Em 2023, o cooperativismo gerou mais de 550 mil empregos em todo o Brasil, número que tem crescido ano após ano. Presente em diversos setores da economia, desde a agricultura até o setor financeiro, o cooperativismo se destaca como um importante gerador de empregos e oferece amplas oportunidades de crescimento profissional.
Aberto ao mercado global, o modelo econômico baseado no desenvolvimento sustentável e justo tem crescido continuamente e se tornado cada vez mais especializado. Essa expansão demanda profissionais qualificados, com conhecimento sobre o cooperativismo e suas particularidades.
Na busca pelas melhores oportunidades de trabalho no cooperativismo, sai na frente quem tem conhecimento técnico e prático sobre o funcionamento das cooperativas, a legislação que regulamenta o setor e outras especificidades desse jeito diferente de pensar, consumir e fazer negócios.
Atentas a essa necessidade de formação, diversas instituições de ensino pelo país oferecem cursos voltados ao mercado de trabalho cooperativista. Em todo o Brasil, há pelo menos 46 graduações e 17 pós-graduações com foco no coop.
Na graduação, a oferta de cursos inclui um Bacharelado em Cooperativismo, oferecido pela
Universidade Federal de Viçosa (UFV); sete cursos de Tecnólogo em Gestão de Cooperativas em universidades e institutos federais e 38 em instituições de ensino privadas, nas modalidades presencial ou Educação a Distância, segundo dados do Ministério da Educação (MEC).
Já as especializações abrangem áreas do conhecimento como Comunicação; Auditoria; Contabilidade; Liderança e Gestão de Equipes; Gestão da Inovação; e Direito Cooperativo. Em uma inovação cooperativista, professores e pesquisadores das melhores escolas de negócios do país criaram uma cooperativa, a Execoop, para oferecer formações executivas com foco no coop.
Entre as instituições de ensino públicas com cursos voltados ao cooperativismo, se destacam a Universidade Federal do Rio Grande (FURG); a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense (IFSul); a Fundação Universidade Federal do Tocantins (UFT); a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB); e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IFBaiano).
Entre as escolas privadas, uma das referências nacionais é a Escola Superior do Cooperativismo (Escoop), primeira faculdade voltada exclusivamente ao cooperativismo no Brasil.
O que todas elas têm em comum? Preparam, e bem, profissionais para atuar nas mais de 4.500 cooperativas brasileiras e nas instituições de apoio e representação do cooperativismo.
Tradição cooperativista
Criado em 1975, o bacharelado da UFV se destaca como pioneiro na formação cooperativista e é bastante concorrido. De acordo com o coordenador do curso, Pablo Murta Baião Albino, um dos motivos da alta demanda é a grade curricular atualizada, que se renova com frequência para atender às novas demandas no mercado de trabalho. “As necessidades são identificadas e analisadas a partir de estudos e pesquisas desenvolvidas por professores e parceiros”, afirma.
O currículo do Bacharelado em Cooperativismo da UGV inclui disciplinas ligadas à administração, gestão, contabilidade, legislação, e outras áreas do conhecimento. No momento, a universidade trabalha na criação de três novas matérias: ESG e os desafios das organizações coletivas; Governança Cooperativa; e Projetos de Inovação em Organizações Cooperativas.
Com currículo de excelência, os estudantes formados no curso da UFV entram com o pé direito no mercado de trabalho cooperativista: em 2017, um estudo demonstrou que 72,7% dos ex-alunos conseguiram trabalho dentro do próprio sistema cooperativo. Segundo Albino, este ano, um novo levantamento começou a ser feito pela universidade e dados atualizados serão divulgados em 2025.
“O Sescoop [Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo] é um demandante e as cooperativas, em busca de profissionalização da sua gestão, também vem demandando profissionais formados em cooperativismo”, pontua Albino. “Vivemos um momento de crescimento orgânico da demanda. Quanto mais egressos do curso entram no mercado, mais cresce a procura devido à qualidade apresentada pelos alunos formados na UFV”, completa o coordenador.
