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Cada vez que a enfermeira Cacilda Viana precisava levar os filhos, que têm Transtorno do Espectro Autista (TEA), a um hospital, ela enfrentava obstáculos que a maioria das pessoas nem imagina. A luz excessiva, os sons, as texturas e a movimentação do ambiente provocavam hipersensibilidade nas crianças, uma característica de algumas pessoas com TEA. A experiência pessoal levou Cacilma a propor um projeto inovador de saúde inclusiva à Cooperativa de Trabalho dos Profissionais de Enfermagem e Técnicos Hospitalares (Viddamed), da qual é coordenadora desde 2024.
“Por causa desses estímulos sensoriais, raramente vamos a shoppings, supermercados, porque é muito sofrimento para eles, então é melhor não ir. Mas ao hospital a gente precisa ir por necessidade, seja para realizar alguma terapia ou mesmo para uma consulta de rotina. E, infelizmente, esses ambientes não estão preparados para pessoas com TEA, além de todo o preconceito que já sofremos”, afirma Cacilma, que também recebeu diagnóstico de autismo em 2012, aos 34 anos.
“Não vou dizer que minha vida ficou mais fácil a partir do diagnóstico, mas comecei a entender porque tenho algumas características, algumas dificuldades em determinadas áreas e também certas facilidades neurológicas. Mas também comecei a me excluir de alguns lugares por causa do olhar preconceituoso”, lembra. Além de enfermeira, Cacilma é professora, bacharel em música clássica e atualmente cursa um doutorado em Ciências da Saúde.
Conhecendo a realidade das pessoas com TEA de perto, a cooperada ajudou a Viddamed a desenvolver um serviço de saúde inclusiva adequado às especificidades desses pacientes. A iniciativa começou a ser implementada em Ceilândia, cidade do Distrito Federal a cerca de 40 quilômetros de Brasília.
“Quando uma criança com autismo chega aqui, primeiro ela é acalentada. Depois fazemos o possível para que ela possa se sentir acolhida, reduzimos a iluminação, trazemos balões, às vezes até um bolinho. Tudo isso para que ela possa receber o atendimento médico ou realizar um exame, uma terapia”, explica a coordenadora da coop.
Atualmente, o atendimento inclusivo da cooperativa Viddamed beneficia cerca de 40 pacientes. Com cerca de 700 profissionais de saúde cooperados e atuação em Brasília e Goiânia, a coop se prepara para expandir o projeto. Uma das estratégias para isso, segundo o presidente da cooperativa, Danilo Câmara, é oferecer o serviço em cabines sensoriais móveis, que poderão ser levadas a locais como unidades de saúde, escolas e centros de terapia. A cabine é projetada com iluminação e cores suaves, materiais táteis e elementos visuais simples.
“Entregamos ao governo do Distrito Federal, de forma voluntária, um projeto piloto para começar a trabalhar com a cabine em uma cidade, mas já estamos conversando para que o projeto chegue às 15 regiões administrativas mais vulneráveis do DF. Nossa iniciativa ganhou uma dimensão enorme, com potencial para beneficiar 50 mil pessoas, entre pacientes e suas famílias”, afirmou.
A primeira cabine sensorial da Viddamed deve ser inaugurada ainda em 2025, de acordo com o presidente da cooperativa. A estrutura poderá ser utilizada para realização de consultas, tanto presenciais como remotas, e para contenção de crises de pacientes nos locais onde estarão posicionadas. Além de garantir ambiente inclusivo para pessoas com TEA, o objetivo da cooperativa é promover a capacitação de profissionais de saúde com conhecimento técnico-científico para melhorar o atendimento.
Segundo Cacilma, o acolhimento especializado faz toda a diferença, inclusive para que as pessoas com autismo tenham seus direitos reconhecidos e possam ter qualidade de vida além do ambiente hospitalar.
“Também é parte do nosso trabalho apoiar as famílias das pessoas com autismo a conseguir o laudo de diagnóstico, que pode chegar a custar R$ 6 mil, e até a ter acesso a coisas mais simples, como o cordão de identificação do autismo”, conta. Estampado com peças coloridas que formam um quebra-cabeças, o cordão é um símbolo do autismo reconhecido mundialmente e facilita a identificação de pessoas com TEA para acessar direitos como atendimento prioritário.
