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2025 será Ano Internacional das Cooperativas

Nosso movimento acaba de ganhar um presente! A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou a resolução Cooperativas no desenvolvimento social, consagrando o ano de 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas. Essa decisão reconhece o papel do nosso modelo de negócios no desenvolvimento econômico e social de várias comunidades, a inclusão de mulheres, pessoas com deficiência e povos indígenas, além da contribuição para erradicar a fome e a pobreza.

A resolução foi aprovada por unanimidade e, com ela, o cooperativismo terá ainda mais visibilidade para ser reconhecido como o caminho para a distribuição de renda, geração de empregos e aumento da prosperidade de pessoas no mundo todo. Por isso, Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB, órgão máximo de representação do movimento no Brasil, celebrou com entusiasmo a decisão.

Na visão dele, esse reconhecimento é como um carimbo de aprovação nos propósitos e princípios defendidos pelo cooperativismo. "O foco do nosso movimento é tornar o mundo mais justo, próspero e com melhores oportunidades para todos. São fundamentos que atendem aos anseios da população mundial na atualidade e merecem ser conhecidos e reconhecidos", disse.

O título significa que a ONU irá incentivar seus 195 países-membros a fortalecer suas cooperativas. A ideia é impulsionar as ações de cooperação técnica, transferência de conhecimento e dar voz ativa para os representantes cooperativistas em decisões locais, regionais e globais. “Incentivamos todos os estados-membros a aproveitarem o ano como forma de aumentar a sensibilização para a contribuição das cooperativas na implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e para o desenvolvimento social e econômico global”.

Segundo Andrew Allimadi, ponto focal da ONU para Cooperativas, 2025 será um ano cheio de trabalho marcado pela cooperação. "Espero que seja possível avançar em políticas públicas para o movimento no mundo todo".

 

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ESG: cooperativas estão à frente nos aspectos social e de governança

Enquanto o mundo corporativo começa a abrir os olhos para a necessidade de cuidar não apenas de resultados financeiros, mas do desenvolvimento social, ambiental e da governança, o cooperativismo mostra – mais uma vez – que segue à frente do seu tempo. Pesquisa inédita realizada pelo Sistema OCB,  em âmbito nacional, revela: as cooperativas brasileiras já estão afinadas com a pauta ESG (veja quadro). Elas se destacam em quesitos como o cumprimento de leis e normas, conformidade social e ambiental e práticas trabalhistas. Unindo todos os quesitos, a aderência das coops chega a 51,3% — mais da metade de todos os itens avaliados.

Para o presidente do Sistema OCB, Marcio Lopes de Freitas, o achado mais importante da pesquisa DIagnóstico ESG — realizada em parceria com a Galia Consultoria, empresa com  21 anos de experiência na área de consultoria em sustentabilidade e estratégias ESG, com as confederações dos ramos Crédoto e Saúde, além das Organizacões Estaduais cooperativistas.— foi  a confirmação de que os cuidados com as pessoas, com o meio ambiente e com a ética na gestão são parte indissociável do  do dia a dia das cooperativas brasileiras. 

“O ESG  está na lista de prioridades da pauta cooperativista", elogia o presidente. "Muitas cooperativas já estão engajadas nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU). No universo coop, as principais lideranças já têm conhecimento de ESG. Estão todos muito cientes do tema, esse é o principal achado.”

Já a  especialista em sustentabilidade e estratégias ESG, Rosilene Rosado, sócia-fundadora da Gália Consultoria, destaca que a pesquisa trouxe insights importantes para o amadurecimento das práticas sociais, ambientais e de governança das cooperativas.

“O cooperativismo, por princípio, possui vocação natural para práticas sustentáveis, especialmente nas dimensões sociais e de governança. O caráter humanizado do cooperativismo, evidenciado pela forte aderência às práticas como saúde e segurança do trabalho, educação e envolvimento comunitário, reflete uma vocação intrínseca de priorizar o bem-estar humano. A conformidade ambiental também é um indicador da responsabilidade das cooperativas em atuar dentro das normas e regulamentações e interessar-se pelas comunidades onde atuam. Além disso, o foco em ética, integridade e relacionamento estreito com os cooperados sublinha o seu compromisso com uma governança robusta”, avalia Rosilene.