Experiência na prática
Os bacharéis em Cooperativismo Dener Souza e Thiago Mariano são bons exemplos dessa inserção profissional. Formados pela UFV, eles saíram da faculdade e encontraram muitas portas abertas.
Contratado pelo Sescoop Minas Gerais logo após se formar, há seis anos, Souza destaca que, além da formação ampla e com práticas extracurriculares voltadas às necessidades das cooperativas, o curso na UFV proporcionou a conexão com uma rede de colegas cooperativistas.
“Além do conteúdo, o curso permite vivências que vão te ajudar posteriormente, muitas oportunidades de networking”, avalia. Hoje, Souza faz parte de um grupo criado por ex-alunos para conectar profissionais formados pela UFV espalhados em várias Organizações Estaduais do Sistema OCB.
Colega de Souza na UFV, Thiago Mariano lembra que conheceu o cooperativismo no Ensino Médio, quando soube da possibilidade de construir uma carreira no coop.
O primeiro passo, ainda na graduação, foi a participação na Empresa Júnior de Gestão de Cooperativas e Cooperativismo (Campic), que funciona na UFV. “Comecei com a função de organizar alguns grupos de estudo e terminei como presidente da cooperativa da empresa júnior”, conta Mariano, que permaneceu por três anos no projeto.
Após passar por cooperativas agropecuárias e de crédito, atualmente Mariano é analista sênior de Desenvolvimento de Cooperados na Unimed Belo Horizonte, uma das maiores cooperativas do país.
Agora do ponto de vista de quem contrata, Mariano afirma que a formação cooperativista faz toda a diferença na seleção de novos colaboradores, porque são profissionais que conhecem as especificidades do setor e compreendem a importância do cooperado, o ativo mais valioso de todo o sistema.
“Tive a oportunidade de trabalhar com excelentes profissionais, mas que não tinham formação em cooperativismo e quando chegavam na cooperativa ficavam um pouco perdidos, com dificuldade de compreender o modelo de negócios”, relembra.
Mercado de trabalho amplo
Também ex-aluno do curso de Cooperativismo da UFV, o coordenador de Meio Ambiente do Sistema OCB, Alex dos Santos Macedo, afirma que a formação versátil e especializada deu a ele ferramentas para lidar com questões complexas das cooperativas e instituições cooperativistas pelas quais passou ao longo de sua carreira.
“Esse diferencial me possibilitou compreender o modelo de negócios das cooperativas, identificando suas dores e virtudes, o que é essencial para pensar em soluções organizacionais e fortalecer os relacionamentos institucionais que geram resultados e vantagens para as cooperativas.”
Com experiência nas Organizações Estaduais do Sistema OCB no Amazonas, Espírito Santo e Paraná, Macedo acumulou, ao longo dos anos, conhecimentos sobre políticas públicas, gestão pública e relacionamento governamental.
Segundo Macedo, o cooperativismo é o modelo de negócios do futuro e está em pleno crescimento, com oportunidades de atuação em várias áreas:
- gestão e administração de cooperativas;
- finanças e contabilidade;
- desenvolvimento de negócios e comercialização;
- recursos humanos;
- sustentabilidade e responsabilidade social;
- educação e formação cooperativista
- educação e formação cooperativista;
- representação institucional e advocacy
Para se sair bem no mercado de trabalho cooperativista, segundo Macedo, é crucial entender de sustentabilidade e ESG e ter capacidade para liderar equipes e projetos de maneira colaborativa. Isso sem falar dos princípios e valores cooperativistas, as diferenças na estrutura de governança e como elas se aplicam a diferentes tipos de cooperativas.
“Os novos profissionais que dominarem esses conhecimentos e habilidades estarão bem preparados para enfrentar os desafios do cooperativismo no futuro, promovendo um modelo de negócios que é não apenas sustentável e inclusivo, mas também capaz de gerar valor econômico e social de forma equilibrada.