“Esse projeto é uma das nossas formas de contribuir com o princípio cooperativista do interesse pela comunidade. O objetivo principal da cooperativa é gerar renda para os seus associados, mas também temos a obrigação de dar retorno para a sociedade. Temos que colocar nosso trabalho a serviço das pessoas e aproveitar nossa expertise, nossa capacidade profissional, para fazer entregas que beneficiem a comunidade, e tem sido um processo extremamente gratificante para todos os cooperados”, afirma o presidente da Viddamed.
Além das palavras
Iniciativas de saúde inclusiva para pessoas com deficiência fazem parte da atuação de cooperativas de saúde em várias partes do país e em diversas áreas. No interior de São Paulo, a Unimed Catanduva promove cursos de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para seus colaboradores, promovendo acessibilidade e comunicação inclusiva no atendimento a pessoas surdas.
Em 2019, a cooperativa de saúde paulista fez parte de uma história emocionante: um parto totalmente traduzido em libras que permitiu que os pais surdos acompanhassem cada momento da chegada da filha sem escutar uma palavra.
Desde o começo da gestação, Alani Cristina Melo e o marido dela, Claudinei Melo, foram acompanhados por profissionais da cooperativa de saúde com um pré-natal 100% inclusivo, com a presença de uma intérprete de Libras nas consultas e no curso de gestantes. Com a tradução, Alani recebeu acompanhamento de nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros e médicos, assim como todas as pacientes grávidas atendidas pela cooperativa.
“A ideia surgiu, no começo, da necessidade. Precisávamos de uma ponte de comunicação entre os nossos profissionais e o casal. Mas decidimos ir além. A gente via que a alegria das mães, na sala de parto, é escutar o choro da criança. E queríamos que a Alani sentisse a mesma emoção, mesmo sem conseguir ouvir”, explicou o médico Matheus Schuerewegen, um dos idealizadores do projeto de intérpretes no parto, em entrevista à revista Saber Cooperar.
No dia do parto, a emoção tomou conta de todo o centro cirúrgico do Unimed Hospital São Domingos (UHSD), que pertence à Unimed Catanduva. Com mais de 20 anos de experiência como intérprete da linguagem dos sinais, a arte-educadora Nani Oliveira ficou encarregada de transmitir ao casal toda a emoção do que estava acontecendo: da aplicação da anestesia até o momento da chegada da pequena Elaine Cristina ao mundo.
Com a tradução, os pais puderam entender e acompanhar cada passo do parto e se emocionar com a chegada da filha, mesmo sem escutar o choro do bebê. Depois da experiência de saúde inclusiva com a família de Elaine e Claudinei, o atendimento em Libras na Unimed Catanduva foi ampliado e os colaboradores seguem recebendo capacitação para esse trabalho. Além disso, partos com interpretação em Libras passaram a ser realizados por outras cooperativas de saúde do Sistema Unimed em vários estados do país.
Leia a história completa na edição 27 da revista Saber Cooperar.
Cuidado com empatia
Na capital da Paraíba, a Unimed João Pessoa tem mais exemplos de como as cooperativas de saúde atuam com foco nas pessoas, priorizando o aspecto humano no cuidado com os pacientes. Em meio a investimentos recentes em tecnologia e modernização de suas estruturas, a cooperativa fez questão de desenvolver projetos que priorizam o bem-estar e a integração entre médicos cooperados e clientes.
Um deles é a Terapia Assistida por Animais, em que os pacientes da cooperativa de saúde recebem a visita de cães durante os períodos de permanência nas unidades hospitalares. “É um projeto de saúde inclusiva especialmente importante para crianças, ou seja, no setor de pediatria, e também para os idosos. A presença dos cães faz esse resgate de bons momentos, e isso faz com que substâncias sejam liberadas para que o corpo vença os processos, sejam infecciosos ou traumáticos, da internação”, explica o médico Eduardo Sérgio Soares, coordenador do projeto.
Em outra iniciativa para promoção do cuidado de saúde humanizado, a Unimed João Pessoa criou o Espaço Vida, um ambiente bem diferente de um hospital, cercado por jardins, onde a cooperativa oferece terapias integrativas, que harmonizam a saúde física e mental. Conheça mais sobre os projetos no episódio da série SomosCoop na Estrada sobre a atuação da Unimed João Pessoa.
