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101º Dia Internacional do Cooperativismo

Este ano, o 101º Dia Internacional do Cooperativismo (DIC) demonstra a capacidade que as cooperativas têm de aliar a produtividade e o desenvolvimento com equilíbrio ambiental e responsabilidade social. Com o tema Cooperativas pelo Desenvolvimento Sustentável, definido pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI), a celebração global pretende destacar as boas práticas do movimento cooperativista no dia 1º de julho.

Também conhecido como CoopsDay, o dia internacional é reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em seu calendário oficial. A data é comemorada desde 1923, sempre no primeiro sábado do mês de julho, mas apenas em 1995 – ano do centenário da ACI – a ONU proclamou oficialmente as comemorações anuais. Este ano as cooperativas e seus cooperados divulgarão suas ações desenvolvidas em defesa da construção de uma economia verde, que vai desde a recuperação de nascentes até a atuação para a transição energética.

“Temos inúmeros exemplos de iniciativas das cooperativas em defesa do desenvolvimento sustentável. As do Ramo Agro, por exemplo, há tempos já atuam na recuperação de nascentes e matas ciliares; reaproveitam dejetos para gerar energia de biomassa; e recolhem as embalagens dos insumos utilizadas, o que inspirou, inclusive, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010). Agora, com os créditos de carbono, temos mais oportunidades para divulgar nossas práticas e ganharmos por isto. A questão ambiental é pauta fixa no cooperativismo desde o seu surgimento e o Sistema OCB sempre esteve alinhado pelo alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), validados na Agenda 2030 da ONU”, declarou o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.

A celebração do CoopsDay no Brasil também busca chamar a atenção para as práticas cooperativistas e promover ideais do movimento como solidariedade internacional, eficiência econômica, igualdade, paz e prosperidade mundial. Uma série de ações sociais são disponibilizadas para a sociedade que, por sua vez, pode perceber, na prática, as contribuições do movimento para um mundo mais justo e igualitário. O Dia de Cooperar, ou Dia C, como é mais conhecido, promove eventos voluntários e solidários nas principais capitais e cidades do país, para destacar iniciativas que, muitas vezes, ocorrem durante o ano todo. 

Boas práticas

As iniciativas de sucesso das cooperativas vão desde a recuperação de pastagens degradadas, disseminação de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), de Sistemas Agroflorestais (SAFs), até outras técnicas de tratamento de dejetos animais e resíduos para redução de emissão de metano, produção de adubo orgânico e geração de energia limpa, por meio da biomassa. Desta forma, as coops têm contribuído para o alcance de metas nacionais e mundiais de redução de emissões e mitigação de efeitos das mudanças climáticas. Confira abaixo algumas iniciativas de sucesso.

Créditos sustentáveis

No Ramo Agro, a Frísia Cooperativa Agroindustrial é responsável pelo Programa Fazenda Sustentável que estimula boas práticas agropecuárias por parte de seus associados. Um caso de destaque é o do produtor paranaense Fabiano Gomes. Ele vendeu 2.281 créditos de soja sustentável para a Alemanha e a Dinamarca que renderam R$ 31 mil. Gomes herdou a fazenda de seu avô e, junto com seus irmãos, aderiu ao projeto para, além de recuperar as áreas degradadas, investir em energia fotovoltaica, captar água de chuva dos telhados e reciclar o lixo. Com as iniciativas, sua propriedade foi certificada pela Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS), o que contribuiu para aumentar a venda do grão no mercado mundial, além dos créditos para outros países.

"Atendemos a 107 requisitos para a certificação da nossa fazenda. Todos os anos há uma auditoria para revalidar essa certificação. Por isso, precisamos estar em dia com os órgãos ambientais, com as leis trabalhistas, com o treinamento dos funcionários, enfim com todas as normas regulamentadoras e com a comunidade do entorno da fazenda. Ganhamos mercado e as novas práticas também ajudaram a aumentar a produção do grão que hoje passa de 73 sacas por hectare”, explica Fabiano.

