Líder cooperativista passa a faixa para o presidente Lula

A relevância do cooperativismo e dos serviços de coleta de materiais recicláveis foram evidenciadas durante a cerimônia de posse do Presidente da República, no último dia 1º. Em ato inédito, oito pessoas representando diferentes esferas sociais foram escolhidas para passar a faixa para Luiz Inácio Lula da Silva, entre elas, a presidente da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF e Entorno (Centcoop-DF), Aline Sousa. "Segurei o choro. Escolher uma catadora para participar de um ato que ficaria conhecido mundialmente é uma sensação de muita emoção".

Aline, que também representa o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), destacou a importância do movimento coop em sua vida e entregou ao presidente a publicação produzida pelo Sistema OCB, Propostas para um Brasil Mais Cooperativo, que apresenta dados da contribuição do coop na economia e bem-estar das pessoas e comunidades. Lula, recebeu o documento e, antes, em seu discurso, ressaltou que trabalhará para o fortalecimento do cooperativismo no país.

“O cooperativismo transforma vidas. É um modelo de negócios necessário para os caminhos que a humanidade tem seguido na atualidade. É a forma mais viável de resolver problemas não apenas econômicos, mas sociais também. Garante mais segurança e dignidade a todos os envolvidos”, diz a agente ambiental.

Como líder da central que reúne mais de mil cooperados, entre suas missões está a de buscar e conhecer novas tecnologias e possibilidades que contribuam para melhorar as condições de trabalho e renda de todas as pessoas envolvidas no processo da reciclagem.

O presidente do Sistema OCB, Marcio Lopes de Freitas, declarou que foi um orgulho sem tamanho ter uma representante do coop na passagem da faixa ao presidente. “Como sempre afirmamos, o cooperativismo não gera apenas trabalho e renda. Ele transforma vidas e a Aline é um exemplo concreto dessa realidade”.

Aline atua desde os 14 anos na coleta e reciclagem de materiais seguindo os passos de sua mãe e avó. Além da cooperativa e do movimento, ela integra ainda a Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores. Sua liderança no setor tem oferecido diversas oportunidades de viagens internacionais para troca de experiências e conquistas. A última foi uma missão técnica à Itália, coordenada pela OCDF e apoio do Sistema OCB.

Junto com outros representantes de cooperativas de reciclagem, a agente foi conhecer as metodologias de implantação do sistema lixo zero adotado pelo país. “Foi uma oportunidade muito importante para conseguirmos nos apropriar mais do conhecimento desse sistema moderno que pode trazer uma inovação significativa para o Brasil. Por isso, só posso agradecer a OCDF, a OCB e a deputada Bia Kicis que viabilizou essa viagem”, relatou.

Aline também lembrou que a Política Nacional de Resíduos (Lei 12.305) é referência no mundo inteiro e que, por isso, muitos países procuram conhecer melhor as estratégias adotadas pelo Brasil na reciclagem de materiais. Em 2018, por exemplo, fui indicada para ir a Joanesburgo, na África do Sul, para conhecer e vivenciar a rotina dos catadores e ver como era a inclusão sócio produtiva de lá. Uma troca muito bacana. Recentemente, visitei a Argentina para conhecer a estrutura de um modelo diferenciado que podemos implementar aqui também”.

Remy Gorga Neto, presidente da OCDF e diretor nacional da OCB ressaltou o papel de Aline como presidente de uma central que reúne 21 cooperativas e a importância de sua participação em missões internacionais. “Aline é uma liderança fantástica. Ela tem muito conhecimento sobre o processo, a cadeia da reciclagem e é muito respeitada. Está totalmente alinhada com os princípios da OCDF e faz, inclusive, parte da Câmara Temática da Reciclagem na OCB”.

Segundo ele, a missão para a Itália faz parte de um projeto do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) que foi viabilizado por meio de recursos alocados pela deputada Bia Kicis. “É um estudo de toda a cadeia da reciclagem no DF para verificar o que pode ser feito em termos de verticalização para agregar valor ao processo. São várias etapas envolvidas e uma delas foi a missão à Itália, na qual participamos da feira Ecomundo e visitamos a Aliança Cooperativa Italiana com o apoio do Sistema OCB”, esclareceu.