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Em 1966, cansados de esperar que a rede de energia elétrica chegasse à zona rural de Ijuí, no interior do Rio Grande do Sul, um grupo de pequenos produtores se uniu para fundar uma cooperativa de eletrificação rural. Na época, o objetivo era levar luz a 160 propriedades e ajudar os agricultores a desenvolver os negócios familiares e a ter mais comodidade em casa. Quase 60 anos depois, a Cooperativa Regional de Energia e Desenvolvimento Ijuí (Ceriluz) segue firme em sua missão de iluminar as comunidades da região, com 15 mil associados espalhados em 23 municípios, apenas três deles em perímetro urbano.
“Naquele momento, o estado não tinha interesse em atender o meio rural com a rede elétrica, pelas dificuldades e pelo custo elevado. Então, as cooperativas surgiram para levar energia ao interior e promover o desenvolvimento da zona rural. Hoje a energia cooperativa está em quase todas as cadeias produtivas da região. Temos associados que trabalham com leite, agricultura, pecuária, tudo com nossa energia envolvida”, conta o presidente da Ceriluz Distribuição, Guilherme Schmidt de Pauli.
Com o crescimento, a Ceriluz se dividiu em três braços: distribuição, geração e internet. Atualmente, a cooperativa possui dez usinas próprias: nove hidrelétricas e uma termelétrica renovável, que utiliza casca de arroz como matéria-prima. A rede de energia cooperativa não apenas viabiliza a expansão de negócios, mas, de fato, muda a vida das famílias.
“Temos o caso de uma associada que as duas filhas tinham ido estudar em outro estado e ela ficou tocando a produção familiar de morangos. A propriedade estava em decadência, no entanto, após a visita das filhas no final de 2023, isto mudou. Surpresas com a qualidade da energia cooperativa e da internet, decidiram ficar e desenvolver o empreendimento. Atualmente, a família emprega mais de 50 funcionários”, destaca Schmidt.
Energia cooperativa com propósito
Em seis décadas de atuação, a Ceriluz é um exemplo de como as cooperativas de infraestrutura – setor que inclui as de geração e distribuição de energia – têm transformado a vida de milhões de brasileiros. Assim como em Ijuí, em muitos outros municípios do país, quando nem o poder público nem as empresas se interessavam em levar luz ao interior, foram as cooperativas que permitiram a troca de lampiões e lamparinas pela eletricidade.
Em todo o Brasil, o cooperativismo é responsável por gerar e distribuir energia elétrica, além de fornecer serviços de telecomunicação, a mais de 800 municípios, segundo o Anuário Coop 2024, garantindo a inclusão produtiva e digital de milhões de pessoas. De acordo com dados da Confederação Nacional das Cooperativas de Infraestrutura (Infracoop), 67 cooperativas de energia elétrica espalhadas pelo país atendem a mais de 778 mil usuários. Em 2023, foram responsáveis pela distribuição de cerca de 5 bilhões de quilowatt-hora (kWh) de energia cooperativa. Tudo isso com um modelo de negócios justo e com foco nas pessoas.
“No cooperativismo de infraestrutura, assim como em todos os setores em que atuamos, o senso de pertencimento do associado é muito vivo e há muita preocupação com o atendimento. Falando especificamente do nosso sistema, é muito diferente ser associado de uma cooperativa ou receber energia de uma concessionária. Como essas empresas têm uma gama muito grande de consumidores, não existe a preocupação com o associado. Nas cooperativas, o associado é o dono do negócio e é tratado como tal”, destaca o presidente da Ceriluz.
Mais acesso a renováveis
Enquanto a Ceriluz representa um exemplo clássico de cooperativa de eletrificação rural, outras cooperativas do setor, como a Cogecom, do Paraná, atuam para levar energia cooperativa limpa e acessível para mais pessoas por meio da geração compartilhada. Embora diferentes, ambas promovem o desenvolvimento sustentável, geram empregos e a independência energética de comunidades.
A Cogecom, cooperativa de geração compartilhada criada em Curitiba, tem cerca de 90% de suas usinas parceiras localizadas no interior do estado ou zonas rurais. Na geração compartilhada, a energia é produzida de forma descentralizada, o que permite a implantação de usinas renováveis fora das concessionárias tradicionais.
Esse modelo de negócio viabiliza, por exemplo, que um morador de apartamento possa ter acesso a energia solar mesmo sem poder instalar as placas fotovoltaicas em sua residência. A cooperativa produz a energia renovável, que ingressa no sistema interligado e gera um crédito equivalente na conta de luz do cooperado.