 

Dimensão ESG

Principais achados da pesquisa

Onde as cooperativas se destacam positivamente 

Principais desafios do setor

Ambiental (o E de Enviroment

As cooperativas empenham esforços consideráveis para estar em conformidade com as legislações ambientais no Brasil, que englobam legislações federais, estaduais e municipais. 

*Conformidade ambiental (67,59%)

*Respeito à biodiversidade (48,4% de aderência às melhores práticas do mercado)

* Uso de fontes de energia renováveis (44,19% de aderência)

*Combate ao aquecimento global

*Uso consciente de água

*Geração de resíduos

Social

O coop brasileiro está em conformidade social, especialmente nas práticas de trabalho, saúde e segurança do trabalho, educação e formação, e envolvimento com as comunidades. 

*Conformidade social (81,71% de aderência)

Boas práticas trabalhistas (62,22% de aderência)

Apoio ao desenvolvimento das Comunidades (61,97%)

*Relação com fornecedores


*Saúde e segurança do consumidor

*Inclusão, diversidade e equidade

 

Governança

O relacionamento com cooperados, a ética e a integridade da gestão foram os tópicos mais proeminentes dentro das cooperativas entrevistadas. Esses resultados evidenciam a proximidade e a confiança que as cooperativas cultivam com seus membros, assim como um compromisso com a condução ética de seus negócios.

*Relacionamento com cooperados (59,63% de aderência) 
*Ética & integridade (59,32% de aderência)

*Relacionamento com partes interessadas (51,09% de aderência)

*Análise de impactos da atividade

*Riscos e oportunidades ESG

* Análise de materialidade, ou seja, capacidade de a cooperativa medir os impactos de suas atividades por meio de indicadores ESG, como o acompanhamento da emissão anual de CO2, o retorno financeiro de programas sociais,  etc.  Essa medicão ajuda a cooperativa a avaliar sua capacidade de ntregar valor em curto, médio e longo prazo, gerando, inclusive, impacto financeiro à organização

 

 

 SOBRE A PESQUISA 

O diagnóstico nacional – feito em projeto piloto – foi aplicado em 365 cooperativas de 19 unidades da Federação. A maior parte delas – 258 (71%) – é ligada ao ramo crédito. Em seguida, vêm 43 (12%) do ramo saúde, 31 (8%) do setor agropecuário, outras 31 do ramo infraestrutura e 2 (1%) de outros segmentos.  

Cada cooperativa respondeu um questionário de 99 questões em uma plataforma online. As perguntas foram elaboradas com base em uma série de normas, padrões, acordos, tratados e convenções reconhecidas globalmente. O diagnóstico incorporou diretrizes como as Normas da Global Reporting Initiative (GRI), os Princípios Orientadores da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos, Convenções da OIT, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e as diretrizes da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD).  

Com o diagnóstico, pensado e criado para a realidade e o modelo de negócio cooperativo, foi possível mapear o que existe no Brasil. O intuito é poder avançar a partir das descobertas e, em 2024, o Sistema OCB pretende disponibilizar a pesquisa para todas as cooperativas do Brasil em uma plataforma própria, que está sendo desenvolvida para este fim. Nela,  além dos próprios resultados, a cooperativa pode fazer comparações com os níveis de aderência de outras coops do seu ramo e, ainda, com os índices nacionais do nosso próprio sistema, em cada um dos temas que ela respondeu. A cooperativa também contará com uma devolutiva que apresentará possíveis pontos de melhoria, visando a reflexão e a evolução da aderência à pauta ESG.

“Responder esse diagnóstico faz com que cooperativas criem mais consciência, pensem sobre processos – olhem para si mesmas – mas também entrega oportunidade de as coops se capacitarem para que entendam melhor do que se trata e se engajem mais nesse mundo”, diz Tomás Nascimento, analista de desenvolvimento de cooperativas do Sistema OCB.