Conheça os cursos superiores cooperativistas mais bem avaliados do Brasil
Universidade Federal de Viçosa (UFV) — Cooperativismo
- Modalidade: Bacharelado
- Presencial
- 3.255 horas
- 4 anos e meio/ 9 semestres
- 40 vagas - Integral
- Público
Escola Superior do Cooperativismo (Escoop) - Tecnologia em Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- Presencial
- 1.600 horas
- 2 anos/ 4 semestres
- 50 vagas - Noturno
- Privado
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) — Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- Presencial
- 1.630 horas
- 3 anos/ 6 semestres
- 40 vagas - Noturno
- Público
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) — Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- Presencial
- 1.900 horas
- 3 anos/ 6 semestres
- 60 vagas - Integral
- Público
Universidade Cesumar (UniCesumar) — Gestão de Cooperativas*
- Modalidade: Tecnológico
- A distância
- 1.988 horas
- 2 anos/ 4 semestres
- 5.000 vagas
- Particular
Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul (Unijui) — Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- Presencial (Santa Rosa) e A distância
- 1.650 horas
- 2 anos e 2 anos e meio/ 4 e 5 semestres
- 70 vagas - Noturno
- Particular
Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) — Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- A distância
- 1.600 horas
- 2 anos/ 4 semestres
- 200 vagas
- Particular
Centro Universitário da Grande Dourados (UniGran) — Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- A distância
- 1.700 horas
- 2 anos e meio/ 4 semestres
- 500 vagas
- Particular
Centro Universitário Assis Gurgaz (FAG) — Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- A distância
- 1.800 horas
- 1 ano/ 2 semestres
- 2.000 vagas
- Particular
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IFBaiano) — Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- Presencial (Serrinha)
- 1.720horas
- 3 anos/6 semestres
- 40 vagas - Noturno
- Particular
Faculdade ISAE Brasil - Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- A distância
- 1.920 horas
- 4 semestres
- 600 vagas
- Particular
Faculdade Unimed - Gestão de Cooperativas
- Modalidade: Tecnológico
- Presencial
- 1.720 horas
- 5 semestres
- 40 vagas - Noturno
- Particular
Fonte: e-MEC.
Cooperativistas do futuro Por meio do programa Aprendiz Cooperativo, o Sistema OCB promove o encontro entre coops e jovens de 14 a 24* anos incompletos. A iniciativa faz parte do eixo temático CapacitaCoop e abrange uma formação técnico-profissional com aprendizado sobre o modelo de negócio, as responsabilidades dentro das cooperativas de acordo com a profissão e, ao abordar os princípios, valores e outros aspectos do movimento cooperativista, reforça a cultura cooperativista. Em algumas cooperativas, os aprendizes com bom desempenho são contratados como estagiários ou colaboradores. Carga horária: > 1.000 horas. Requisitos: estar matriculado e frequentando a escola. Seleção: feita pela cooperativa, via Sescoop da Organização Estadual. *Aprendiz PCD: não se aplica o limite de idade. |
Está cada vez mais próxima a hora de celebrar o Dia Internacional das Cooperativas de Crédito (DICC) 2024, que acontece, anualmente, na terceira quinta-feira do mês de outubro. A data será comemorada no dia 17, com o tema Um mundo através do financiamento cooperativo.
"O cooperativismo de crédito não se resume a resultados financeiros; ele é um catalisador de mudanças sociais, que transforma vidas e constrói comunidades mais fortes e resilientes. No Dia Internacional das Cooperativas de Crédito, conseguimos reafirmar nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a promoção de uma economia mais justa para todos", afirma o presidente do Sistema OCB, órgão de representação máxima do cooperativismo no Brasil, Márcio Lopes de Freitas.