Água Viva

A preservação das águas é uma responsabilidade de todos e a gaúcha Ceriluz leva a questão a sério. A coop já recuperou oito nascentes e plantou cerca de 11 mil mudas em Áreas de Preservação Permanentes (APPs).  O Projeto Água Viva, coordenado por ela, envolve a comunidade, em especial estudantes, na preservação e recuperação de nascentes com plantio de espécies nativas no entorno das fontes de água potável.  Segundo o coordenador técnico do programa, Romeo Angelo de Jesus, as informações repassadas para as crianças e jovens sobre os riscos ambientais provocados pelas mudanças climáticas estimulam a mudança de atitude em relação à natureza.

“As novas gerações são agentes de mudança, não só por suas próprias atitudes, mas pelo convencimento de familiares e das comunidades sobre a necessidade de cuidar melhor do futuro do planeta. Como cooperativa do setor elétrico, nossas atividades impactam de alguma forma o meio ambiente. Por isso, fazemos questão de promover programas não só para minimizar esses impactos, mas também para promover a recuperação dos espaços afetados", conta Romeo Angelo, ao destacar também que a coop assumiu o compromisso em gerar energia renovável para seus cooperados com o menor impacto ambiental e o melhor resultado para os consumidores. 

O programa já está em sua segunda etapa e mobiliza cerca de 200 estudantes para atuarem como agentes de transformação em suas comunidades. Um estudo sobre a qualidade da água nestas fontes será desenvolvido pelos alunos do mestrado em Sustentabilidade Ambiental, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). No final do ano, os alunos das escolas do município vão demonstrar o que aprenderam na Feira de Conhecimento.

Lixo Zero

A plena reciclagem de resíduos sólidos também é bandeira do cooperativismo. Exemplos de iniciativas nesse sentido podem ser conferida no Projeto Lixo Zero da cooperativa catarinense ViaCredi, e no Programa Descarte Certo, da Capal Cooperativa Agroindustrial, com atuação nos estados do Paraná e São Paulo.

O Lixo Zero busca sensibilizar seus colaboradores sobre geração, separação e destinação adequada de resíduos no ambiente laboral. Só em 2022, ano em que a coop instituiu o projeto, foram recicladas 41 toneladas de resíduos sólidos, o que possibilitou a aquisição e doação de mais de 3 mil livros. Os colaboradores também se beneficiam com a retirada média de 100 livros/mês. Nos primeiros seis meses do projeto foi promovida a campanha de doação de tampas plásticas, que arrecadou 90 kg do material doado a uma instituição de caridade.

Pela iniciativa, a coop foi certificada pela Aliança Internacional Lixo Zero. O documento é concedido as instituições que desviam 90% ou mais de seus resíduos de aterros sanitários. Mesmo antes da certificação a ViaCredi já desviava 88% dos resíduos. “Exemplo de ação que parece pequena, mas que tem o potencial de se multiplicar, com um grande impacto exponencial. A nossa atitude individual pode influenciar o comportamento de muitas pessoas. Pode mudar a cultura e impactar o mundo para melhor”, observa o diretor-executivo, Vanildo Leoni.

A coop também publica as chamadas “Pílulas de Sustentabilidade” em seu portal para sensibilizar e conscientizar seus colaboradores. Parte das ações promovidas, o Dia Sem Copo estimula o uso de canecas próprias e garrafinhas.  Quatro mil descartáveis eram utilizados até então, diariamente. 

Descarte Certo

E quando o descarte de resíduos precisa de um cuidado especial? Desde 2014, o Programa Descarte Certo da Capal tem ajudado seus cooperados a fazer o rejeite adequado dos resíduos veterinários, como as agulhas das vacinas. A iniciativa recolheu 167 toneladas desse tipo de material, o que possibilitou o fim da queima e da existência de aterros irregulares nas propriedades. 

O produtor Marinus Hagens Filho, associado há mais de 30 anos, conta que sempre se questionou sobre a melhor maneira de descartar as agulhas, seringas e frascos de remédio utilizados na imunização dos animais. “Era um passivo que a gente tinha na propriedade, porque não havia onde descartar. Era um problema muito sério, porque sempre havia o risco de contaminação. Algumas coisas ficavam guardadas em tambores, mas outras eram incineradas”, contou.