Coops de reciclagem

Os catadores, também reconhecidos como agentes de reciclagem, separam, transportam, acondicionam e transformam o que poderia ser visto como lixo em mercadorias com valor de uso e de troca. A Centcooop, por exemplo, conta com 21 coops afiliadas e congrega 1008 cooperados, que transformam os resíduos sólidos em materiais vendidos para grandes fábricas.

O papel de agente ambiental também cabe a estes cooperados, pois com a destinação correta destes resíduos eles não chegam aos aterros sanitários comprometendo o meio ambiente.  Para além do papel ambiental, os serviços de reciclagem cooperativista geram emprego e renda para cooperados e trabalhadores do segmento.

Para saber mais sobre uma cooperativa de reciclagem e o modelo de negócios do movimento, assista ao primeiro episódio da série SomosCoop na Estrada:

https://youtu.be/x2gqfGIQszA
 
 
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Reportagem especial o poder do cooperativismo

Reportagem especial veiculada pelo Jornal da Band na sexta-feira (30/12) mostrou como o modelo de negócios cooperativista movimenta o país no agronegócio, crédito, consumo, infraestrutura, transporte, trabalho, produção de bens e serviços. Foram evidenciados os indicadores mais relevantes do setor, como número de empregos gerados, o faturamento (ingressos) apurado e o crescimento de cooperados que já chega a 18,8 milhões, o que representa 8% da população brasileira. “O trabalho, a administração e os lucros são compartilhados igualmente entre todos os envolvidos nesse modelo diferente de negócios”, destacou a jornalista Kalinka Schutel, na apresentação da reportagem.

Exemplos concretos das atividades e serviços prestados pelas coops, bem como depoimentos dos cooperados também foram salientados. Maiara Alves, da Cooperativa de Coleta Seletiva da Capela do Socorro (Coopercaps), uma das principais prestadoras de serviço de reciclagem de São Paulo, ressaltou a importância da união entre todos para o sucesso das atividades. “Aqui é união. Sem ela, o material não sai, a venda também não. Não conseguimos trabalhar direito. Somos todos donos da cooperativa”, afirma. “A cooperativa tem a missão não só de reciclar aquilo que as pessoas chamam de lixo, mas de resgatar e reciclar vidas”, acrescenta Telines Basílio, o Carioca, presidente da Cooperacaps.

A foça do cooperativismo no Ramo Saúde foi outro exemplo apresentado na reportagem que demonstrou um pouco do trabalho desenvolvido pela Unimed do Brasil e suas 342 coops espalhadas por todo o país. São mais de 118 mil médicos no maior sistema cooperativo de trabalho médico do mundo, que cuidam da saúde das pessoas e também do negócio. “Para o nosso beneficiário, que é o nosso cliente, o nosso paciente, quando ele se dirige ao médico, está se dirigindo também ao dono do negócio”, disse o ortopedista Gerson Laurito, de Campinas (SP).

A possibilidade de gerar novas oportunidades de trabalho para quem tem poucas alternativas no mercado tradicional foi o exemplo ressaltado na Cooperativa de Trabalhadores Autônomos das Vilas de Porto Alegre (Cootravipa), responsável pela limpeza pública de Porto Alegre (RS). Criada há 38 anos, congrega atualmente, 3 mil associados. “Ela nasceu justamente da necessidade que o pessoal de periferia tinha de conseguir oportunidade de trabalho e renda, principalmente para um perfil que não se adequava a esse modelo convencional de mercado”, explicou a presidente Imanjara Marques de Melo.

Egresso do sistema prisional, Alexandre Osório Borges, encontrou no cooperativismo a oportunidade que precisava para deixar o preconceito de lado e conquistar espaço no mercado de trabalho. Associado há dois anos da Cootravipa, Alexandre começou como gari e hoje atua como líder de equipe. “O coop representou o recomeço da minha vida. Deu a oportunidade para que eu pudesse garantir o sustento da minha família e de transformar meus planos em realidade”, afirmou.

Confira a reportagem completa:

 
 
 
 

Globo Repórter destaca força da cooperação

“A força coletiva impulsiona e muda a vida da gente”. Assim, a jornalista Sandra Annemberg iniciou o programa Globo Repórter de sexta-feira (16/12), que trouxe como tema principal os benefícios que o modelo de negócios cooperativista representa para a sociedade e comunidades onde está presente. “Há um ditado popular que diz, se quiser ir rápido, vá sozinho. Mas, se quiser ir longe, vá acompanhado”, complementou Sandra, ao anunciar as histórias detalhadas ao longo do programa. Durante os intervalos, também foi veiculado vídeo da Campanha SomosCoop, que tem como embaixador do movimento, o tenista Guga Kuerten, ídolo do esporte brasileiro.