Esse é o dia em que pessoas de todas as partes do mundo se unem para celebrar o que há de melhor nesse ramo do cooperativismo: o jeito especial de colocar as pessoas sempre em primeiro lugar, antes de qualquer aspecto financeiro. É um momento para que todos se lembrem como conseguimos mudar vidas e criar oportunidades ao longo dos anos não apenas para os cooperados, mas para todos a nossa volta.
O DICC existe desde 1948 e, a cada ano, a comemoração que arrecada fundos, realiza eventos e ações de voluntariado, dentre outras diversas atividades que mostram o poder da união e da cooperação. É o dia perfeito para que todos possam se conectar com o espírito cooperativo e ver como esse movimento ajuda na construção de um mundo mais justo e próspero.
Expressão
No Brasil, de acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024, as cooperativas de crédito se destacam como uma força expressiva do Sistema Financeiro Nacional (SFN). São mais de 17,9 milhões de associados e 700 cooperativas, que geram 112 mil empregos diretos. O ramo conta com cerca de 9 mil unidades de atendimento, sendo a maior rede de postos físicos do país. E, em mais de 300 municípios, as cooperativas de crédito são a única instituição financeira fisicamente presente.
Os indicadores financeiros indicam ativos que totalizam R$ 809 bilhões em 2023 e as sobras do exercício alcançaram R$ 15 bilhões. Elas fortalecem a economia ao mesmo tempo em que promovem o bem-estar social. Além disso, demonstram sua relevância no SFN com R$ 421 bilhões em depósitos totais e R$ 388 bilhões em operações de crédito, com destaque em pilares como desenvolvimento e qualidade de vida.
Já no mundo, de acordo com o Woccu, 87,9 mil cooperativas de crédito são representadas pela entidade. Elas estão distribuídas em 118 países e contam com mais de 393 milhões de associados. Ainda de acordo com o documento, o segmento congrega, 12,64% da população economicamente ativa.
Saiba Mais:
https://www.somos.coop.br/noticias/coops-de-credito-tem-a-maior-rede-de-atendimento-fisico-do-pais?highlight=WyJkaWNjIl0=
https://www.somos.coop.br/noticias/coops-de-credito-impulsionam-negocios?highlight=WyJkaWNjIl0=
#CliqueConsciente busca educar e proteger contra aumento de tentativas de fraude
Os avanços tecnológicos, a digitalização da economia e as mudanças nos hábitos de consumo trazem muitos benefícios para a sociedade como um todo, mas também desafios significativos. Um deles envolve as fraudes digitais que têm aumentado muito nos últimos tempos. No Brasil, para se ter uma ideia, a cada 3,2 segundos, uma nova tentativa de golpe financeiro acontece.
Um estudo da ClearSale, empresa especialista em inteligência de dados para a prevenção de crimes financeiros, revela que, na primeira metade de 2024, foram mais de 1 milhão de tentativas de fraude, que somam R$1,2 bilhão e deixam a sensação de insegurança digital como uma constante para todos nós.
Diante dessa realidade, cooperativas de crédito de todo o país decidiram agir. Elas ressaltam que a união, princípio básico do coop, é a melhor forma de enfrentar o desafio e assim nasceu a campanha #CliqueConsciente Juntos por Mais Segurança Digital.
A iniciativa é uma mobilização para fortalecer a importância da proteção no mundo digital, desde o momento em que um alerta de prevenção chega até você, até a orientação clara sobre como identificar e reagir a um golpe. Por meio da intercooperação, mais de 10 cooperativas de crédito brasileiras trabalham para criar uma barreira sólida de proteção e combate aos golpes digitais.
Elas estão comprometidas em transformar o conhecimento sobre segurança digital em algo acessível e prático para todos. É como se cada cooperativa fosse uma peça que colabora com a imagem de proteção e confiança para seus cooperados.