A Capal recolhe os mais variados resíduos biológicos, químicos e perfurocortantes para atender 100% dos produtores de bovinos e suínos. A retirada é feita por uma empresa especializada e a coop também realiza treinamentos sobre o manuseio e a armazenagem segura destes resíduos. Só em 2023, 10 toneladas já foram retiradas das fazendas. “É uma vantagem competitiva e financeira, porque a gente recebe um adicional no pagamento do leite por manter essas boas práticas, entre elas, o descarte correto”, complementa Hagens Filho.

Manifesto

Durante a COP 27, o cooperativismo brasileiro reafirmou o seu compromisso com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. "Afinal, toda cooperativa — independentemente do tamanho, área de atuação ou país— já nasce com o compromisso de cuidar da comunidade onde atua, o que só pode ser feito com justiça social, equilíbrio ambiental e viabilidade econômica", de acordo com o manifesto. Clique aqui e confira a carta aberta na íntegra.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Conheça um jeito inteligente de empreender coletivamente

Imagine um grupo de professores que, depois de 20 anos trabalhando na mesma escola, se vê, de repente, sem trabalho. Por conta da crise e da falta de planejamento, o estabelecimento foi obrigado a fechar as portas. Mas onde muitos profissionais veriam um beco sem saída, eles enxergaram uma oportunidade! E se em vez de procurarem emprego em outros colégios, eles unissem forças para abrir o próprio negócio? É aí que o cooperativismo entra nessa história — como um caminho para quem acredita no empreendedorismo coletivo.

De acordo com o dicionário, a palavra empreendedorismo significa “disposição ou capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços e negócios". Somada ao adjetivo coletivo, temos um novo conceito que tem tudo a ver com aquele antigo (e verdadeiro) ditado popular:  “a união faz a força”. 

Empreendedorismo coletivo é, portanto, o nome que se dá a diversas iniciativasque buscam resultados comuns para um grupo de pessoas ou organizações. Incluem-se aí as entidades de representação, os clubes de compras, algumas fundações e, é claro, as cooperativas. Afinal, onde existe a união de pessoas pelo bem coletivo, existe o cooperativismo — uma  das formas de empreender coletivamente de maior alcance e relevância do Brasil.

"Hoje, quase 19 milhões de brasileiros estão vinculados a uma cooperativa. Nosso modelo de negócios gera 493 mil empregos diretos e injeta R$ 784,3 bilhões na economia", afirma Tânia Zanella, superintendente do Sistema OCB — entidade de representação do cooperativismo no Brasil.

Ainda segundo a executiva, o cooperativismo é destaque em setores importantes da economia como o Agronegócio, a Saúde e a Geração de Energia Limpa e Renovável. "Também somos referência quando o assunto é sustentabilidade, valorização das pessoas e cuidado com o meio ambiente", garante.

De olho no futuro

Cooperadas da Señorita Courier, cooperativa de plataforma que gera trabalho e renda para mulheres entregadoras/ Crédito: Facebook da cooperativa
 Cooperadas da Señorita Courier, cooperativa de plataforma que gera trabalho e renda para mulheres entregadoras
Crédito: Facebook da cooperativa

 

A primeira cooperativa da história nasceu da necessidade de um grupo de trabalhadores da Inglaterra do século XIX de buscar melhores condições de vida. Para aumentar seu poder de compra durante uma crise, 28 tecelões se uniram para comprar produtos em grandes quantidades e estocá-los em um armazém. Sempre que precisavam, podiam retirá-los a preços mais baixos que nos mercados locais, em uma estratégia que deu origem ao que se conhece atualmente como economia colaborativa. 

Se no começo, a ferramenta dos cooperativistas foi a compra coletiva, hoje as possibilidades são diversas. "Nosso modelo de negócio é versátil. Posso dizer, sem medo de errar, que ele se adapta a diversas realidades e — mesmo com quase 180 anos — segue moderno e atual", comemora a superintendente do Sistema OCB. 