A trajetória da Cooperativa Justa Trama, de Porto Alegre (RS), foi o primeiro destaque. Formada por mulheres e homens agricultores, fiadores, tecedores, costureiras, artesãos, coletores e beneficiadores de sementes, a Justa Trama é uma cadeia produtiva que inicia seu processo no plantio do algodão agroecológico e vai até a comercialização de peças de confecção produzidas com o insumo. Nasceu em 1996 com um grupo de 35 costureiras e hoje agrega mais de 600 cooperados em cinco estados: Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Ceará e Rondônia.

Quando começamos, éramos apenas um grupo de mulheres que buscava alternativas de trabalho para melhorar as condições de vida das nossas famílias. Juntas, dividíamos tudo. Tivemos vários prejuízos, mas um dos momentos mais felizes da nossa história foi quando começamos efetivamente a gerar renda. Podíamos ter nos acomodado, mas queríamos mais e continuamos lutando para chegar aonde estamos e ir ainda mais longe”, afirmou Nelsa Inês Fabiano Nespolo, presidente da Justa Trama.

Hoje, a Vila Nossa Senhora Aparecida, localizada na Zona Norte de Porto Alegre e sede da cooperativa, conta até mesmo com uma moeda local, o Justo, utilizada pelos moradores para a compra de produtos e serviços no comércio da região.  “Nós escolhemos o caminho do coletivo, da união, para transformar a vida das pessoas. Nada nos traz mais felicidade do que ver que quem está à nossa volta também está feliz”, complementa Nelsa.

Arte que constrói

A história do espetáculo Encantado, encenado pela Companhia de Dança Lia Rodrigues, grupo com vários bailarinos formados no Centro de Artes da Maré, localizado na Nova Holanda, uma das 16 favelas do Conjunto da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro, mostrou como a força do coletivo contribui para alimentar relações e construir o futuro de jovens que unem diferentes talentos para garantir oportunidades para todos. “Fazemos a diferença na vida um do outro”, afirmou a bailarina Carolina da Silva Pinto, que já viajou o mundo com sua dança e também coordena o Centro de Artes.

“O Encantado fala um pouco dessa possibilidade de convivência e mostra como é possível a gente crescer, se desenvolver colaborando, vivendo junto com as nossas diferenças. A força do coletivo me inspira e está muito presente nesse centro de artes. Eu sinto ação, movimento, construção. Todo mundo é importante”, destacou a coreógrafa Lia Rodrigues. O Centro de Artes da Maré é um dos cinco pilares da ONG Rede das Marés que atua em defesa dos direitos básicos dos moradores do complexo de favela por meio de parcerias.

Rede empreendedora

Acreditar em uma ideia, unir forças e trabalhar para que ela se torne realidade. Esse tem sido o propósito da investidora social Aline Odara, uma paulista que começou fazendo vaquinhas para ajudar empreendedoras negras e hoje conta com o apoio de investidores do maior centro financeiro da América Latina. “A ideia inicial foi unir 20 amigos que doassem 20 reais todo mês durante um ano. Para nossa surpresa, em cinco dias já tínhamos 60 doadores recorrentes e em três meses, quase 300 doadores. Foi assim que nasceu o primeiro fundo filantrópico de mulheres negras do Brasil, a Agbara”, contou Aline.

Hoje ela se reúne com representantes de bancos e investidores que liberam recursos para pequenos negócios de mulheres negras e periféricas. “Batemos um milhão de reais recentemente e já atendemos 2 mil mulheres. Para nós é um resultado extremamente significativo”, acrescentou Aline. A única contrapartida solicitada, segundo ela, é a de fortalecer a ideia de rede, de que uma ajuda a outra crescer. “Quando a gente avança quer levar toda a comunidade junto. Nunca é só sobre a gente”, conclui.