O coordenador de sustentabilidade do Sistema Ailos, Adael Juliano Schultz, concorda e acrescenta: a pesquisa foi um momento de reflexão muito importante para a cooperativa.

"Participar da construção do questionário, liderado pelo Sistema OCB, e estimular nossas cooperativas a participarem, preenchendo o questionário para chegarmos a um diagnóstico, foi extremamente estratégico", comemora Adael. "Agora, a gente consegue visualizar, de uma maneira sistêmica, o desempenho, a nossa aderência às práticas que tanto falamos.”  

DESAFIOS

Apesar da aderência às práticas ESG, o analista de desenvolvimento de cooperativas Tomás Nascimento destaca, como desafio, o maior alcance de metas ligadas à parte ambiental. “É um grande desafio não só para o coop, mas para o mundo, de forma geral. É um tema urgente. O clima está mudando em função da atuação humana”, afirma destacando como exemplo as altas temperaturas enfrentadas em todo o globo durante o ano de 2023.

Além disso, há uma tendência no mercado de privilegiar instituições que, de fato, façam a diferença para o meio ambiente e também nos outros dois pilares do ESG. Já está, inclusive, em estudo, no Congresso Nacional, a regulação do mercado de carbono e alguns países da União Europeia exigem certificados que comprovem boas práticas de sustentabilidade para exportação de produtos agropecuários.

Na avaliação de Nascimento, além da urgência ambiental que deve ser  encarada da maneira mais séria e responsável possível, estar atento aos critérios de ESG é mais uma oportunidade de o cooperativismo se diferenciar. “É importante para o mundo cooperativo porque isso coloca as coops no mercado. Já tem o diferencial do modelo de negócios que é horizontal, justo e transparente , mas para garantir que as cooperativas continuem a competir em alto nível é importante que elas comprovem que são sustentáveis por meio dessa metodologia que sustenta o ESG”, destaca.

“O mercado e o mundo estão se organizando e se regulamentando para garantir que o ESG de fato aconteça. E ele só vai acontecer por meio da comprovação de que você é sustentável. Isso é importante para ser mais competitivo e garantir fatia do mercado”, conclui.

EXEMPLO NO SERTÃO

Na cidade de Irecê, sertão da Bahia, a maior cooperativa educacional do estado, a Cooperativa de Trabalho Educacional de Irecê (Coperil), está provando que a sustentabilidade não é apenas uma palavra da moda, mas um compromisso sólido com o futuro. Com uma política de sustentabilidade ousada e abrangente, a Coperil tem se destacado como um exemplo de como as cooperativas podem integrar o tripé da sustentabilidade - econômico, social e ambiental - em suas operações.

A sustentabilidade começa no telhado da Coperil, onde painéis solares transformam os raios de sol em energia limpa e renovável. Essa medida economiza custos e reduz a pegada de carbono da escola. Os alunos aprendem sobre as vantagens da energia solar e vivenciam sua aplicação prática.

Já a água recebe um tratamento diferenciado. O recurso condensado pelos sistemas de ar-condicionado é cuidadosamente coletado e usado para irrigar o jardim da educação infantil, criando um ciclo de sustentabilidade que inspira respeito pela natureza nas mentes de todos os estudantes.

A coleta seletiva serve como uma valiosa experiência educativa. Os alunos não apenas aprendem sobre a importância de reduzir, reutilizar e reciclar, mas também têm a oportunidade de ver isso acontecendo dentro da Coperil. O lixo reciclável é encaminhado para cooperativas de reciclagem locais, promovendo a intercooperação, um dos princípios do cooperativismo.

A cooperativa adotou ainda algumas estratégias para minimizar ao máximo o uso de papel. Isso inclui a impressão em frente e verso, a reutilização de papel impresso e a transformação de conteúdo impresso em formato digital. 

“Nossas práticas, como a coleta seletiva, o uso de energia solar, a redução do consumo de papel, o reaproveitamento da água dos ares-condicionados, dentre outras, beneficiam o meio ambiente e também fortalecem a educação que oferecemos tornando nossos estudantes cidadãos conscientes e, sobretudo, multiplicadores sociais que compreendem o valor de agir de maneira sustentável. Isso é uma herança duradoura para nossa comunidade”, avalia a diretora executiva da cooperativa, Alaerte Arônia.