“A Cogecom tem por meta ampliar o alcance da energia cooperativa renovável tornando-a acessível a todos, incluindo regiões distantes ou de difícil acesso, e sua atuação vai além de apenas oferecer uma alternativa energética mais econômica, está também ligada à sustentabilidade”, explica a gerente de Marketing da Cogecom, Cleide Marchi.
Atualmente, a Cogecom atende mais de 60 mil unidades consumidoras, espalhadas por oito estados brasileiros e tem parceria com cerca de 1,8 mil usinas renováveis. Em média, cada cooperado economiza cerca de 20% na conta de luz. Segundo Cleide Marchi, este resultado faz parte de uma tendência, porque as cooperativas de energia compartilhada têm se destacado como uma alternativa sustentável e capaz de oferecer preços competitivos em todo o Brasil.
“A cada dia, mais empresas e residências aderem a essa revolução energética que está transformando o país. A economia gerada não apenas alivia as finanças dos cooperados, mas também possibilita o reinvestimento em seus negócios, aumentando a competitividade e melhorando a qualidade de vida”, aponta a gerente.
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A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025 como Ano Internacional das Cooperativas, uma oportunidade para que o mundo inteiro conheça mais sobre o cooperativismo e como esse modelo de negócio transforma a vida das pessoas e comunidades com empreendimentos coletivos que produzem de forma justa e sustentável. As cooperativas brasileiras já estão se preparando para a celebração global e pretendem aproveitar o período para conquistar mais cooperados, expandir negócios e garantir visibilidade para o trabalho que realizam em todos os setores da economia.
O lançamento oficial do Ano Internacional das Cooperativas aconteceu no dia 25 de novembro em Nova Delhi, na Índia, durante a Conferência Cooperativa Global da Aliança Cooperativa Internacional (ACI). O tema do reconhecimento da ONU é “Cooperativas constroem um mundo melhor” e resume o papel das cooperativas para transformar a vida dos cooperados e das comunidades em que atuam por meio da geração de trabalho e renda, do desenvolvimento da economia local, de programas de impacto social e do cuidado com o meio ambiente.
A marca oficial do evento, desenvolvida pela ONU, simboliza pessoas unidas ao redor do mundo, em conexão umas com as outras, representando a atuação global das cooperativas. As cores vermelho, verde e azul representam Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) diretamente ligados à atuação das cooperativas.
Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, o reconhecimento da ONU é uma oportunidade para o cooperativismo se consolidar como uma alternativa socioeconômica viável para o desenvolvimento de pessoas e comunidades ao redor do mundo.
“O cooperativismo já reúne 1 bilhão de pessoas, mais de 12% da população mundial. É hora de mostrar que nosso jeito de produzir e de gerar trabalho e renda pode alcançar ainda mais pessoas e o Ano Internacional será um grande momento para isso. As cooperativas reúnem desenvolvimento, impacto social e cuidado com o meio ambiente. É a combinação para negócios do presente e do futuro que queremos”, afirma.
Segundo Lopes de Freitas, o engajamento das cooperativas brasileiras nas ações do Ano Internacional das Cooperativas é essencial para fortalecer a mobilização global e multiplicar os resultados esperados para o cooperativismo em todo o mundo.
Inclusão e sustentabilidade
No interior de Goiás, os cooperados da Cooperativa Mista Agropecuária do Rio Doce (Coparpa), trabalham diariamente para construir um mundo melhor, colocando em prática o tema do reconhecimento da ONU. Formada por 2,3 mil agricultores familiares da região de Jataí, a cooperativa produz soja como matéria-prima para o Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), uma iniciativa federal de fomento ao combustível renovável.
“Nós construímos um mundo melhor incluindo os pequenos produtores no mundo dos negócios. Na cadeia produtiva do biodiesel, beneficiamos os agricultores e toda a sociedade que utiliza essa fonte de energia mais limpa”, afirma o presidente administrativo da Coparpa, Roberto Garcia.
Além do grão para o biocombustível, a cooperativa goiana trabalha com a produção de leite e hortifruticultura, e disponibiliza loja agropecuária, fábrica de ração e supermercado para apoiar os cooperados. A Coparpa pretende aproveitar o Ano Internacional das Cooperativas para buscar novos parceiros de negócios no mercado do biodiesel e parcerias para acessar novas tecnologias disponíveis para o setor.