Ensinar a pescar

No Sul de Sergipe, em Santa Luzia do Itanhy, a pesca era a única forma de sobrevivência de seus moradores. Até que, em 2009, a cidade recebeu de volta um sergipano que estudou em São Paulo e começou a desenvolver um projeto que transformou o local em um centro de referência em Ciência, Educação e Tecnologia. Saulo Barreto é engenheiro e co-fundador do Instituto de Pesquisa em Tecnologia e Inovação (IPTI), uma instituição sem fins lucrativos que busca gerar inovações capazes de promover o desenvolvimento humano, a partir da criação de tecnologias sociais nas áreas de educação básica, educação empreendedora e saúde básica.

“Todo lugar tem uma potência, o que falta é a oportunidade adequada. O que buscamos aqui foi transformar a cidade em uma referência global que pudesse também inspirar essas pessoas que têm dinheiro e querem ajudar, a repensar o modelo de filantropia social que elas fazem. O que fazemos aqui não é nada além do óbvio que é trabalhar para criar condições para que todas as crianças possam ter um desenvolvimento pleno até chegar na alfabetização e depois todas elas consigam encontrar um ambiente empreendedor para que tenham qualidade no trabalho e renda, mesmo morando em Santa Luzia do Itanhy”, explicou Saulo.

Hoje já são mais de 20 projetos interligados em um modelo que começa a se espalhar pelo Brasil e estão presentes em 28 municípios de quatro estados. Como lema, o fato de que ninguém constrói nada sozinho e que o trabalho coletivo é a base de tudo. “É revelar o potencial criativo e transformador que as pessoas têm de fato, mas na condição de que ela efetivamente consiga exercer isso. E ela ganha essa generosidade de compartilhar isso, atuando em rede, de maneira coletiva. Só assim a gente consegue superar os problemas que o mundo precisa tão urgentemente”, completa Saulo.

Frutos da caatinga

No sertão da Bahia, o destaque foi para a valorização dos moradores das pequenas cidades e da terra. Em comunidades de fundo de pasto, existentes em munícipios como Uauá, a força do coletivo transformou a paisagem e a vida de pessoas que estabelecem como meio de vida a caatinga. Com o tempo, o bioma começou a se degradar, e as mulheres locais perceberam que o Umbu, um fruto nativo saboroso, estava perdendo força, com baixa produtividade e até morrendo. Nasceu então o Projeto Recaatingamento, que tem como base a preservação do meio ambiente em parceria com a comunidade. O resultado é uma caatinga forte onde as frutas trouxeram o verde de volta para a paisagem.

O projeto é guiado pela comunidade de Ouricuri, junto com o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA), uma ONG baiana que promove a convivência com o semiárido. Tudo é pensado coletivamente e realizado em sistema de mutirão. São famílias que trabalham a terra e devolvem a ela a capacidade de produção, plantando espécies perdidas e delimitando áreas de proteção. “Cada um participando faz a diferença. A gente vê a empolgação das pessoas chegando e se empolga ainda mais”, diz uma produtora rural da comunidade.

Hoje, o Umbu voltou a florir assim como outras culturas como a Jurema, espécie nativa da região rica em proteínas e muito apreciada pelos animais, e o Maracujá do Mato, que antes não tinha função específica e agora é transformado em diversos produtos comercializados para todo o Brasil e exterior, por meio da Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc). A associação nasceu da união de 44 pessoas, sendo 24 mulheres e 20 homens que desejavam organizar sua produção e comercialização e, atualmente, já reúne mais de 300 cooperados.

“Se fosse para uma pessoa só fazer, não teria como. Então, com os mutirões, nosso trabalho vem se fortalecendo. A gente sente o entusiasmo da pessoa em querer ver, em conhecer e saber que ali tem um resultado”, contou o vice-presidente da Associação Agropastoril de Ouricuri, José Adailton de Souza Nascimento. “Antes eu sonhava em manter a caatinga em pé. Hoje me sinto realizado e aprendi muito no coletivo. Ele é a força de todo esse universo”, completa Alcides Peixinho, produtor de Maracujá do Mato.

 

Coops de crédito impulsionam negócios

Empoderamento é poder transformar desejos em realidades. É visualizar que é possível alcançar objetivos e buscar viabilizá-los e prosperar coletivamente fazendo o bem para si e para o próximo. Muitas pessoas e comunidades foram e são transformadas constantemente pela presença de uma cooperativa financeira na região. Em lugares mais distante e improváveis, as coops de crédito oferecem serviços que verdadeiramente impulsionam sonhos.

