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Por que o cooperativismo é ideal para a Geração Z

A geração Z está tomando cada vez mais espaço na economia ao ocupar lugares no mercado de trabalho e por seus comportamentos de consumo. Em 2020, essa parcela da população já representava 40% dos consumidores globais, de acordo com estudos da McKinsey

As cooperativas precisam estar atentas à geração Z para conseguir atrair novos talentos, rejuvenescer os quadros sociais e proporcionar produtos e serviços atrativos. A boa notícia é que as cooperativas e a geração Z têm muita coisa em comum. 

Como o cooperativismo se adequa às tendências da Geração Z

A geração Z  abraça todos aqueles nascidos entre 1995 e 2010. Essa parcela da população é marcada pela presença total no mundo digital e o acesso a informações novas a cada instante. Os jovens dessa geração são superestimulados e acreditam na realidade simultânea, em que se podem realizar diversas atividades ao mesmo tempo. 

Além disso, essa geração possui alguns ideais muito definidos, como a diversidade, a inclusão, a priorização da qualidade de vida, o ativismo, o desejo de construir um mundo melhor e a cooperação. Nesse sentido, o cooperativismo pode se adequar totalmente às tendências dos jovens. 

A busca pelo propósito

Um fator muito importante para a geração Z é encontrar propósito nas suas funções do dia a dia. De acordo com um estudo da Deloitte, 86% dos jovens acreditam que enxergar propósito no seu trabalho é muito importante para sua satisfação profissional e bem-estar. 

Por isso, estar ligado a modelos de negócio como o cooperativismo - que é guiado por princípios e pensado para impactar positivamente a sociedade - consegue oferecer aos jovens os propósitos com os quais eles se identificam.

A importância do pertencimento

Outra característica da geração Z é a preocupação com o pertencimento. Os jovens buscam por oportunidades profissionais das quais tenham orgulho de pertencer e organizações em que se sintam motivados a participar ativamente dos projetos. 

O cooperativismo também se encaixa na busca por pertencimento da geração Z. Tendo em vista o impacto direto das cooperativas na comunidade e sua gestão democrática, fica mais fácil para os jovens se identificarem e se sentirem pertencentes a esse modelo tão participativo. 

Consumo consciente e sustentável

Uma grande preocupação da geração Z é o impacto ambiental. De acordo com o estudo da Deloitte, 25% dos jovens já cortaram relações com negócios cuja parte do modelo de produção não era sustentável. 

Os cuidados com o meio ambiente são parte da preocupação das cooperativas. O modelo cooperativista se preocupa com o impacto na comunidade em geral, desde aspectos sociais até ambientais. 

Impacto social e comunitário

Ainda de acordo com a pesquisa da Deloitte, 63% da geração Z compactua e acredita em negócios com o poder de promover igualdade social. Nesse quesito, as cooperativas se encaixam perfeitamente com o desejo por uma sociedade mais justa dos jovens. 

Pensando que o sétimo princípio do cooperativismo é o interesse pela comunidade, as atitudes das cooperativas são totalmente pensadas no impacto social. Assim, a geração Z pode encontrar propósito na sua vida profissional e se identificar com os valores da organização. 

Horizontalidade e gestão descentralizada

Em entrevista realizada durante o 15° CBC, o professor, palestrante e escritor Dado Schneider, falou sobre o novo modelo de gestão acatado pela geração Z. De acordo com Schneider, com o advento das redes sociais e, consequentemente, do fácil acesso à informação, a cadeia de comandos se tornou horizontal ao invés de vertical e centralizada. 

Esse é outro motivo pelo qual a geração Z se encaixa tão bem com o cooperativismo. O segundo princípio do cooperativismo gira em torno da gestão democrática e, por isso, os jovens conseguem se adaptar bem a esse modelo. 