“A Coparpa trabalha fazendo sua parte pelo fortalecimento do cooperativismo nacional e internacional. Onde tem uma cooperativa, os produtores têm crédito, têm assistência. Esse é o nosso papel, ajudar quem produz a aprimorar seu conhecimento e levar para suas famílias o melhor, conquistado por meio do trabalho na cooperativa”, destaca o presidente.
Da Amazônia para o mundo
Em Roraima, a Cooperativa Agropecuária dos Cinco Polos (Coopercinco) também tem mostrado no dia a dia como o cooperativismo constroi um mundo melhor por meio do trabalho e da inclusão produtiva.
Fundada há 18 anos por um grupo de agricultores familiares da zona rural de Boa Vista, a cooperativa hoje tem mais de 800 cooperados e produz uma lista extensa de produtos, com quase 30 itens entre frutas, verduras e legumes, além de ovos e mel. Parte da produção vai para a merenda escolar do município, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), em que a prefeitura compra diretamente da cooperativa.
Para o Ano Internacional das Cooperativas, o presidente da Coopercinco, Sergio Medeiros, espera expandir negócios, inclusive para o mercado internacional, e mostrar os benefícios do modelo cooperativista para mais cooperados e consumidores. “Esperamos que no Ano Internacional das Cooperativas 2025, o cooperativismo se destaque cada vez mais no mundo, por se tratar de um modelo de negócio em que a democracia, a gestão participativa e a coletividade se destacam. O cooperativismo é uma potência, precisamos dar mais visibilidade ao que fazemos e produzimos”, pondera.
Para os cooperados, Medeiros afirma que o objetivo para 2025 é continuar melhorando a vida de quem produz para gerar um efeito em cadeia de desenvolvimento da economia local. “A Coopercinco vai seguir promovendo a igualdade e inclusão social por meio da cooperação, permitindo que os cooperados tenham voz nas decisões da cooperativa, com oportunidades para todos.”
Saiba mais sobre o Ano Internacional das CooperativasPor que a ONU decidiu dar destaque ao cooperativismo em 2025? A ONU reconhece o cooperativismo como um modelo de negócio justo e capaz de apoiar as pessoas e comunidades com desenvolvimento econômico e social. Na resolução que oficializou o Ano Internacional das Cooperativas 2025, a ONU também destacou o papel das cooperativas para a erradicação da fome e da pobreza e para o combate às mudanças climáticas. O que vai acontecer? Durante 2025, a ONU incentivará e apoiará seus 195 países-membros a adotarem medidas de fortalecimento e promoção das cooperativas em suas realidades locais. Serão promovidas ações de cooperação técnica e transferência de conhecimento e uma forte inserção dos representantes das cooperativas em instâncias de tomada de decisão em contextos nacionais, regionais e internacionais. Quais os resultados esperados? Em 2012, na primeira vez que a ONU dedicou um Ano Internacional às cooperativas, houve um aumento da conscientização mundial sobre o papel das cooperativas para o desenvolvimento sustentável, de acordo com a Aliança Cooperativa Internacional (ACI). Atualmente, há 3 milhões de cooperativas em todo o mundo, que reúnem mais de 1 bilhão de cooperados, geram 280 milhões de postos de trabalho e movimentam cerca de US$ 2 trilhões na economia global. |
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A Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas (IYC 2025). A decisão, unânime entre os países-membros, reforça o papel das cooperativas na construção de um futuro mais inclusivo e sustentável, ao mesmo tempo que reconhece sua capacidade de transformar comunidades, combater desigualdades e enfrentar os desafios globais mais urgentes.
Esse momento celebra a trajetória e a contribuição do movimento cooperativista, que é reconhecido por promover inclusão social, igualdade de gênero, erradicação da pobreza e soluções efetivas para questões como a fome e as mudanças climáticas. As cooperativas são um modelo de negócios que alia impacto econômico e social, e representa um motor de oportunidades e desenvolvimento para milhões de pessoas ao redor do mundo.
Um mundo melhor
O tema escolhido para o Ano Internacional foi Cooperativas Constroem um Mundo Melhor, e ressalta a relevância desse modelo econômico na superação de desigualdades e no combate à escassez de recursos. Destaca também a capacidade das cooperativas de acelerar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente nos pilares de erradicação da pobreza, promoção de trabalho decente e crescimento econômico sustentável.