Com atendimento próximo e humanizado, as coops têm a habilidade de orientar as pessoas, cooperadas ou não, de acordo com o propósito de cada uma. Jussara Maria Moreira, por exemplo, sempre quis proporcionar um futuro acadêmico e profissional para sua filha. Há mais de 20 anos ela é cooperada do Sicoob Credivertentes (MG) e em conversa com sua gerente encontrou a melhor forma de financiar os estudos.

“Minha filha se inscreveu em uma universidade em Londres, na Inglaterra, e não sabíamos como fazer para realizar esse sonho de estudar fora. Comentando com minha gerente no Sicoob sobre o medo e a insegurança de dar esse passo ela disse que seria possível sim. E acrescentou que a cooperativa jamais deixaria passar essa oportunidade para minha família. Em resumo, estamos realizando o sonho de uma menina que tinha então 17 anos e que há dois anos estuda onde queria. Eu só tenho a agradecer ao Sicoob que tornou possível esse sonho por meio de abertura de crédito com juros baixos e dentro do nosso orçamento”, conta Jussara emocionada.

Crédito para todos

Experiências despertam em nós novas maneiras de inovar e empreender. Com ajuda da cooperativa Sicredi Pioneira, Fernando Maldaner e seu sócio receberam o empurrãozinho que faltava para começar a almejada cervejaria Edelbrau, em Nova Petrópolis (RS). Os negócios prosperaram e a coop continua como principal instituição financeira do empreendimento.

“Fizemos uma viagem para a Europa e observamos que na Irlanda, Alemanha e Bélgica a cultura de micro cervejarias era muito difundida. Então, em 2011, abrimos a empresa na nossa região, que é tipicamente alemã, mas até então não tinha uma cervejaria. Desde o início contamos com o Sicredi para construir o prédio e comprar equipamentos. Graças a excelência da cooperativa, entre o planejamento e execução, foi possível abrirmos em menos de um ano”, explica Fernando.

Segundo ele, as taxas das cooperativas de crédito são mais atrativas e o processo de liberação dos recursos, mais ágil. “Ao longo desses 11 anos contamos com o Sicredi como importante apoio para o desenvolvimento da nossa cervejaria. Em 2018, financiamos uma placa fotovoltaica que nos permitiu ser a primeira cervejaria brasileira a gerar 100% da energia consumida na nossa fábrica. Recentemente, em 2020, solicitamos novo valor para realizarmos a chamada Experiência Edelbrau, que é uma visitação interativa, única e diferenciada na Serra Gaúcha. Temos muito orgulho de atuar nessa região onde o Sicredi nasceu e ficamos felizes por todo o desenvolvimento que estamos promovendo para nossa comunidade em diversas ações”, complementa.

Empreendedorismo

As famílias que se apoiam têm mesmo grande vantagem diante dos obstáculos do mundo. A história da Anadria da Silva Pereira Azarias e de seu esposo somam afeto e vontade de expandir os negócios. O Sicoob Credivertentes, cooperativa a qual ela é associada, concedeu crédito facilitado para a expansão de sua pousada e do turismo rural na região de Itutinga (MG).

“Somos microempresários no segmento de comércio e hospedagem rural e fizemos financiamento para expandir o nosso empreendimento chamado Chalé Vales das Candeias. Durante a pandemia enfrentamos dificuldades, mas pudemos contar com a colaboração da cooperativa, que fez suspensão provisória das cobranças. Somos cooperados desde 1998 e temos muito orgulho de dizer que foi a primeira e única instituição financeira que procuramos para adquirir cartão de crédito, veículo, imóvel, fazer financiamentos e tantas outras possibilidades que já acessamos. Hoje temos nove chalés, todos construídos com recursos do Sicoob”, enaltece Anadria.

Intercooperação

Empoderar o cooperativismo em todos os seus ramos também é foco das coops financeiras. Em diversas ocasiões, elas intercooperaram, por exemplo, com cooperativas educacionais, do agro e de transporte. A coop gaúcha de infraestrutura e energia Certel tem como propósito melhorar a vida de seus associados e comunidades com serviços de eletrificação de qualidade e baixo custo. Ao acionar crédito com as unidades do Sicredi: Ouro Branco, Integração, Região dos Vales e Botucaraí (Soledade), a Certel pôde melhorar a distribuição de energia da região.

