Como as cooperativas movimentam a economia

Como as cooperativas movimentam a economia

Se o cooperativismo fosse um estado brasileiro, teria a quarta maior economia do país, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Juntas, as cooperativas brasileiras produziram R$656 bilhões em receitas e ganhos em 2022, segundo os dados mais recentes do setor, divulgados no AnuárioCoop 2023.  

A soma dos ativos – total de bens e direitos das cooperativas – chega a R$ 996,7 bilhões, e mostra o tamanho e a relevância das cooperativas para a economia brasileira. 

Os resultados são impressionantes, mas a melhor parte é que eles vão muito além dos números. Cada real produzido pelo cooperativismo representa uma melhora verdadeira na vida das pessoas e também na economia. Afinal, onde tem cooperativa há mais trabalho, mais renda e mais prosperidade.

Um estudo inédito realizado pelo Sistema OCB e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) para avaliar os impactos do cooperativismo na economia brasileira confirma o que já sabíamos: o cooperativismo impacta positivamente a realidade do país nos mais diversos indicadores econômicos.

Entre os impactos calculados na pesquisa, o estudo revela que a presença de cooperativas em uma cidade leva a um aumento médio de R$ 5,1 mil no Produto Interno Bruto (PIB) por habitante, além de impactos na geração de empregos formais, na abertura de estabelecimentos comerciais e nas exportações. 

De acordo com o estudo, para cada R$ 1 real investido no cooperativismo há um incremento de R$1,65 em termos de produção na economia brasileira. Além disso, cada R$1 real movimentado pelas cooperativas gera um acréscimo de R$0,06 em impostos arrecadados. 

“Neste estudo do Sistema OCB e da FIPE, os dados evidenciam o que nós sempre defendemos, que o cooperativismo é um importante gerador de impacto positivo na economia e na sociedade brasileira. Onde tem cooperativa, há geração de valor e mais prosperidade para as pessoas”, afirma o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.

Na prática, os números da pesquisa podem ser vistos de perto em várias partes do país, em municípios onde boa parte da população trabalha em uma cooperativa, consome alimentos produzidos por cooperados e tem conta em cooperativa de crédito. Até mesmo a energia da casa dessas pessoas é gerada e distribuída por uma coop. E tudo isso é possível porque  o cooperativismo está presente em diferentes setores da economia, da agricultura ao transporte de cargas. E tudo isso gera riqueza. Quer ver?

UMA CIDADE COOPERATIVA

 

Em Mato Grosso do Sul, a economia do município de São Gabriel do Oeste começou a crescer a partir da expansão da fronteira agrícola nos anos 1970, e se consolidou como pólo agropecuário e agroindustrial do estado, setores liderados pelas cooperativas. 

Impulsionada pelo cooperativismo em vários setores, a cidade hoje é uma referência de como nosso modelo de negócio pode transformar todo o panorama produtivo e econômico de uma região. 

As cooperativas da cidade trabalham de forma integrada. As de grãos, como a Cooperoeste, vendem para a Cooasgo, de suinocultores, que fabrica rações para seus cooperados e vende os suínos para a Aurora Coop, que tem uma planta na cidade. As cooperativas de transporte e as cooperativas de crédito atuam com todas. 

Quer conhecer mais sobre como é viver em uma cidade cooperativista como São Gabriel do Oeste? Assista ao primeiro episódio da segunda temporada da série SomosCoop na Estrada. 

O AGRO É COOP

No interior de Goiás, uma cooperativa mudou a trajetória do município de Rio Verde e ajudou a transformar a cidade na segunda maior produtora de soja do país. 

Fundada em 1975, por 50 associados, a Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo) foi pioneira na instalação de sistemas de armazenagem de grãos e a primeira agroindústria de esmagamento de soja da região. 

O incremento na produtividade liderado pela Comigo atraiu outros gigantes do agronegócio para Rio Verde, entre eles empresas multinacionais. Em 20 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) do município subiu de R$1,9 bilhão para R$11,8 bilhões. Um impacto na economia que apenas o cooperativismo seria capaz de fazer.