"Temos que aculturar, cada vez mais, os nossos cooperados para lidarem de forma segura com o mundo digital, sendo capazes de entender qual o papel da instituição financeira, como fazer um bom uso dos recursos de segurança e, principalmente, identificar uma situação suspeita que pode culminar em fraude ou golpe", explica Fábio Fekete de Noronha, da superintendência de Segurança Corporativa do Centro Administrativo Sicredi, de Porto Alegre.
A campanha não é só sobre informar, é sobre transformar. De agora até janeiro de 2025, serão enviadas dicas, ferramentas e orientações sobre como se prevenir, detectar e agir em casos de fraudes. A divulgação será feita por meio de diversos canais, como redes sociais, WhatsApp, e-mail marketing e e-books. O lançamento acontece nesta quinta-feira (8) durante o 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo de Crédito (Concred), em Belo Horizonte, evento que reúne mais de 5 mil participantes para discutir o futuro do segmento no país entre os dias 7 e 9 de agosto.
Mais que um modelo econômico, o cooperativismo é um estilo de vida compartilhado por pessoas com o propósito de construir um mundo melhor para todos. Também conhecido como coop, o movimento surgiu no Século 19, na Inglaterra, em um contexto econômico de alta inflação, desemprego e em processo de automatização de tarefas que antes eram realizadas por pessoas.
Da crise, veio a necessidade da cooperação: a solução encontrada por um grupo de tecelões da cidade de Rochdale foi se juntar para comprar mercadorias, estocá-las e vender aos membros do grupo por preços mais justos, criando a primeira cooperativa da história.
O modelo deu origem ao que hoje chamamos de economia compartilhada, em que todos os membros são iguais tanto em hierarquia e responsabilidades quanto em vantagens. Mas o cooperativismo é bem mais que isso, segundo Tania Zanella, superintendente do Sistema OCB, a organização que representa o coop no Brasil.
“Somos o enlace de pessoas unidas para a construção de um bem social comum, atuamos a favor de uma vida mais justa e próspera para todos e por um modelo de negócio que promova o desenvolvimento das comunidades, com inclusão econômica e social”, explica.
O modelo cooperativista foi desenvolvido em torno de sete princípios, que funcionam como diretrizes para orientar a atuação de todas as cooperativas, o lugar onde o coop acontece.
Sete Princípios do Cooperativismo 1- Adesão livre e voluntária. 2- Gestão democrática. 3- Participação econômica. 4- Autonomia e independência. 5- Educação, formação e informação. 6- Intercooperação. 7- Interesse pela comunidade. |
O cooperativismo na prática
Traduzindo os princípios, qualquer pessoa pode se tornar um cooperado, com igual direito de voz e voto. Esse cooperado é, ao mesmo tempo, dono do negócio e beneficiário ou destinatário do bem ou serviço oferecido.
Essa lógica faz da cooperativa um agente coletivo que, portanto, não retém em si investimentos, servindo apenas como meio de campo neutro – um facilitador entre o bem ou serviço e o mercado consumidor. “Isto, considerando que, agindo sozinho, esse cooperado teria mais dificuldades em alcançar seu público-alvo”, reforça Tania Zanella.
Equilíbrio econômico e social
Historiadores e cientistas sociais afirmam que a vida em comunidades é, desde as cavernas, uma necessidade do ser humano como meio de sobrevivência. Por essência, valores como honestidade, transparência, responsabilidade social e preservação do meio ambiente para o desenvolvimento sustentável, vistos como qualidades que possibilitam o relacionamento e a convivência, já estão na raiz do cooperativismo.
No Brasil, o movimento surgiu em 1889, com a Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, em Minas Gerais. Outro marco para o coop brasileiro ocorreu em 1902, quando o padre Theodor Amstad fundou a Sicredi Pioneira – primeira cooperativa de crédito do país.
Foram anos de avanços para produzir cada vez mais e melhor, atendendo às demandas da população, com foco no cuidado com as pessoas, no compromisso com as comunidades e respeito à natureza.