Uma prova de que o cooperativismo é um modelo de negócio cada vez mais atual é o crescente surgimento de empreendimentos coletivos cooperativos baseados em plataformas digitais, uma inovação recente do mundo do trabalho.

Por meio de sites e aplicativos, as plataformas conectam prestadores de serviço ao consumidor final, em um modelo em que cada trabalhador é responsável por sua geração de renda. Elas surgiram com os aplicativos de transporte, de entregas, quenem sempre garantem condições justas para os trabalhadores que atuam como prestadores de serviços.

A solução cooperativista foi criar plataformas em que os trabalhadores são também os donos e gestores do negócio. Nelas, a política de remuneração e divisão de resultados é definida coletivamente. Assim, ninguém é explorado por ninguém. Quer mais? Sites e aplicativos cooperativistas devem criar fundos para a promoção da qualidade de vida e do desenvolvimento desses cooperados. 

"As cooperativas de plataforma são uma resposta à precarização das relações trabalhistas do século XXI", explica Tania Zanella. "Elas facilitam a conexão dos prestadores de serviços com os clientes finais, remunerando os profissionais de forma justa e transformando-os em donos do próprio negócio. É um modelo de empreendimento coletivo mais justo e sustentável, que utiliza a tecnologia para melhorar a vida das pessoas, ao invés de explorá-las."

Atualmente, existem cerca de 300 cooperativas de plataformas no mundo. No Brasil, as pioneiras foram a Señoritas Courier, aplicativo de entregas do estado de São Paulo; a Pay on Demand (PODD), de transporte de passageiros, do Espírito Santo; e a Ciclos, de energia compartilhada, planos de saúde e telefonia e dados móveis, também do ES. 

Curiosidade: Para empreender coletivamente no cooperativismo, é preciso formar um grupo de, no mínimo, 20 pessoas com um mesmo propósito. No caso das cooperativas de Trabalho, Produção de Bens e Serviços, 7 pessoas já são suficientes. Quer saber mais? Clique aqui

Senta que lá vem história

Agora que você descobriu que toda cooperativa é um empreendimento coletivo, conheça a história real de um grupo de pais e professores que se uniu em torno de um desafio comum: manter os jovens de Barreiras, cidade localizada no oeste baiano, perto de suas famílias. 

Juntos, eles montaram uma cooperativa que oferece educação de qualidade compatível com as melhores escolas de Salvador — capital mais próxima do município. Essa é mais uma história emocionante da websérie SomosCoop na Estrada, apresentada por Glenda Kozlowski.

Cena do episódio "Educar, cooperar e transformar", da 1ª Temporada do SomosCoop na Estrada

 
 
 
 
 
 

Prepare-se para celebrar o CoopsDay!

No primeiro sábado de julho, dia 1º, vamos comemorar o Dia Internacional do Cooperativismo, que neste ano tem como mote a sustentabilidade.  

Cooperativas, cooperados, parceiros de todo o mundo e da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) estarão unidos para celebrar o nosso jeito diferente de fazer negócios com o tema “Cooperativas pelo desenvolvimento sustentável”. 

A 101ª edição da celebração da data que conta com o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) em seu calendário oficial e de suas 193 entidades associadas.  “As Nações Unidas já deixaram bem claro que o modelo econômico e social do cooperativismo ajuda a construir um mundo onde ninguém fica de fora e onde ninguém é deixado para trás”, lembrou o presidente da ACI, Ariel Guarco. 

Sobre a data 

O Dia Internacional das Cooperativas é celebrado desde 1923, mas foi somente em 1995 que a Assembleia Geral das Nações Unidas o proclamou oficialmente e estabeleceu sua comemoração anualmente, sempre no primeiro sábado de julho. 

O #CoopsDay dá aos formuladores de políticas locais, nacionais e internacionais, às organizações da sociedade civil e ao público em geral, a oportunidade de descobrir como as cooperativas contribuem para criar um futuro justo para todos.

 
 
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O que o cooperativismo está fazendo pelo meio ambiente?

