, seja com novos produtos, serviços ou processos. 

Além do desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, a conexão entre cooperativas e startups torna o ambiente de negócios mais dinâmico, ágil e criativo, em uma mistura de gerações e compartilhamento de experiências com benefícios mútuos. 

O Sistema OCB aposta nessa integração e, por meio do programa Conexão com Startups,  junta cooperativas e empresas de base tecnológica para resolver demandas do dia a dia com respostas inovadoras. Veja alguns exemplos: 

  • Uniodonto + Magma Digital - a cooperativa de saúde precisava de uma agenda eletrônica unificada e informações em tempo real para melhor atender a seus pacientes. A startup Magma Digital desenvolveu um sistema web e mobile para reduzir as dificuldades no agendamento de consultas e exames. O resultado da conexão foi um programa com boa navegabilidade para o acompanhamento em tempo real do status da solicitação de consultas, da disponibilidade de profissionais e horários para o agendamento dos atendimentos e exames médicos dos pacientes da coop.

  • Cemil + UpTech - a cooperativa mineira de lácteos buscava uma solução tecnológica para garantir mais assertividade na previsão de preços do leite UHT no mercado. A constante oscilação de preço do produto tornava complexa a definição do valor de venda, informação fundamental para negociar no varejo. A partir de levantamento, estruturação e filtragem dos dados, a startup UPTech criou um modelo matemático e métodos de inteligência artificial para auxiliar a coop em uma solução que também passa pela construção de modelos de relatórios e validações. A inovação garantiu 95% de assertividade e precisão dos preços do leite UHT para a coop mineira.

Cáthia e Lígia conversam com apresentadoras do Venus Podcast, Criss Paiva e Yasmin Ali

Venus Podcast aborda força das mulheres no cooperativismo

Bate-papo celebra Dia Internacional da Mulher e reforça potencial delas para o movimento

 

O SomosCoop marcou presença no Venus Podcast desta sexta-feira (8)  para celebrar, em grande estilo, o Dia Internacional da Mulher. No episódio, duas mulheres de destaque no cooperativismo brilharam: Cáthia Rabelo, presidente da Federação Nacional das Cooperativas Médicas (Fencom) e membro dos conselhos de Ética e de Mulheres do Sistema Ocemg, e Lígia Mara Jung, conselheira fiscal da Integrada Cooperativa Agroindustrial.

Em um bate-papo cheio de energia, as líderes compartilharam suas experiências sobre o impacto da presença feminina no mundo cooperativista. Foi uma conversa descontraída e esclarecedora, para além da narrativa de suas jornadas, e que teve como objetivo motivar e inspirar outras mulheres a se destacarem no universo cooperativista, além de mostrar a relevância da presença feminina na criação de um ambiente  mais justo e igualitário, em que todos possuem voz e vez nas decisões. 

 Cáthia Rabelo ressaltou que o cooperativismo necessita do talento e da determinação feminina para alcançar novos horizontes. "A mulher possui características únicas que agregam muito ao movimento, como força, ética e transparência. Somos uma peça importante para impulsionar o cooperativismo além das fronteiras", afirmou.

Para Lígia Mara Jung, o cooperativismo proporciona às mulheres a oportunidade de ocupar espaços que historicamente foram dominados por homens em diversos segmentos. "Ser cooperada me deu coragem para assumir posições de liderança, mesmo em ambientes predominantemente masculinos. Nele, encontrei apoio para avançar", contou.

O diálogo, comandando pelas anfitriãs Criss Paiva e Yasmin Ali, evidenciou que a participação de mulheres entre os cooperados é fundamental para a equidade de gênero e para o alcance de resultados que beneficiam toda a sociedade. Para além da representatividade, o episódio mostrou que o cooperativismo pode trazer independência e capacitação para mulheres em situações vulneráveis, por exemplo. 

“Traz um sentimento de pertencimento e de valorização dos nossos potenciais que transforma, efetivamente, trajetórias de vidas”, disse Lígia. “É um modelo de negócios totalmente inclusivo e que merece ser mais conhecido e reconhecido pela sociedade. É uma filosofia que penetra nossas almas”, complementou Cáthia. 

Confira o episódio completo em aqui.

Confira também outros podcasts com mulheres cooperadas e inspiradoras:  

PodCooperar: A história da Leilane  
PodCooperar: A história da Flávia  
PodCooperar: A história da Maria Luiza 
Podcooperar: A história da Maria Eneide  
Braincast: Fabíola Nader Motta - Se você pudesse ter mais voz no seu trabalho  
Braincast: Clara Maffia - Cooperativismo como você nunca viu 
Braincast: Débora Ingrisano - Construindo a Economia do Futuro 
The Swift: Cooperação e Inovação, com Samara Araujo  

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