Atualmente, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024, o país tem 4.509 cooperativas, que reúnem 23,4 milhões de cooperados. As cooperativas atuam em diferentes setores da economia, organizadas em sete ramos: Agropecuário, Consumo, Crédito, Infraestrutura, Saúde, Trabalho, Produção de Bens e Serviços; e Transportes.
Em cada segmento, uma cooperativa puxa a outra, em um movimento de progresso e com resultados compartilhados também com as comunidades onde estão inseridas.
Coop em números 4.509 cooperativas no Brasil + de 23,4 milhões de cooperados + de 550 mil empregos gerados R$ 692 bilhões de ingressos gerados em 2023 |
Mentalidade sustentável
A evolução do cooperativismo ao longo do tempo não se deu apenas na quantidade de cooperativas e cooperados. Em todo o mundo, o coop se consolidou como um modelo de produção moderno e inovador e agregou preocupações alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e aos pilares ESG - ambientais, sociais e de governança.
“Esta é uma nova fase da humanidade. Novas gerações chegam com novas maneiras de viver e se relacionar com as pessoas e com o mundo. Observar essas transformações constantes faz compreender que o cooperativismo sempre teve tudo a ver com esse novo mindset sustentável e plural e está, portanto, a um passo do futuro”, afirma Tania Zanella.
Cooperativismo do futuro
Seguir em frente nesse caminho para seguir construindo o cooperativismo do futuro requer planejamento. Em maio, durante o 15º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), foram traçadas as diretrizes estratégicas para os próximos cinco anos. Passos como a promoção da cultura cooperativista e difusão do movimento em todos os níveis foram pensados no contexto de formação de uma consciência coletiva.
“As diretrizes expressam um posicionamento uniforme e harmônico importante para que, nesse tempo de ação, se tenha um cooperativismo em crescimento sustentável, inovador e inclusivo. Isso faz das coops, protagonistas na construção de um futuro mais justo e cooperativo”, explica Tania Zanella.
Capilaridade e presença
O cooperativismo é diversificado e plural. As cooperativas produzem bens e serviços que atendem às necessidades de pessoas, empresas, governos e outras organizações. Estamos em 3.080 municípios brasileiros (55,3% do total), com mais de 9 mil postos de atendimento.
Segundo dados do AnuárioCoop, as cooperativas brasileiras produziram R$692 bilhões em resultados em 2023. Além disso, gerou mais de 550 mil empregos, com impactos diretos na economia dos municípios em que as coops estão presentes.
No mesmo período, o cooperativismo foi responsável por destinar R$31 bilhões para salários e outros benefícios destinados a colaboradores, número que reflete o crescimento da força de trabalho do coop e o investimento contínuo em recursos humanos.
O cooperativismo está presente na vida dos brasileiros de diferentes maneiras:
- No supermercado, na padaria, nos alimentos que chegam à sua mesa, como feijão, café e vegetais.
- Nos hospitais e clínicas de referência.
- Nos investimentos dos rendimentos financeiros.
- Nas estradas que levam produtos até você ou permitem aquela viagem de férias.
- No campo, gerando valor de bens sustentáveis para consumo.
- No mercado de trabalho, com oportunidades dignas e justas.
Para identificar tudo isso, é só procurar o carimbo SomosCoop, a marca registrada das cooperativas brasileiras.
Quer conhecer mais sobre o cooperativismo?
Acesse o e-book disponibilizado pelo Sistema OCB e veja como as cooperativas estão organizadas e estruturadas em torno de ideias de sustentabilidade e geração de emprego e renda de modo justo para todos.
A leitura vale a pena e você ainda fica sabendo o passo a passo para montar a sua cooperativa.
Uma vida dedicada ao cooperativismo O cooperativista José da Paz Cury, consultor e professor da Faculdade Unimed, tem sua própria definição de cooperativismo: “Não é ajuda, em que você faz algo pelo outro. Trata-se de apoio mútuo, porque juntos fazemos um com o outro”, afirma.