O presidente da coop, Erineo José Hennemann, considera que a parceria foi fundamental para a construção da hidrelétrica. “De forma inovadora geramos energia limpa e renovável, 100% cooperativa e que incrementa o emprego, renda e desenvolvimento regional. A prática da intercooperação foi reconhecida em nível nacional como exemplo de integração de negócios entre cooperativas. Tudo isso porque a poupança dos associados do Sicredi e da Certel viabilizaram a hidrelétrica, que aumentará em 30% a capacidade de geração de energia, além de reduzir a tarifa. Isso prova que o modelo de reaplicação das sobras gera mais benefícios aos associados”.

Crescimento

A cada ano o número de cooperativas de crédito cresce mais em favor dos brasileiros. Nos últimos quatro anos, o número de pontos de atendimento subiu de 4.929 para 7.247, evidenciando o coop financeiro como principal agente de atendimento físico no Brasil. São 818 instituições ligadas ao Sistema OCB, que geram mais de 89 mil empregos diretos. Em 275 municípios, as cooperativas são a única instituição financeira presente. De acordo com o coordenador do Ramo Crédito do Sistema OCB, Thiago Borba, as benesses destas cooperativas vão além da concessão de crédito ou captação de depósitos.

“A particularidade de estar próxima do cooperado e dele ser também dono é o grande diferencial das cooperativas de crédito. Não é por acaso que, por conta de seus diferenciais societários, seguem expandindo e em algumas regiões são as únicas que ofertam serviços financeiros. O cooperado é responsável pela cooperativa, ele participa e ajuda a definir seu futuro, onde serão feitos os investimentos para crescimento e expansão, para onde serão destinados os excedentes”, esclarece.

Borba complementa que o Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito (DICC), comorado sempre na terceira quinta-feira do mês de outubro, converge com as agendas positivas da OCB e do Banco Central do Brasil (BCB), que coloca para o setor indicações percentuais de crescimento de 20%, até 2030.  “Pelos olhos da própria autoridade reguladora, o cooperativismo de crédito desempenha importante papel de inclusão, justiça financeira e social”, frisa o coordenador.

O superintendente da Fundação Sicredi, Romeo Balzan, evidencia que a inclusão financeira provinda de cooperativas de crédito oportuniza o desenvolvimento da sociedade.  “Abrir novos postos de atendimentos é uma necessidade para levarmos a mais pessoas estes serviços. A presença física gera conexão com a comunidade, o que permite conhecer melhor as necessidades das pessoas de cada região”, defende.

Coop financeiro transforma comunidades

A independência financeira promovida pelas cooperativas de crédito empodera e transforma verdadeiramente as pessoas, e impacta diretamente na qualidade de vida das comunidades onde atuam. Em grandes centros urbanos é comum a diversidade de instituições desse tipo, mas nos rincões do país, são as cooperativas que oferecem soluções financeiras levando em consideração as demandas de cada associado. Mais do que crédito, elas levam atendimento humanizado, educação financeira, orientações de como investir melhor e, claro, ações sociais para a população local.

Os cooperados são unânimes em destacar que os recursos represados na comunidade promovem mais que desenvolvimento econômico e social, levam prosperidade. O cooperado da Cresol Minas Gerais, José Roberto da Silva Pereira, atua na agricultura familiar e conta que “as coisas mudaram para melhor” depois que a cooperativa chegou ao município de Espera Feliz (MG).

“A Cresol agregou de forma significativa nas nossas vidas e nos deu condições de buscar recursos, uma vez que não tínhamos nenhuma instituição financeira em Espera Feliz. Ela nos deu suporte para suprir nossas demandas e também orientação sobre a melhor forma de investir e aproveitar esses recursos. Isso melhora cada vez mais a nossa agricultura e, por isso, eu e minha família somos gratos por não termos mais dificuldades de acessar crédito. Tenho que elogiar também o tratamento amistoso, transparente e próximo da Cresol. Além disso, nossa participação nos rendimentos ao final de cada ano faz com que percebamos que o que volta para nós, agrega na nossa região, que valoriza nosso trabalho e nossos produtos”, relata.

Em Pernambuco, Vanusa de Holanda Lopes, associada do Sicredi Pernambucred, conta que buscava uma instituição que levasse em consideração o bem-estar de todos. Após tornar-se cooperada, mais que ter acesso ao crédito, ela se envolveu com ações sociais da coop e passou a integrar o comitê de mulheres da cooperativa.