Os desafios para trazer a Geração Z ao cooperativismo

Apesar de ideais similares, a taxa de adesão dos jovens ao cooperativismo ainda não é tão alta. Ainda existem alguns desafios que precisam ser superados visando uma maior participação da geração Z em cooperativas.

A comunicação com os jovens

Dado Schneider afirma que um grande problema do cooperativismo é não se comunicar propriamente com a geração Z. Segundo ele, muitas pessoas encaram esse grupo apenas como mais uma geração de jovens, mas se esquecem que essa parcela da população apresenta características únicas, nunca antes vistas. 

Por isso, é necessário que as cooperativas adequem sua comunicação com a geração Z, visando tornar o modelo cooperativista atrativo aos jovens. Por meio de alguns truques de linguagem simples, é possível aproximar as cooperativas dessa parcela da população. Como já existe um alinhamento de princípios, basta essa mudança de diálogo para gerar identificação entre o cooperativismo e a geração Z. 

Conhecer e entender seus valores

Para conseguir se comunicar com a geração Z é preciso entender seus valores e ideais. Muitos consideram essa nova parcela da população como os mais disruptores desde a época dos hippies e, por isso, eles têm seus princípios bem definidos e os levam muito a sério. 

As gerações mais velhas precisam manter a mente aberta para se adaptarem a algumas peculiaridades dos mais jovens, como sua preocupação com o impacto ambiental e social das organizações. 

É preciso, por exemplo, que as pessoas com mais experiência de mercado estejam dispostas a flexibilizar seu modo de pensar e produzir para abraçar os ideais dessa nova geração. 

A nova cultura do trabalho

Um ponto divergente da geração Z em relação às outras gerações é a cultura de trabalho. Os jovens trocaram o lema de antigamente de “viver para trabalhar” por “trabalhar para viver”. Por isso, a nova geração valoriza muito um estilo de vida saudável e faz questão de priorizar suas atividades pessoais. 

Além disso, a geração Z é extremamente preocupada com a manutenção da saúde mental, e evita atividades que possam atingi-la. Portanto, as cooperativas precisam adaptar e flexibilizar seu ambiente de trabalho para que ele se torne mais atrativo para os jovens. A adoção de benefícios focados no bem estar físico e mental e o modelo de trabalho híbrido são algumas das atitudes tomadas por organizações visando a retenção de talentos da geração Z. 

Cooperativas apostam na juventude

Muitas cooperativas já perceberam o poder da geração Z e como pode ser benéfico contar com esses jovens na base de cooperados e clientes. Por isso, muitas delas adaptaram sua comunicação e criaram projetos específicos para atração dessa nova geração. 

Núcleo Jovem Coplacana

A Coplacana fez um diagnóstico preocupante: a falta de engajamento dos jovens e a crescente idade de seus cooperados. Com um público predominantemente mais velho, a cooperativa viu a necessidade de atrair uma geração jovem.

A barreira geracional era evidente, com lideranças mais velhas dominando a cooperativa, o que levantava a necessidade de diversificar e integrar novas lideranças. O Núcleo Jovem Coplacana busca, portanto, aproximar as gerações mais novas, preparando-as para futuras posições nos conselhos administrativos e fiscais, criando uma sucessão eficaz e promovendo a perenização da cooperativa.

A cooperativa focou na faixa etária de 16 a 35 anos, compreendendo os indivíduos que estavam decidindo sobre suas carreiras e ainda podiam ser influenciados positivamente. A estratégia era garantir a continuidade da cooperativa ao envolver os jovens no agronegócio, tanto para assumir cargos internos quanto para se tornarem proprietários rurais. A abordagem não se limitava a agricultores, mas se estendia a diversas áreas, incluindo administração e direito. 

Juventude Cooperativista e Coonectada da Cresol

A fim de estimular a sucessão familiar e a integração das novas gerações ao cooperativismo, o Sistema Cresol desenvolveu os projetos Juventude Cooperativista e Juventude Conectada. Boa parte do quadro social da Cresol está em uma faixa etária mais elevada. Com isso, a organização não se preocupa apenas com a sucessão que ocorre dentro dos empreendimentos familiares, mas também com a da cooperativa, a fim de que os sucessores também se tornem cooperados. 