Em comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado hoje, 5 de junho, preparamos um conteúdo especial para te mostrar o que o cooperativismo está fazendo pela preservação de ecossistemas como a Amazônia. Confira!

Legenda: O açaí da cooperativa AmazonBai é o único do mundo com certificado FSC / Crédito: Revista Saber Cooperar.

Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia abriga um terço de todas as árvores do planeta e 20% das águas doces disponíveis. Com 5 milhões de metros quadrados, se fosse um país, a Floresta Amazônica seria o sexto no mundo em extensão territorial. Com todo esse tamanho e biodiversidade, a Amazônia sempre esteve no centro do debate ambiental global, e tem ganhado mais relevância diante do agravamento das mudanças climáticas, que têm no desmatamento uma de suas causas. 

Quando se fala em preservar a Amazônia, é preciso sempre levar em conta que, apenas na parte da floresta que está em território brasileiro, existem mais de 20,5 milhões de habitantes. As soluções ambientais necessariamente devem incluir as pessoas e modos de produção que combinem desenvolvimento das comunidades com a manutenção da floresta em pé. E é assim que o cooperativismo entra nessa história. 

Sustentável desde sua origem, nosso modelo de negócios combina pilares que são fundamentais para aproveitar o potencial econômico da floresta de forma sustentável, segundo o coordenador de Meio Ambiente e Energia do Sistema OCB, Marco Morato. 

“A preservação é feita pelas pessoas, então a organização social dessas pessoas é fundamental para que se proteja a floresta. Outro ponto é a geração de renda, que precisa ter economia de escala para beneficiar toda uma comunidade. E o cooperativismo fomenta essas duas coisas: organização social e geração de renda, seja essa renda vinda do manejo sustentável da floresta, do extrativismo sustentável, dos sistemas agroflorestais, da produção de artesanato com os materiais oriundos da floresta”, afirma. 

Açaí justo e sustentável 

Instalada em plena foz do Rio Amazonas, no Arquipélago do Bailique, no Amapá, a Cooperativa Amazonbai é um dos exemplos dessa combinação na prática. Produtora de açaí — alimento que sempre esteve na base alimentar das comunidades ribeirinhas e ganhou fãs pelo Brasil e pelo mundo —, a cooperativa se tornou uma referência em manejo sustentável na Amazônia. 

Os açaizeiros são palmeiras de mais de 20 metros de altura. Colher os frutos lá no alto é uma tarefa perigosa, pois é preciso subir a árvore carregando um facão. Na Amanzonbai, os diferenciais da produção sustentável começam no fornecimento de equipamentos de proteção individual para cada cooperado que trabalha na colheita. Além disso, a cooperativa faz o manejo das plantas para que as árvores atinjam altura máxima de 12 metros, reduzindo os riscos e agilizando a retirada dos frutos. 

As palmeiras dos 140 cooperados da Amanzonbai convivem com outras espécies nativas da Amazônia. Por serem fonte de sustento dessas famílias, são cuidadas para produzirem durante anos, evitando o desmatamento de novas áreas. 

“A Amazonbai faz um manejo de mínimo impacto para manter nossa floresta em pé. Os açaizais são totalmente conservados. A gente não tem desmatamento, não tem destruição da natureza. Aprendemos que tem mais valor manter a floresta em pé do que desmatar”, compara o presidente da cooperativa, Amiraldo Picanço.

Quer mais? O cultivo do açaí da Amazonbai não usa agrotóxicos, fertilizantes ou máquinas. Ele é feito de forma orgânica, apenas pelos cooperados. 

Cooperada da Amazonbai: extrativismo sustentável. Foto: Amazonbai

Todo esse cuidado na produção levou a cooperativa amapaense a conquistar 8 certificações internacionais ligadas à sustentabilidade. O açaí da Amazonbai é o único no mundo com certificado FSC, que garante que todas as etapas do manejo respeitam a legislação do país, direitos dos trabalhadores e o cuidado ambiental. 

“O nosso açaí é diferenciado, porque a gente trabalha com a questão da sustentabilidade, da bioeconomia, de produtos que ajudam a conservar a natureza. E os cooperados ganham com isso. Existe uma repartição justa desses benefícios através da cooperativa”, comemora Picanço. 