“Eu não conhecia o modelo cooperativista, até ser apresentada ao Sicredi e ser bem acolhida, respeitada e ter minhas necessidades atendidas. No modelo tradicional, os bancos visam apenas o lucro e não se preocupam com a sociedade mais igualitária. O Sicredi segue na corrente oposta, onde até o que chamamos de sobras é compartilhada entre os associados. A cooperativa oferece todos os serviços de um banco e ao mesmo tempo investe em projetos que minimizam a desigualdade sociais, em conhecimento e em educação financeira, o que fortalece as bases”, descreve.

Sobre o comitê, Vanusa diz que sua colaboração “se debruça em fortalecer o crescimento das mulheres enquanto cidadãs, empreendedoras e das que estão em situação de vulnerabilidade social.  Essa prosperidade da instituição é também de muitas pessoas necessitadas e de muitos projetos em benefício da sociedade”.

Aila Fialho, cooperada do Sicoob Uni Sudeste, também declara sua satisfação. “A instituição contribui para a comunidade a partir do momento em que ela incentiva e fomenta campanhas de promoção social, como a iniciativa Salve Vidas [que beneficia hospitais da cidade de Viçosa], a arrecadação de alimentos e campanhas em datas especiais como no Dia das Crianças. A cooperativa é um agente que estimula a promoção social na comunidade”, reforça.

Em Morrinhos (GO), o cooperado do Sicoob Unicentro BR, Francisco Martins da Silva, garante que mudanças significativas aconteceram no município depois da chegada da coop.

“As cooperativas têm influído muito na sociedade de Morrinhos, porque participam e auxiliam muito a vida as pessoas. Temos muito o que elogiar, porque são as cooperativas que têm conhecimento para receber a gente bem e com boa assistência na área agrícola, que é o carro-chefe daqui. As sobras anuais distribuídas aos cooperados é outro diferencial que nos permite querer participar ainda mais.  Somos só elogios e desejos de muitas felicidades e de que todos continuem conosco prosperando”.

Expressão nacional

Dos 18,8 milhões de cooperados brasileiros, 13.956 deles estão vinculados às coops de crédito, segundo os dados do AnuárioCoop 2022, produzido pelo Sistema OCB. A superintendente, Tania Zanella, ressalta que o cooperativismo tem em seus princípios e valores a promoção de uma sociedade mais igualitária, ambientalmente correta e economicamente mais justa e que as cooperativas de crédito estão cumprindo esse papel em regiões que outras instituições não alcançam.

“O Dia Internacional do Cooperativismo de Crédito vem reforçar o desempenho das coops na inclusão e independência financeira de várias pessoas pelo mundo. Elas são o socorro mais próximo para quem mora em cidades mais afastadas. Com atendimento humanizado e atento às necessidades de cada cidadão, elas crescem ano após ano e retêm os recursos na cidade, na comunidade, onde estão inseridas. Isso é uma verdadeira irrigação da economia local. Mais que desenvolvimento econômico e social, as cooperativas são impulsionadoras da prosperidade em todo o mundo. Temos muito ainda a fazer, mas também muito a comemorar”, declara a superintendente.

O Banco Central do Brasil (BCB), órgão regulador, apoia as demandas cooperativistas e tem diálogo estreito com o Sistema OCB na construção e aprimoramento de políticas públicas que atendam o segmento. “Temos constatado o crescimento relevante do setor em ativos, carteiras de crédito e depósitos. Em junho de 2022, por exemplo, o crescimento da carteira de crédito cooperativo foi de 20%, enquanto que o das instituições convencionais foi de 17%. Vamos continuar trabalhando em sintonia para que o cooperativismo continue a crescer, pois é parte essencial nessa revolução financeira e digital”, parabeniza o presidente, Roberto Campos Neto.

O diretor de Coordenação Sistêmica e Relações Institucionais do Sicoob, Ênio Meinen, atribui o crescimento do movimento cooperativista a falta de interesse de outras instituições em levar agências a lugares mais longínquos. “O movimento cooperativo vem ocupando espaços deixados por outros atores do mercado que, além de desassistir as comunidades menores e economicamente menos atrativas, estão dando preferência ao atendimento remoto. A atuação presencial das cooperativas converge com o seu modelo de negócio, que é de proximidade e que tem forte engajamento comunitário”, destaca.

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