A principal iniciativa, atualmente, é por meio do projeto Juventude Conectada. Nela, jovens de todo o Brasil que sejam cooperados ou filhos de cooperados participam de uma jornada de aprendizagem on-line durante 14 semanas. Em 2023 o programa teve sua quarta edição. 

Ao todo, 1.284 jovens já passaram pelo programa Juventude Conectada e a cooperativa avalia que os resultados obtidos até então são extremamente satisfatórios. O envolvimento dos jovens com a cooperativa também aumentou e agora eles fazem parte dos conselhos de administração e fiscal, assim como se tornam Embaixadores Cresol, um projeto que busca conectar cooperados e comunidade. 

 

O cooperativismo é uma solução ideal para a geração Z, já que alinha os princípios de colaboração, inclusão e sustentabilidade com as expectativas e valores desses jovens. A geração Z valoriza negócios que promovam igualdade social, impactem a comunidade e possuam um modelo de trabalho mais democrático - valores presentes na lógica cooperativista. 

Portanto, as cooperativas oferecem um ambiente em que a geração Z possa se desenvolver não apenas profissionalmente, mas também pessoalmente, além de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

Unindo a visão inovadora dos jovens com os propósitos cooperativistas, se torna viável a  construção de uma sociedade cada vez mais justa e sustentável. O cooperativismo é não apenas uma alternativa viável, mas uma escolha estratégica que reflete profundamente as aspirações e o espírito dessa geração. É o match perfeito!

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Cooperativismo se aprende na escola: conheça o trabalho de coops educacionais

A professora paraense Alana Adinaele conheceu o cooperativismo bem cedo, ainda na infância, na Cooperativa dos Educadores Autônomos de Castanhal (CEAC), escola onde aprendeu as primeiras letras e palavras, na alfabetização. Anos depois, tornou-se professora, cooperada e hoje é diretora administrativa da instituição, que tem seis unidades e é referência na educação infantil e ensino fundamental no município, localizado na Região Metropolitana de Belém. 

“Foi uma experiência que moldou toda a minha trajetória. Eu já sabia que minha escola era diferente, que se preocupava com as pessoas, com o meio ambiente. Depois entendi que o fato de ela ser uma cooperativa tinha tudo a ver com o que ela representa para a comunidade, não só para os alunos e professores, mas para todo mundo em volta”, conta Alana. 

Com mais de 20 anos de atuação, a CEAC é uma das 213 cooperativas educacionais em funcionamento no país, que reúnem mais de 190 mil cooperados e geram cerca de cinco mil empregos diretos. Segundo dados do Sistema OCB, a maioria das escolas cooperativistas brasileiras são pequenas e médias, com até 500 matrículas. Em 2023, o segmento educacional cooperativista gerou R$802 milhões em receitas. Mas o principal resultado é outro: as coops educacionais têm ajudado a formar novos cooperativistas pelo Brasil. 

Nas escolas da CEAC, por exemplo, além da grade curricular tradicional, os estudantes têm aulas de cooperativismo e, por meio de atividades lúdicas, aprendem desde pequenos a valorizar a união, a solidariedade e a cultura de cooperação. 

“Esse é o principal diferencial de fazer parte de uma cooperativa educacional. Não é só a educação pela educação, mas como ferramenta para ajudar a formar pessoas mais conscientes, que se preocupam de fato com a sustentabilidade das pessoas e do planeta”, pondera Alana. 

O projeto pedagógico diferenciado da cooperativa paraense segue diretrizes do Cooperjovem, um programa nacional do Sistema OCB que estimula a inclusão do cooperativismo na grade de ensino regular de escolas públicas e privadas. 