A cerimônia de lançamento oficial, realizada pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI), em Nova Délhi, na Índia, nesta segunda-feira (25), marcou o início das celebrações e debates globais sobre o modelo de negócios, e reuniu líderes do setor e autoridades internacionais, como António Guterres, Secretário-Geral da ONU, Ariel Guarco, presidente da ACI, e o Primeiro-Ministro indiano, Narendra Modi. O evento reforçou o compromisso das cooperativas com a construção de soluções para os principais desafios do planeta.
Referência global
Com mais de 4 mil cooperativas registradas, o Brasil ocupa posição de destaque no cenário global. O movimento brasileiro conta com uma capacidade única de transformar comunidades e gerar impacto positivo. Estudos mostram que a presença de uma cooperativa no país pode aumentar em até 18,5% o PIB per capita de um município, o que demonstra sua força econômica e social.
O cooperativismo se posiciona, ainda, como protagonista no enfrentamento às mudanças climáticas. Durante a COP29, realizada no Azerbaijão, o movimento marcou presença em debates sobre finanças sustentáveis e soluções climáticas e, com a COP30, programada para ocorrer no Brasil, em Belém (PA), o cooperativismo nacional já se prepara para apresentar ao mundo suas práticas inovadoras e sustentáveis.
O Ano Internacional das Cooperativas será, assim, o momento certo para reforçar a importância de um modelo de negócios que une impacto econômico, justiça social e sustentabilidade.
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O cooperativismo brasileiro será bem representado na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP29, que acontece em Baku, no Azerbaijão, entre os dias 11 e 22 de novembro. Com o objetivo de apresentar ao mundo iniciativas sustentáveis, o Sistema OCB, entidade de representação máxima do cooperativismo no Brasil, e diversas cooperativas, como Cooxupé, Coopercitrus, Sicoob, Sicredi e Cresol, participam de painéis no dia 19 de novembro, com temas de grande relevância para o futuro do planeta e do setor.
Por que o cooperativismo na COP29?
A presença de cooperativas brasileiras na COP29 tem o propósito de mostrar o papel do movimento na busca por soluções que equilibrem o desenvolvimento econômico, a preservação ambiental e a inclusão social. Com ações concretas que promovem o uso responsável dos recursos naturais e apoiam a adoção de práticas sustentáveis, o cooperativismo do Brasil é referência para o mundo quando o assunto é o cuidado com o meio ambiente.
Participação
No painel Cooperativismo e Finanças Sustentáveis, as cooperativas de crédito Sicoob, Sicredi e Cresol irão falar sobre como as finanças verdes, isto é, investimentos voltados para práticas sustentáveis, estão transformando o cenário no Brasil. Esses investimentos, que vão desde o financiamento de energia renovável até práticas de baixa emissão de carbono na agricultura, incentivam não só o desenvolvimento sustentável, mas também o crescimento econômico de forma responsável.
Os representantes dessas cooperativas apresentarão seus programas que promovem a inclusão de pequenos produtores e negócios locais em iniciativas verdes, a partir de temas como agricultura sustentável, apoio às mulheres empreendedoras e soluções de baixo impacto ambiental. Essas ações, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, contribuem diretamente para um futuro mais justo e sustentável.
Campo
A Cooxupé e a Coopercitrus, referências no setor agrícola, também vão compartilhar suas experiências, com apresentação de práticas sustentáveis que vão desde o uso de tecnologias de precisão até projetos de recuperação de áreas degradadas e preservação de nascentes. Com ações voltadas para o desenvolvimento de boas práticas, essas cooperativas mostram como é possível combinar tecnologia e consciência ambiental para beneficiar tanto o produtor rural quanto o meio ambiente.
Acordo de Paris
Todas essas iniciativas têm como objetivo reforçar o papel importante do cooperativismo no compromisso do Brasil com o Acordo de Paris, que busca reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e desacelerar o aquecimento global. As cooperativas, com suas práticas inovadoras e responsáveis, ajudam a promover um modelo econômico que gera impacto positivo nas comunidades e contribui para um futuro mais verde.
Ao unir forças, as cooperativas mostram ao mundo que é possível criar impacto significativo, com cuidado às pessoas e ao planeta.
Acompanhe a nossa participação no evento pelo site Cooperação Ambiental e também pelas nossas redes sociais: