Você já deve ter ouvido falar em inovação, certo? A palavra faz parte do dicionário do mundo corporativo e descreve a capacidade de gerar valor para um negócio com a criação ou aprimoramento de algum produto ou serviço.
Em um cenário de intensas transformações tecnológicas e de consumo, a inovação tem papel fundamental para aumentar a competitividade em mercados cada vez mais concorridos. E, claro, isso vale também para o cooperativismo.
“Quando se fala em inovação, muita gente pensa apenas em projetos disruptivos ou tecnologias de outro mundo, quando, na verdade, se trata de colocar em prática ideias para gerar mais resultados e entregar mais valor. As cooperativas brasileiras estão sintonizadas com essa agenda e comprometidas em inovar para tornar o coop ainda mais competitivo e representativo”, afirma a analista do Núcleo de Inteligência e Inovação do Sistema OCB, Hellen Beck.
O coop é inovador desde a sua origem e têm se consolidado como um ambiente propício para a criação e desenvolvimento de novas ideias, com espaço e ferramentas adequadas para que elas sejam colocadas em prática.
Confira 5 lições do cooperativismo para o mercado de inovação:
1- Construção coletiva
No cooperativismo, essa regra vale ouro: de forma coletiva é possível alcançar resultados muito melhores. O conceito é justamente a base para a formação de uma cooperativa, que nasce da união de pessoas com um objetivo econômico em comum para atuarem juntas em prol de benefícios coletivos e compartilhados. Além disso, está em um dos princípios do cooperativismo: o da intercooperação, que trata da parceria entre cooperativas para gerar mais e melhores resultados.
Na inovação também é assim. De tempos em tempos, até aparecem na História gênios que realizam, sozinhos, uma descoberta transformadora. Mas é muito mais comum que ideias brilhantes surjam da união de várias cabeças, a partir da troca de ideias e do compartilhamento de experiências, porque a inovação é uma construção coletiva.
Pelo Brasil e pelo mundo, cooperativas têm se unido para inovar e também se juntam com startups – jovens empresas de inovação – em busca de soluções competitivas para negócios em vários ramos de atuação, da agropecuária aos serviços financeiros.
2- Valorização de pessoas
As pessoas são o centro do modelo de negócio cooperativista. Ao contrário das empresas tradicionais, o foco não é o lucro individual, mas o bem estar social e econômico dos cooperados e das comunidades da qual fazem parte.
Por mais que o termo inovação esteja muitas vezes associado à tecnologia, o futuro é construído com ideias e projetos desenvolvidos por pessoas e para pessoas. Uma inovação bem sucedida deve ter impacto na vida de quem vai utilizá-la, sejam trabalhadores durante o processo, consumidores ou usuários de um produto ou serviço.
3- Coragem de começar
A criação de uma cooperativa é sempre um ato de confiança e esperança de construção de um futuro melhor. Pode ser a união de grupo de agricultores em busca de melhores preços para sua produção, de profissionais que querem valorizar seu trabalho e decidem empreender coletivamente, e até mesmo de pais para garantir uma escola de qualidade para os filhos. De pequenas coops de artesãos a gigantes do segmento da saúde, agronegócio e infraestrutura, o Brasil já tem 4.693 cooperativas, que reúnem mais de 20 milhões de cooperados.
Na inovação também é preciso coragem para dar o primeiro passo e tirar do papel ideias que à primeira vista parecem pouco convencionais. Diante de cenários desafiadores, é preciso confiança para apostar em novas formas de fazer e de agir que levem a melhores resultados. Toda inovação nasceu de uma ideia, por isso vale a pena apostar, investir e se capacitar para levar adiante projetos que podem transformar a realidade.
4- Compromisso com o futuro
O cooperativismo é um modelo de negócio justo, democrático e sustentável. Em todos os setores em que atuam, as cooperativas colocam em prática iniciativas ambientais, sociais e de governança que estão transformando não só os próprios resultados, mas gerando impacto positivo para o futuro das pessoas e das comunidades e para a preservação do meio ambiente. As coops também são sustentáveis na dimensão econômica, ou seja, negócios perenes, resilientes, capazes de se reinventar diante de desafios.
A inovação também deve ter compromisso com o futuro. Em meio a desafios ambientais globais como a crise climática, construir soluções que ajudem as pessoas, as cidades e o planeta a mitigar as causas do problema e a se adaptar às mudanças é uma tarefa que requer soluções inovadoras. Assim como a busca pela sustentabilidade - seja ambiental, social ou econômica -, inovar também é um processo contínuo.
5- Resolução de problemas
O cooperativismo nasceu como resposta a uma demanda real de um grupo de trabalhadores de Rochdale, no interior da Inglaterra, em 1844, quando o país enfrentava uma grave crise econômica. Diante da falta de trabalho, escassez de produtos e preços altos , o grupo decidiu montar um armazém coletivo de alimentos para distribui-los entre os associados a preços justos, com benefícios para todos.
Toda inovação também nasce da necessidade de se resolver um problema, seja melhorar um produto, dar mais eficiência a um processo, entre outras questões. Soluções inovadoras surgem para dar respostas a problemas que pareciam sem saída diante das alternativas existentes. É preciso pensar diferente e, claro, transformar ideias em realidade para chegar a novos resultados. E não necessariamente isso passa por tecnologias ou máquinas futurísticas. Trata-se de resolver antigos problemas com novas ferramentas, como a primeira cooperativa fez há 180 anos.
Quase dois séculos depois, o cooperativismo está cada dia mais conectado com a inovação e tem mostrado como o nosso modelo de negócio é capaz de se transformar para atender às demandas dos cooperados e da sociedade.
Sistema OCB e cooperativas brasileiras: parceria para inovar Oito em cada dez cooperativas brasileiras consideram a inovação fundamental para seus negócios e já incluíram o tema em seus planejamentos estratégicos. Para ajudar a tirar as ideias do papel e levar soluções inovadoras para o dia a dia das coops, o Sistema OCB investe continuamente em informação, conteúdo, capacitação, conexão com especialistas, entre outras iniciativas para criar uma verdadeira cultura de inovação cooperativista. Desde 2019, quando lideranças cooperativistas de todo o país definiram a inovação como uma pauta prioritária para o fortalecimento e a sustentabilidade do nosso modelo de negócios, durante o 14º Congresso Brasileiro do Cooperativismo (CBC), o Sistema OCB tem trabalhado para criar um ecossistema favorável à inovação no coop brasileiro. Em 2022, essa missão ganhou um reforço estratégico com o Núcleo de Inteligência e Inovação do Sistema OCB — área criada especialmente para trabalhar essa temática junto às cooperativas brasileiras. As coops podem contar com soluções, conteúdos e programas de capacitação para os cooperados e colaboradores que querem colocar a inovação em prática, além de ferramentas de financiamento para garantir que as boas ideias sejam executadas. |
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Modelo vai além da sala de aula e estimula a resolução de problemas cotidianos
O Brasil possui dois segmentos de cooperativas educacionais: as de pais e responsáveis, que se enquadram no Ramo Consumo e as organizadas por professores, que fazem parte do Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços. Essas coops se destacam como modelos de gestão contemporâneos, em que educadores, pais e alunos, em cada uma das propostas, unem esforços para construir uma iniciativa pedagógica solidária e coletiva pautada em valores que promovem a formação de uma sociedade mais próspera, moderna e consciente da sua contribuição.
Os benefícios das cooperativas educacionais se estendem aos estudantes e aos profissionais da educação, pois se baseiam na troca de conhecimento entre seus membros. Essa dinâmica permeia todo o processo de aprendizagem e se diferencia das escolas tradicionais, que se caracterizam por uma estrutura hierárquica. Para Priscilla Coelho, analista técnica de Relações Institucionais do Sistema OCB, o modelo busca transmitir a cultura cooperativista por meio de uma abordagem diferenciada. "O intuito é oferecer melhores condições de ensino, metodologia e infraestrutura frente à concorrência das outras escolas dos municípios", disse.
A abordagem adotada nas cooperativas educacionais vai além da sala de aula convencional e estimula a resolução de problemas e atividades que dividem a responsabilidade com toda a equipe, sendo possível transmitir conhecimento e formar cidadãos críticos, participativos e responsáveis. Essa autonomia, segundo Priscilla, possibilita que o processo de ensino-aprendizagem alie a prática à teoria, a partir dos direcionamentos dado pela qualificada equipe pedagógica a partir das diretrizes bases determinadas pelo Ministério da Educação (MEC).
“Esse tipo de ensino promove um ambiente de aprendizado envolvente para os alunos, porque estimula o desenvolvimento acadêmico ao lado do crescimento social e emocional dos estudantes. As cooperativas educacionais representam uma resposta concreta e inovadora aos desafios do sistema de aprendizagem atual e oferecem uma visão promissora para a construção de uma sociedade mais cooperativa”, acrescentou a analista.
Ainda de acordo com Priscilla, o ensino oferecido pelas cooperativas é voltado para aspectos como a sustentabilidade, ao trabalho colaborativo e às perspectivas de inclusão. "As cooperativas educacionais se mostram como um modelo que ultrapassa os muros da escola e integra os pais e a comunidade ao ambiente escolar", completou.
Saiba mais:
Coops mirins e escolares: empreendedorismo e solidariedade na prática
Histórias revelam poder transformador desse modelo de negócios coletivo e compartilhado
Podcasts oferecem uma forma de conhecimento envolvente, criativo e que mexe com o imaginário humano. Por meio da audição, histórias, análises e reflexões ganham vida, geram novos aprendizados e oportunidades. Por isso, o cooperativismo brasileiro também tem investido no formato. Em 2023, diversos podcasts coordenados pelo Sistema OCB exploraram o tema com o objetivo de torná-lo ainda mais conhecido e reconhecido pela sociedade, principalmente pelos benefícios e vantagens que oferece como um modelo de negócios sustentável, justo e próspero.
O primeiro, realizado em parceria com o BrainCast, foi a minissérie Coletividade em Ação: Reinventando a Economia. Na voz do apresentador Carlos Merigo, quatro episódios, com cerca de 25 minutos cada, mergulharam na história e nos impactos do movimento cooperativista:
- E se você pudesse ter mais voz no seu trabalho?: delineia a trajetória do cooperativismo desde a Inglaterra pós-Revolução Industrial, como chegou ao Brasil, quais os primeiros mercados a utilizar esse modelo de negócios com fundamentos e particularidades.
- Cooperativismo como você nunca viu: detalha os principais fundamentos do movimento e como ele funciona na prática. Neste bate-papo, é possível conhecer de forma mais aprofundada a atuação nos Ramos Agro, Crédito, Transporte, Serviços, Energia e Saúde, por meio de histórias reais.
- Cooperativismo como você nunca imaginou: evidencia a chave para o crescimento e expansão dos negócios por meio das inovações e práticas ESG – cuidado ambiental, responsabilidade social e boa administração (gestão e governança).
- Cooperativismo: Construindo a economia do futuro: explora inspirações e ferramentas do coop para a construção de um futuro mais sustentável, coletivo, justo e igualitário.
Uma segunda parceria, dessa vez com o Nerdcast, garantiu a produção de um podcast exclusivo sobre o Ramo Crédito para proporcionar uma visão descontraída e educativa sobre o funcionamento e os benefícios das coops desse segmento. Em Os segredos do cooperativismo de crédito, Alexandre Ottoni e Deive Pazos dialogaram com cooperados e com a gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta, para destacar como as cooperativas de crédito impactam positivamente na vida das pessoas e da sociedade.
Já o PodCooperar, produção do próprio Sistema OCB, conta com oito episódios emocionantes que retratam histórias reais de pessoas que tiveram suas vidas transformadas pelo cooperativismo. Cada capítulo foi dedicado a um dos ramos do cooperativismo para oferecer uma visão geral dos princípios e benefícios do modelo de negócios:
Uma história de superação e conquista: conta a história de Maria Eneide Pereira Costa, mulher que enfrentou condições de vida desafiadoras no maior depósito de lixo da América Latina, localizado no Distrito Federal, e que, quando se tornou cooperada, transformou sua realidade. Ela encontrou no cooperativismo uma fonte de esperança e fortalecimento familiar.
Vidas transformadas pelo cooperativismo: a vida de Maria Luiza Prestes é o tema do episódio. Ex-empregada doméstica, ela se tornou sócia de uma cooperativa no Rio Grande do Sul e pôde concretizar seus sonhos após a chegada da energia elétrica em sua casa, fornecida também por uma coop da região.
Cuidar das pessoas é nossa essência: Garibaldi Murtosa Júnior conta a história de um menino mineiro que realizou o sonho de ser médico e teve no cooperativismo o apoio que precisava para construir a sua carreira. Para ele, o movimento é mais que um negócio, é uma filosofia de vida.
Cooperativismo pelas estradas: motorista de caminhão, Flávia Reis se tornou cooperada aos 40 anos, quando buscava, junto com seu marido, uma nova forma de trabalho e renda. O casal conheceu o cooperativismo por meio de um familiar e começou uma nova história.
O coop no coração da floresta: o engenheiro ambiental Anderson Moreira foi criado na floresta e começa seu dia às cinco horas da manhã, quando vai para a lavoura. Durante a tarde, se dedica à poda de plantas, adubação do solo e colheita. A Cooperativa Camta, em Tomé Açú, no Pará, adquire todos os produtos cultivados em suas terras. Para Anderson, a coop é a base do seu sustento.
Empreender com o apoio do cooperativismo: Paulo Berkenbrock, proprietário de uma loja de roupas e acessórios para surfe e skate em Blumenau (SC) enfrentou dificuldades por conta da pandemia da Covid-19. Foi neste momento desafiador que o cooperativismo entrou na vida da sua família e deu o suporte que eles precisavam para manter o negócio em pé.
Uma história de vida com o coop: Antônio Albardeiro é cooperado desde 1968 e compartilha uma trajetória cooperativista de 44 anos ao lado de sua esposa, Dona Conceição. Para o casal, os associados são mais do que colegas, são uma extensão da família.
O cooperativismo como um caminho para a reinserção social: Leilane Sales descobriu no presídio que a Cooperativa Social de Trabalho Arte Feminina Empreendedora (Coostafe) poderia mudar sua vida. Com capacitação profissional e fonte de renda, ela conseguiu desenvolver habilidades em bordado e viu potencial para ser artesã.
Os podcasts de 2023 informaram e inspiraram pessoas sobre o engajamento do mundo cooperativista e o papel do movimento na construção de um futuro mais coletivo, justo e sustentável. Os ouvintes puderam testemunhar histórias envolventes que conectaram as narrativas da diversidade e o potencial transformador do coop.
Saiba Mais:
- Programa quer tornar o movimento mais reconhecido ao destacar suas potencialidades
Melhor da Noite, da TV Band, vai destacar episódios do SomosCoop na Estrada
O cooperativismo vai marcar presença no programa Melhor da Noite, apresentado por Glenda Kozlowski e Zeca Camargo na TV Band. Todas as terças-feiras de janeiro a março, exceto no dia 13, o programa será palco de inspiração e informação sobre as práticas e conquistas das cooperativas brasileiras no desenvolvimento social e econômico de pessoas, comunidades, cidades e, por consequência, de todo o país.
Serão exibidas histórias que transformaram a realidade e garantiram mais prosperidade aos cooperados e suas famílias, com o intuito de promover o movimento a nível nacional, tendo em vista o alcance do programa para destacar a importância e os valores cooperativistas. Cápsulas dos episódios das duas temporadas do SomosCoop na Estrada serão reproduzidas, e a apresentadora Glenda fará abordagens importantes sobre o modelo de negócios com o objetivo de enriquecer a discussão sobre o papel das cooperativas na sociedade.
A ação começa nesta terça-feira (30). De acordo com a gerente de Marketing e Comunicação do Sistema OCB, Samara Araujo, a ideia é espalhar o conceito do movimento cooperativista para um público diversificado. “Queremos que o cooperativismo seja cada vez mais conhecido e reconhecido. Que as pessoas entendem as vantagens e benefícios do modelo de negócios e veja nele uma alternativa importante para o seu crescimento pessoal e profissional”, afirmou.
Bora cooperar?
Confira os episódios e as cooperativas que terão seus cases de sucesso exibidos no programa:
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Recicle a Vida (DF) - Exibição: 30/01
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Cooperativas de São Gabriel do Oeste (MS) - Exibição: 06/02
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Camta (PA) - Exibição 20/02
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Sistema Ailos (SC) - Exibição: 27/02
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Coopmetro (MG) - Exibição: 05/03
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Coostafe (PA) - Exibição: 12/03
Saiba Mais:
Cooperativismo pelo mundo: 1 bilhão de pessoas por uma economia mais justa e sustentável
Uma em cada oito pessoas no mundo é ligada ao cooperativismo. É isso mesmo, o coop reúne 1 bilhão de pessoas, cerca de 12% da população global, que estão vinculadas a 3 milhões de cooperativas em todo o planeta.
É por isso que, muito provavelmente, você conhece uma cooperativa ou já consumiu algum produto ou serviço com a marca coop. O cooperativismo está na produção de alimentos, nos serviços financeiros, no transporte de cargas e passageiros, no atendimento à saúde, na oferta de moradia digna, na geração de energia e em muitos outros produtos e serviços.
Em todo o mundo, as cooperativas são responsáveis por 280 milhões de empregos e movimentam US$ 2,17 trilhões anualmente. Se fossem um país, as 300 maiores coops do mundo seriam a 9ª maior economia global.
Algumas das maiores empresas do mundo são cooperativistas, como a Corporação Mondragon, maior grupo empresarial do País Basco e sétimo da Espanha; e a instituição financeira cooperativa francesa Groupe Crédit Agricole, que movimentou US$ 88,9 bilhões em 2022.
Os números são impressionantes, mas o principal diferencial do cooperativismo pelo mundo é o cuidado com as pessoas. Todos esses resultados financeiros são consequência de um modelo de negócio baseado em valores e princípios, com gestão democrática e foco no bem-estar dos cooperados, das comunidades e do planeta.
Em todos os países onde atuam, as coops são reconhecidas por seu potencial de gerar trabalho e renda, fortalecer a economia local, promover valor a longo prazo e atuar em prol da sustentabilidade.
VOZ MUNDIAL
Com participação econômica e papel social tão relevantes, as cooperativas precisam atuar de forma organizada e ter uma representação institucional forte para garantir que o coop ultrapasse fronteiras e mais pessoas façam parte desse sistema socioeconômico justo e sustentável.
Mundialmente, quem exerce esse papel é a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), que reúne, representa e trabalha por todas as cooperativas em âmbito global. Fundada em 1895, a ACI é uma das organizações não governamentais mais antigas e uma das maiores do mundo em número de pessoas representadas: 1 bilhão de cooperativistas.
A entidade atua a partir de seu escritório global, em Bruxelas, na Bélgica, e quatro representações regionais: Europa, África, Américas e Ásia-Pacífico. A voz mundial do cooperativismo tem oito organizações setoriais – Bancos, Agricultura, Pesca, Seguros, Saúde, Habitação, Consumo e Indústria/Serviços –, além de cinco comitês e redes organizadas: de igualdade de gênero, juventude, pesquisa, direito e desenvolvimento. No total, a rede cooperativa mundial da ACI reúne 305 organizações e 103 países-membros.
“Acreditamos em uma economia que coloca as pessoas e o meio ambiente em primeiro lugar, que a cooperação é mais efetiva que a competição e que a prosperidade deve caminhar junto com o bem-estar de todos. A ACI é a casa que reúne todas as pessoas que praticam esse tipo de economia e que nos representa no cenário internacional como um movimento forte e integrado, defensor de um modelo socioempresarial intimamente ligado ao desenvolvimento sustentável”, afirma o presidente da ACI, Ariel Guarco.
COOP BRASILEIRO NO MAPA GLOBAL
Representante das cooperativas brasileiras, o Sistema OCB é parte da ACI desde 1989 e sempre participou ativamente da administração da entidade global. Desde 2022, a atuação brasileira tem ainda mais destaque, com a eleição do presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, para uma cadeira no Conselho de Administração da ACI.
“É uma honra representar o movimento cooperativista internacional e poder trabalhar para fortalecer a cultura da cooperação em todo o mundo. Nosso objetivo é criar ambientes regionais e globais que possibilitem a formação e o crescimento das cooperativas”, destaca Freitas.
Além da ACI, o Sistema OCB integra outros grupos multilaterais do cooperativismo, como a Reunião Especializada de Cooperativas do Mercosul (RECM) e a Organização das Cooperativas dos Países de Língua Portuguesa (OCPLP), além de promover intercâmbio e cooperação técnica com sistemas cooperativistas nacionais de outro países.
A inserção do coop brasileiro no mundo é uma das frentes do trabalho de representação institucional do Sistema OCB. A missão inclui levar os produtos das cooperativas do Brasil para mercados internacionais e mostrar os diferenciais do nosso modelo de negócio.
De acordo com o coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, João Martins, o cooperativismo brasileiro tem diferenciais que atendem a demandas cada vez mais relevantes do mercado global, como desenvolvimento sustentável e comércio justo, e é preciso destacar esses atributos para valorizar as coops do país.
“As cooperativas podem mostrar uma nova marca do Brasil para o mundo. Cabe a nós levantar essa bandeira, defender os interesses das coops e, ao mesmo tempo, dar visibilidade institucional para o movimento que elas representam, de inclusão financeira, de desenvolvimento das comunidades, de caminhos sustentáveis não só do ponto de vista ambiental, mas também social e econômico”, pondera.
Ano Internacional das Cooperativas O papel do cooperativismo para um mundo mais justo, próspero e sustentável também é validado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em reconhecimento à capacidade das cooperativas de apoiar o desenvolvimento de pessoas e comunidades de forma sustentável, a organização declarou que 2025 será o Ano Internacional das Cooperativas. A ONU reconhece a contribuição das cooperativas para a segurança alimentar, redução das desigualdades de gênero, inclusão dos jovens, das pessoas com deficiência, das populações indígenas e dos agricultores familiares e quer fortalecer essas ações em todo o mundo. Para isso, durante o Ano Internacional das Cooperativas, a ONU incentivará e apoiará seus 193 países-membros a apoiar suas cooperativas e estimular a criação de novas. A organização vai promover ações de cooperação técnica e transferência de conhecimento entre coops do mundo e quer garantir a participação de representantes cooperativistas em fóruns de decisões locais, regionais e globais. É a segunda vez que a ONU declara um ano de reconhecimento às cooperativas. Na primeira, em 2012, a entidade reconheceu o papel das coops na retomada global após a crise econômica de 2008. Na época, o impulso da ONU levou a um crescimento significativo do cooperativismo pelo mundo. |