A iniciativa promove a cultura da cooperação no ambiente escolar, incentivando o envolvimento de professores, estudantes, famílias e comunidade, com base em valores como voluntariado, autonomia e ajuda mútua.

O Cooperjovem é estruturado em quatro eixos temáticos: educação cooperativista, empreendedora, financeira e ambiental.

“O Cooperjovem tem como propósito formar protagonistas na construção de uma sociedade consciente, colaborativa e próspera. Entre as competências gerais que devem ser desenvolvidas ao longo da educação básica, a Base Nacional Comum Curricular [BNCC] destaca a empatia e a cooperação, que têm como objetivo formar sujeitos capazes de respeitar as diferenças, trabalhar em equipe, tomar decisões, realizar ações e projetos de forma cooperativa”, explica a gerente de Desenvolvimento de Cooperativas do Sistema OCB, Débora Ingrisano. 

Em 2019, uma pesquisa com professores, pais e alunos comprovou o impacto positivo do Cooperjovem para o aumento do nível de conhecimentos, habilidades e atitudes cooperativas. Ou seja, os estudantes que passam pelo programa desenvolvem competências colaborativas de forma mais significativa do que aqueles que não participam. 

Alana confirma essa transformação positiva na prática, e afirma que os resultados ultrapassam os muros da escola e beneficiam toda a comunidade local. “A gente vê os nossos alunos extremamente envolvidos em boas causas justamente por conta da cooperativa, vê nossos alunos consumindo produtos coop, alguns já querendo querendo constituir uma cooperativa. E isso é muito gratificante. Como professora de cooperativismo fico extremamente emocionada”, conta, orgulhosa a cooperativista, que também é  coordenadora geral do Comitê Nacional de Jovens do Sistema OCB, o Geração C

Minicidade cooperativista 

Na outra ponta do país, uma cooperativa educacional de Concórdia, em Santa Catarina, tornou-se referência nacional por um projeto inovador: uma minicidade cooperativista. Isso mesmo, a Cooperativa Educacional Magna - Colégio CEM  criou uma pequena comunidade com Prefeitura, Câmara de Vereadores, espaço cultural, biblioteca, centro de convenções, supermercado e cooperativas de crédito. A minicidade tem regras de trânsito e até eleição de prefeito.

Tudo pensado para que os estudantes e professores vivenciem experiências reais em que possam colocar em prática os princípios do cooperativismo. Na minicidade coop, os cerca de 500 estudantes do Colégio CEM são estimulados a aplicar valores como cidadania e cooperação em atividades que envolvem todas as disciplinas curriculares.

“Queremos que os nossos alunos desenvolvam valores e princípios que os levem a perceber e a efetivar mudanças de comportamento, de paradigma e a transformação de sua realidade política e social. Queremos incentivá-los a terem respeito com o outro e com a comunidade que está a sua volta”, explicou a presidente da cooperativa, Elizeth Pelegrini, em uma reportagem especial publicada pela Revista Saber Cooperar

Criado a partir da união de professores que formaram a cooperativa para evitar o fechamento da escola onde trabalhavam, o CEM já completou 26 anos formando novos cooperativistas e coleciona prêmios e reconhecimentos pela minicidade cooperativista e outros projetos pedagógicos. “Nós temos a oportunidade de vivenciar todos os dias o cooperativismo na nossa instituição. Os alunos podem colocar em prática o que aprendem em sala de aula e aplicar isso ao longo da vida”, acrescenta Elizeth.

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Bora entender mais sobre o cooperativismo?

Websérie detalha de forma simples e leve o que é, os princípios e como funciona o modelo de negócios 

Que tal conhecer um pouco mais sobre o cooperativismo e os diferenciais desse modelo de negócio que leva prosperidade para todos a sua volta? O SomosCoop acaba de lançar a websérie Bora Entender, planejada para explicar de forma simples e leve o que é, como funciona, onde o coop está presente e o que o tornou tão importante para o desenvolvimento social e econômico no Brasil e no mundo. A primeira temporada conta com quatro episódios no total e o primeiro, História e princípios do cooperativismo, já está disponível no canal do SomosCoop no Youtube.