Atualmente, a Amazonbai produz 150 mil latas de açaí por ano. E além dos benefícios de trabalho e renda dos cooperados, 5% do valor de cada lata vai para um fundo de apoio à Escola Família Agroextrativistas do Bailique.

Respeito à floresta

No Norte do Pará, outra cooperativa no coração da Amazônia também se tornou referência internacional de produção sustentável. O primeiro diferencial da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), criada em 1929 por imigrantes japoneses, foi o respeito à floresta.

Logo após a criação, a cooperativa se tornou a maior exportadora de pimenta-do-reino do mundo, até que uma praga dizimou toda a produção. O problema era um sinal claro de que a floresta não era lugar para monocultura. 

“A Camta teve que se reinventar e procurar alternativas. E nesta busca por sustentabilidade econômica, entendeu que produzir culturas de curto, médio e longo prazo seria o caminho para sobreviver e hoje esse modelo é conhecido como Sistema Agroflorestal”, explica o presidente da cooperativa, Alberto Oppata.

Legenda: Cooperado da Camta cuida de produção de alimentos, que convive em harmonia com as plantas da floresta. Foto: Divulgação Camta.

A criação do Sistema Agroflorestal de Tomé-Açu (Safta), que simula o ambiente natural da floresta nativa, com o cultivo de plantas comerciais em meio a árvores amazônicas, foi uma virada na trajetória da Camta. A partir dessa inovação, a cooperativa passou a produzir e exportar pimenta-do-reino, cacau, açaí, frutas, óleos vegetais e outros produtos do sistema harmônico, em que os ciclos das plantas se complementam.

Legenda: Alberto Oppata, presidente da Camta. Foto: Divulgação Camta

A floresta ganhou com a redução do impacto ambiental da produção da Camta. Os cooperados conquistaram uma importante vantagem competitiva, com a abertura de novos mercados. Basta dizer o principal destino das exportações da cooperativa é o Japão — um dos países mais exigentes do mundo para importação de alimentos.

“Agora, estamos em busca de pagamento pelos serviços ambientais [previsto na Lei 14.119/2021, que aguarda regulamentação] que realizamos, pois têm um custo alto”, pondera Oppata. A ideia é compensar financeiramente atividades de produção sustentável para garantir a continuidade desses sistemas e estimular mais comunidades a valorizar a floresta em pé. 

Segundo Marco Morato, coordenador de Meio Ambiente e Energia do Sistema OCB, a conscientização da população ribeirinha sobre as vantagens de produzir em harmonia com a floresta é uma das principais contribuições do cooperativismo para a preservação da Amazônia.

“Esse é o papel do cooperativismo: levar o desenvolvimento sustentável para essas comunidades, oferecendo alternativas ao desmatamento e à grilagem de terra", afirma. Ainda segundo Morato, ao garantir uma fonte de trabalho e renda para os moradores da floresta, as cooperativas contribuem de forma decisiva para a preservação da Amazônia.

Cuidado com os rios

Além de ajudar a preservar a Floresta Amazônica, o cooperativismo também atua em outras frentes de proteção desse importante ecossistema. A Cooperativa dos Profissionais de Transporte Fluvial (Coop-Acamdaf), de Manaus, há anos organiza o recolhimento voluntário de lixo e outros resíduos do Rio Amazonas e de seus afluentes.

Os barqueiros da cooperativa levam turistas em passeios para conhecer o Encontro das Águas dos rios Negro Solimões e nadar com botos. Entre os trajetos, duas vezes por semana, fazem a coleta de lixo nas casas flutuantes de ribeirinhos — tipo de construção muito comum na região. Além disso, uma vez por ano, eles realizavam um grande mutirão de limpeza dos rios, com apoio de cooperados e outros voluntários da comunidade. Quer saber mais dessa história? Leia a matéria completa com a Coop-Acamdaf na Revista Saber Cooperar.

 
 
 
 
 
 
 

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A cooperativa como chave para o sucesso dos negócios em Terra e Paixão

A cooperação é chave do nosso jeito de fazer negócios e ganhou destaque nos capítulos recentes da novela Terra e Paixão, da Rede Globo. Os personagens da trama citaram a relevância do cooperativismo e das cooperativas para garantir a continuidade das atividades da protagonista Aline (Bárbara Reis) como produtora rural.

Na primeira cena, o personagem Wladmir (Elias Mamberti), vendedor da loja de fertilizantes da cidade de Nova Primavera, explica a Aline que o local não é uma cooperativa para oferecer os descontos que ela precisa: “Aqui não é cooperativa. Ali eles podem vender a fundo perdido, dar prazo. Prá gente não dá”, afirma. E Aline responde: “A cooperativa é chave pra tudo né?”.

A afirmações de Aline e Wladmir reforçam o quanto as cooperativas contribuem para o funcionamento de um ecossistema econômico que beneficia o desenvolvimento do negócio do cooperado. Cooperativismo é trabalhar em conjunto para que todos possam ter resultados mais eficazes e efetivos. Reduzir cursos e aumentar a circulação de riquezas são apenas algumas das vantagens oferecidas. Aumento de escala, acesso a novas tecnologias, expansão das atividades e compartilhamento de estruturas como maquinários, por exemplo, também fazem parte do modelo de negócios cooperativista.

A segunda cena reitera uma vez mais a força das cooperativas como forma de manter a existência de um negócio, principalmente quando se trata dos pequenos produtores rurais. Nela, a personagem Lucinda (Débora Falabella), conversa com Ademir La Selva (Charles Fricks), irmão do maior agricultor da região e vilão da trama, Antônio La Selva (Tony Ramos) sobre a possibilidade de ele comprar defensivos agrícolas para a plantação de Aline.

“Eu preciso da sua ajuda. Eu tomei uma decisão. Quero ajudar essa mulher corajosa que luta para plantar. E ela tem o perfil exato de quem a cooperativa deve apoiar. Dá outra vez, o senhor comprou grãos e agora ela precisa de defensivos. E o senhor sabe que aqui os preços são muito menores que os praticados no mercado”, afirma a personagem Lucinda.

“Sim, se não fosse a cooperativa, muita gente não ia se aguentar em pé. Pode contar comigo”, responde Ademir.

Assista a cena

O amor pelo agro é o foco da terceira cena, protagonizada pelo personagem Caio (Cauã Reymond), filho de Antônio La Selva. Em conversa com o seu tio Ademir sobre os desmandos do pai, ele declara que a atividade tem como objetivo um mundo melhor.

“O agro é uma das riquezas país. Quantos empregos a gente não gera, quantas bocas a gente não alimenta? Toda hora que eu planto o soja e o milho, eu estou fazendo um país melhor e mais forte. Tudo o que a gente planta, a gente até exporta, traz riqueza para o nosso país. Tem coisa mais bonita que colher o soja, colher o milho, plantar, colher”, relata.

E acrescenta: “a gente que é produtor rural, a gente quer o que? Um futuro melhor para todo mundo. A gente quer ver a evolução do negócio, quer prosperar. É uma missão. Eu tenho muito amor por tudo isso, muito amor pelo agro. O agro tá aqui ó, no meu coração. A gente tem máquinas gigantescas, a gente tem tecnologia. Isso é evolução. Essa terra faz parte de mim e eu faço parte dessa terra”.

Assista a cena

Nessa quinta-feira (1º), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou as Contas Nacionais do Trimestre. Os dados apontam avanço de 21,6% da agropecuária no Produto Interno Bruto (PIB) do país no primeiro trimestre de 2023, quando comparado ao trimestre imediatamente anterior, o que reforça a importância do agro para o crescimento e fortalecimento do país. O cooperativismo agro é responsável por 54% de grãos do país.

A novela vem apresentando bons índices de audiência, demonstrando que a trama está conquistando o público brasileiro. Acompanhe o cooperativismo na novela Terra e Paixão e compartilhe com amigos e familiares!

 
 
 
 
 
 

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