Há cinco décadas, o administrador especializado em psicologia social estuda os desafios e vantagens do cooperativismo e, segue, aos 79 anos, dando cursos e palestras sobre o tema. O movimento é algo que ele vivencia até dentro de casa: em julho de 2024, José Cury completa 50 anos de casamento com a esposa Maria Eugênia, longevidade que ele atribui ao fato de ambos terem a conduta cooperativa de evitar conflitos. Segundo Cury, o cooperativismo precisa chegar a mais brasileiros e algumas estratégias para isso são mais investimentos em educação cooperativista e intercooperação. “A nossa cultura privilegia a competição como postura de sucesso, quando na realidade a sobrevivência humana, desde os primórdios do ser humano, se deu pela cooperação”, pondera o professor. |
Movimento congrega 23% da população ocupada do país e emprega 550 mil profissionais
Cada vez mais forte e representativo! Em 2023, o cooperativismo brasileiro alcançou o número de 23,45 milhões de cooperados, o que significa que mais de um em cada dez habitantes faz parte do movimento. Além disso, engloba 23% da população ocupada, emprega 550.611 profissionais e sua movimentação financeira alcançou R$ 692 bilhões. Como modelo de negócios do presente e do futuro, o coop está em plena ascensão e visto como uma das melhores opções para produzir e oferecer serviços de qualidade, garantir renda, desenvolvimento social e prosperidade para pessoas, comunidades e, consequentemente, todo o país.
As informações podem ser comprovadas no Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024, divulgado nesta quarta-feira (31). No total, são 4.509 cooperativas espalhadas por 1.398 municípios, com a maior concentração no Ramo Agropecuário, que soma 1.179 coops, e na região Sudeste, com 1.605, enquanto a Nordeste aparece em segundo (856) e a Sul em terceiro (825). As regiões Centro-Oeste e Norte abrigam 619 e 504 coops respetivamente. A distribuição por gênero dos cooperados se manteve estável em 2023. A participação feminina permanece em 41% contra 59% dos homens. Os principais ramos em que elas atuam continuam sendo Consumo (45%), Crédito (43%), Saúde (46%) e Trabalho, Produção de Bens e Serviços (55%).
O número de empregos diretos criados por conta do movimento cresceu 5%, passando de 524.322 em 2022 para 550.611 em 2023. O resultado é bastante expressivo especialmente em comparação com o número de empregos registrados no Brasil como um todo. Enquanto o país, registrou redução de 27,52% no saldo de empregos formais entre 2022 e 2023, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o cooperativismo apresentou resultado positivo no mesmo período. Na distribuição por gênero, o número de mulheres empregadas atingiu 52% do total, índice que era de 49% em 2021.
Outro destaque do AnuárioCoop é a movimentação financeira do coop que somou R$ 692 bilhões, um aumento de 6% em relação a 2022. Em ativos totais, o setor atingiu R$ 1,16 trilhão, 17% a mais que no ano anterior. O capital social também cresceu 17%, atingindo R$ 94 bilhões. As sobras do exercício chegaram a R$ 38,9 bilhões e as cooperativas contribuíram com mais de R$ 33,9 bilhões em tributos, além de R$ 31,7 bilhões em salários e benefícios.
No cenário internacional, o cooperativismo brasileiro também brilha. Com o apoio da ApexBrasil, as cooperativas somaram US$ 8,3 bilhões em exportações em 2023, representando 2,5% de tudo o que o Brasil vendeu ao exterior. E no agronegócio, 7,1% das exportações foram feitas por cooperativas. Carnes de aves, soja triturada, café não torrado, óleo de soja e carne suína são os principais produtos exportados pelas cooperativas, que estão, em sua maioria, nas regiões Sul e Sudeste.
É ou não é uma história de sucesso? O cooperativismo continua a crescer, fortalecendo nossa economia e trazendo prosperidade para milhões de brasileiros. Vem ser coop também!