 A união de pessoas para alcançar um objetivo econômico comum que gera oportunidades de trabalho, melhora a qualidade de vida de produtores rurais, leva infraestrutura para as mais diversas regiões do país, bem como outros benefícios inerentes ao cooperativismo são alguns dos pontos explorados no primeiro episódio. Além disso, são detalhados os sete princípios que regem suas atividades e um pouco da história que envolve a criação do movimento em 1844, na Inglaterra.  

Já o segundo episódio, Onde estão as cooperativas, explora o fato de que o cooperativismo está presente nas mais diversas atividades econômicas e em todas as regiões do Brasil, bem perto de todos. Ele cuida do desenvolvimento sustentável, leva comida às mesas da população, faz a diferença na saúde, atua no transporte de passageiros e cargas, oferece serviços bancários, internet e eletricidade para campo, gera empregos, contribui para a educação e muito mais. Tudo isso com um jeito mais humano, cuidados e atento ao que precisamos enquanto sociedade.  

Mas, Como funciona uma cooperativa na prática? O terceiro episódio detalha. Com ele, fica bem mais fácil entender como as cooperativas se organizam e desenvolvem suas atividades na prática. Os sete ramos de atuação são detalhados, assim como os requisitos necessários para formar, desenvolver e manter uma cooperativa forte e sustentável, com resultados positivos para seus cooperados e comunidades. Mostra ainda que, com boas práticas de gestão e governança, a coop pode prosperar e se transformar em uma gigante do setor, inclusive desenvolvendo seu potencial em mercado além das fronteiras brasileiras.  

E Será que o coop é bom para mim? Com certeza! O último episódio da websérie destaca como o modelo de negócio oferece benefícios para todo mundo que busca um mundo mais justo e próspero.  Para quem escolhe ser cooperado, o coop é a certeza de poder participar das decisões de forma democrática e usufruir da força de fazer junto. Para quem busca trabalho, o cooperativismo é uma excelente opção e está sempre a procura de profissionais inovadores e com coragem de pensar e de fazer diferente. E, para quem compra, o coop entrega qualidade, preço justo e responsabilidade socioambiental.  

Ficou inspirado para saber mais e descobrir outros detalhes sobre o cooperativismo?

Então, acesse já o primeiro episódio da websérie e aguarde os demais toda quarta-feira no nosso canal. 

Juntos, SomosCoop! 

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Negócios com propósito? O cooperativismo tem!

A solidariedade está na essência do cooperativismo e orienta o nosso jeito de fazer negócios, gerar trabalho e renda. No coop, os resultados só fazem sentido com  responsabilidade social, compromisso que diferencia as cooperativas das empresas convencionais e que fazem do nosso modelo a melhor opção para a economia do presente e do futuro, com atuação ética e sustentável. 

Para as cooperativas brasileiras, a sustentabilidade não é apenas uma tendência, uma palavra bonita. É um compromisso essencial, um objetivo tanto econômico quanto social.  Estudos comprovam que onde tem cooperativa, a economia local se desenvolve mais, com benefícios diretos para a comunidade.

Seja por meio da geração de emprego ou pelo estímulo ao comércio local, ao exercer suas atividades, as cooperativas acabam investindo recursos nas comunidades. E algumas coops vão além, impactando ainda mais a fundo a vida de cada indivíduo e construindo laços entre pessoas.

Quando o Rio Grande do Sul passou por inundações causadas pelas fortes chuvas que atingiram o estado em maio deste ano, o movimento cooperativista prontamente se uniu para trabalhar pela reconstrução do que foi perdido. As ações seguem em andamento e mobilizam os sete ramos, seja por meio de doações, parcerias com entidades e prefeituras, oferta de recursos emergenciais e presença física em centros de distribuição.