Hoje, a cooperativa goiana tem 10,9 mil cooperados, emprega 3,5 mil colaboradores e registrou faturamento de R$ 15,6 bilhões em 2022. A Comigo é umas 1.170 cooperativas do Ramo Agro que tem transformado cidades inteiras por meio do trabalho digno e da distribuição justa de renda e resultados. 

Para se ter uma ideia do tamanho da presença do cooperativismo na agropecuária, mais da metade da produção (53%) do país passa pelas cooperativas. “Somos responsáveis por 75% do trigo, 52% da soja, 55% do café, 46% do leite, 53% do milho, 35% do arroz, 43% do feijão e 50% da proteína suína”, listou recentemente a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta, em reunião no Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). 

Se no campo o cooperativismo dá um show, nos outros setores da economia também não é diferente. Sabia que a maior rede de assistência médica do Brasil é de uma cooperativa? Com cobertura em 83% do território nacional e 17 milhões de clientes, o Sistema Unimed é considerado a maior experiência cooperativista na área da saúde em todo o mundo. O sistema cooperativo de médicos é umas das nove coops brasileiras entre as 300 maiores do mundo, com faturamento de US$ 14,83 bilhões, segundo ranking da Aliança Cooperativa Internacional (ACI). 

A FORÇA DO TRABALHO

Além de produtos e serviços, as cooperativas brasileiras são campeãs em outro quesito fundamental para a economia: o trabalho. Primeiro para os cooperados, que muitas vezes empregam sua força de trabalho e são ao mesmo tempo sócios e donos das cooperativas, mas também com a geração de empregos formais para colaboradores. 

As coops brasileiras geraram 524 mil empregos diretos em 2022, número que cresce a cada ano e aumentou mesmo durante a pandemia, quando o desemprego subiu entre os brasileiros. O ramo Agro é o que mais gera postos de trabalho, com 249 mil; seguido do ramo Saúde, com 135 mil empregos, e do ramo Crédito, com 99 mil funcionários. No total, o cooperativismo investiu mais de R$ 25 bilhões no pagamento de salários e outros benefícios a seus colaboradores.

Além disso, as cooperativas injetaram mais de R$18,9 bilhões em tributos nos cofres públicos, ajudando a fazer diferença na vida dos cidadãos ao reinvestir seus resultados e trazer avanço para toda sociedade.

SERVIÇO

Quer conhecer mais coops que estão melhorando o Brasil? Acompanhe a série SomosCoop na Estrada, que está percorrendo o país para contar histórias como as que contamos aqui. 

Resultados compartilhados nas cooperativas de crédito 

Quando se trata das cooperativas de crédito, a força do cooperativismo como motor da economia tem mais um elemento: a distribuição dos resultados entre os cooperados. É isso mesmo, quando uma cooperativa de crédito fecha o ano com resultado financeiro líquido positivo, esse dinheiro é distribuído entre os cooperados. São as chamadas sobras, ou retorno cooperativo. 0

A devolução é proporcional às operações realizadas pelo cooperado: quanto maior o relacionamento e utilização de produtos e serviços da cooperativa, maior o retorno. Este ano, por exemplo, o Sicredi distribuiu R$ 2,5 bilhões entre seus cooperados, e o Sicoob compartilhou R$ 5,5 bilhões em resultados positivos, com base nos resultados alcançados pelas cooperativas em 2022. 

Com mais de 8,5 mil postos de atendimento, o cooperativismo de crédito é a maior rede de serviços financeiros do país, levando inclusão bancária a milhões de brasileiros. Em 275 municípios, as cooperativas são a única instituição financeira da cidade. 

Além disso, as cooperativas de crédito são especialistas em difundir a educação financeira entre os cooperados e a comunidade, ajudando milhões de brasileiros a ter uma relação mais saudável e próspera com dinheiro. 

 
 
 

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