Respeito à tradição

O cooperativismo é a melhor alternativa para quem deseja fazer negócios de forma honesta, digna e com respeito à diversidade.

Foi assim que surgiu, em fevereiro de 2019, a Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte, a Coopaflora. A coop abraça a pluralidade dos povos indígenas, quilombolas e assentados dos municípios de Alenquer e Oriximiná, no Pará; e de Nhamundá, no Amazonas. 

A região de atuação da Coopaflora é considerada uma das mais conservadas da Amazônia brasileira. E a cooperativa tem participação direta nisso, por promover a extração sustentável de frutos como pimenta, cumaru, andiroba e copaíba. Os processos são realizados seguindo a tradição indígena, em uma jornada que requer preparo e experiência, como na extração da castanha-do-pará, quando os extrativistas passam dias na mata buscando os frutos da castanheira. 

Em pouco mais de cinco anos, a cooperativa passou de 36 para 100 cooperados. Segundo a presidente da Coopaflora, Daiana Silva, aproximadamente 400 famílias se beneficiam das atividades nos territórios onde a coop está. “Manter a floresta em pé gera uma economia sustentável”, afirma. 

“O cooperativismo dá oportunidade para várias famílias venderem o que produzem de forma digna e ética, valorizando a todos”, complementa Daiana. Exemplo disso é a rastreabilidade dos frutos: quem compra castanha da Coopaflora consegue identificar a história por trás daquele produto, de qual território ele saiu, se quilombola ou indígena, e como chegou ao mercado. 

Esse tipo de informação é cada vez mais valorizado pelo consumidor consciente. Segundo a especialista em estratégia empresarial e sustentabilidade Claudia Leite, o propósito de um negócio gera sensação de confiança entre os envolvidos.  “É a razão fundamental para que aquela organização exista, a diferença que ela faz no mundo. É aquilo que ela executa todos os dias para gerar valor para todos aqueles que impactam ou são impactados no negócio”, destaca Claudia. “E gerar valor para o negócio aumenta valor de mercado, reputação,  retorno financeiro e crescimento”, acrescenta. 

Construindo propósito

Mas qual o caminho para chegar a negócios com propósito? De acordo com a especialista, o primeiro passo é definir qual a cultura e as políticas organizacionais que vão nesse sentido, e nisso o cooperativismo sai na frente, porque é um sistema econômico baseado em princípios. “Eu vejo o cooperativismo como uma gestão virtuosa que, na essência, já nasce a partir de seus princípios, de seus valores, muito alinhado com aquilo que se espera do propósito de uma organização”, afirma. 

Segundo Claudia Leite, a cultura de um negócio tem a ver com normas e valores que vão determinar como os colaboradores e demais participantes irão agir. Ela orienta tanto o comportamento interno quanto a relação com os consumidores e a comunidade. E tudo isso precisa ser refletido em ações, para que a sustentabilidade seja, de fato, uma realidade, não apenas uma aspiração ou uma maquiagem de responsabilidade social e ambiental. 

No mercado, há um termo para quem cria ações sustentáveis de pouca ou nenhuma aplicação prática: greenwashing. São geralmente marcas que fazem marketing sobre suas ações de sustentabilidade, mas não conseguem comprová-las com certificações de sustentabilidade reconhecidas nem oferecem meios de provas práticas de preservação do meio ambiente e respeito às pessoas.

O cooperativismo, por essência, sabe disso e preza por iniciativas sólidas e verdadeiramente conscientes. “É um modelo de negócios que é essencialmente sustentável e também correto em toda a maneira que ele faz essa gestão e esse compartilhamento das responsabilidades. No cooperativismo de crédito, por exemplo, há o compartilhamento inclusive dos resultados”, pondera a especialista.

 

Oportunidade para todos

A Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe) também é exemplo de coop que surgiu com propósito. Formada por mulheres custodiadas do sistema penitenciário em Ananindeua (PA), a Coostafe nasceu do sonho da diretora do Centro de Recuperação Feminino, Carmen Botelho, em 2014. 

Sensibilizada com as condições de vida das mulheres e o interesse delas em estudar e trabalhar, Carmen se mobilizou e, com apoio do Sistema OCB/PA, criou a cooperativa na intenção de gerar trabalho e renda para que elas pudessem sustentar suas famílias. 

Tudo começou com um curso de qualificação profissional de artesanato. Após a formação, as cooperadas começaram a produzir suas peças com máquinas de costura doadas por uma cooperativa da Polícia Militar local. Todo o material criado foi vendido em uma feira e o valor arrecadado foi inteiramente distribuído entre as novas empreendedoras.

Atualmente, a Coostafe é formada por cerca de 30 mulheres em privação de liberdade que trabalham na criação de peças de artesanato, costura, pintura e bordado. A produção é vendida em feiras e mostras de artesanato em todo o estado. Mais de 200 mulheres já participaram da cooperativa desde a sua fundação. 

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Chega ao fim a terceira temporada do SomosCoop na Estrada

Oito episódios revelaram como o trabalho do cooperativismo muda realidades em todo o país 

A terceira temporada do SomosCoop na Estrada terminou e, junto com as duas primeiras, já são mais de 24 mil quilômetros percorridos pelo Brasil, e 360 horas de gravações. Foram oito histórias inspiradoras que mostraram, mais uma vez, como o cooperativismo é capaz de transformar vidas.  

Durante essa temporada, a equipe passou por Pernambuco, Sergipe, Mato Grosso e Rio de Janeiro para contar sobre o impacto positivo do trabalho cooperativo nas comunidades. 

No primeiro episódio, a jornada começou em Cabaceiras, na Paraíba, onde a cooperativa Arteza se destaca pelo trabalho com couro, na produção de acessórios de alta qualidade com métodos sustentáveis. O segundo, seguiu viagem pelo Nordeste e levou o público ao Vale do São Francisco, em Pernambuco, para conhecer a Coopexvale, uma cooperativa agrícola que surpreende pela capacidade de produzir até duas safras e meia de uvas por ano, com foco em exportação e qualidade. 

Em uma nova passagem pela Paraíba, o terceiro episódio destacou a Unimed de João Pessoa, que não só oferece serviços de saúde, mas também desenvolve importantes projetos sociais, como o Mãos que Apoiam, em prol das mulheres com câncer de mama. Já em Sergipe, a quarta visita apresentou a Cercos, uma cooperativa que ilumina 16 povoados no município de Lagarto, e ainda desenvolve projetos de perfuração de poços artesianos, que beneficia milhares de famílias. 

O Rio de Janeiro compôs o cenário do quinto episódio, onde três cooperativas – Data Coop, Coopas e Libre Code – se uniram para oferecer um modelo de negócios inovador, especialmente para profissionais que buscam alternativas ao empreendedorismo tradicional. O próximo episódio, o sexto da temporada, chegou a Mato Grosso, onde equipe visitou a Cooperfibra, uma cooperativa agrícola que se destaca pela produção sustentável de soja, milho e algodão, e que é uma das principais produtoras de grãos entre as cooperativas do Ramo Agro. 

No Espírito Santo, a rota incluiu a Cooperativa de Transporte Sul Serrana, que realiza transporte escolar em nove municípios, com benefícios e segurança para os cooperados e para os estudantes. Por fim, o último episódio mostrou a Cafesul, também no estado capixaba, que produz a linha especial de café Póde Mulheres, totalmente cultivada e processada por mãos femininas, que promovem o desenvolvimento econômico e social na região. 

Saiba Mais: 

YouTube: SomosCoop na Estrada 

https://www.somos.coop.br/na-estrada 

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