SERVIÇO
Quer saber mais sobre o Diagnóstico ESG do coop brasileiro? Então assista ao vídeo gravado pela gerente de desenvolvimento de cooperativas do Sistema OCB, Débora Ingrisano:

https://www.youtube.com/watch?v=btaxQ9rwpYE

 

Explicando o conceito de ESG

O termo ESG (do inglês environmental, social and governance – meio ambiente, social e governança) tem ganhado grande visibilidade, graças a uma preocupação crescente do mercado sobre a sustentabilidade. As questões ambientais, sociais e de governança passaram a ser consideradas essenciais para o mundo corporativo, colocando forte pressão sobre o setor. Por isso, cada vez mais organizações buscam entender o que é ESG e as adaptações necessárias para estar em conformidade com as exigências. 

Em 2004, em um discurso para os 50 presidentes das maiores instituições financeiras do mundo, o então secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, fez um desafio. Ele pedia soluções para integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais até 2030. Surgiu daí a sigla ESG.

O movimento nasceu no mercado financeiro e ganhou corpo, metodologia e indicadores. Há métricas para mostrar o que as instituições fazem em termos de sustentabilidade nas 3 dimensões. Isso é importante porque o mercado exige e o planeta precisa!

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Cooperativas lideram iniciativas de combate ao aquecimento global

O aumento da temperatura do planeta já é uma realidade. Ano após ano, sentimos na pele e na economia os efeitos do aquecimento global. Julho de 2023 foi o mês mais quente da Terra desde 1940, quando os termômetros chegaram a marcar 52 graus Celsius (°C) na China e ondas de calor foram registradas em várias partes da Europa e da América do Norte. Centenas de pessoas morreram, plantações foram destruídas, as queimadas aumentaram e o delicado equilíbrio de diferentes ecossistemas foi afetado. 

Dispostas a ajudarem a combater o aquecimento global,  diversas cooperativas brasileiras têm trabalhado de forma sistemática para reduzir as emissões de gases de efeito estufa na natureza, principalmente do dióxido de carbono (CO2) — gás liberado para na queima de combustíveis fósseis, no desmatamento e queimada de florestas, na indústria e também na geração de energia não renovável. Quer ver? Segue o fio.

PIONEIRISMO NO NORDESTE

Na ensolarada João Pessoa, capital da Paraíba, um grupo de engenheiros teve uma ideia inteligente: aproveitar o potencial da região e utilizar energia solar em suas residências para reduzir (ou até mesmo zerar) o valor da conta de luz. Só havia um problema: eles não tinham como instalar os equipamentos necessários porque viviam em apartamentos, longe uns dos outros.

A solução foi unir forças e criar, em 2019,  a primeira cooperativa de energia renovável do Nordeste, a Coopsolar, que trabalha no mercado de geração compartilhada de energia fotovoltaica. O grupo instalou, inicialmente, três usinas na Região Metropolitana da capital, que hoje produzem energia para mais de 60 famílias cooperadas. 

placa solar

Além de garantir o abastecimento com energia limpa e mais barata, a atuação da Coopsolar também ajuda a enfrentar as mudanças climáticas que se agravam a cada dia, exigindo respostas urgentes de governos, empresas e da sociedade. Afinal, cerca de 86% das emissões de dióxido de carbono do mundo vêm da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia e materiais plásticos. O percentual mostra o tamanho do desafio em alguns setores e a relevância de iniciativas de energia renovável como a desta e outras cooperativas. 

“Em geral, a energia solar gerada só pode ser utilizada para o CPF ou CNPJ que está vinculado a quem produziu. No caso da geração compartilhada, a cooperativa tem esse poder de distribuir essa energia entre os seus cooperados. É um grande benefício que só é possível nesse modelo”, explica o presidente da Coopsolar, Eduardo Braz. 

No caso da Coopsolar, foi a união dos cooperados fundadores que viabilizou o investimento necessário à implantação das primeiras usinas solares da cooperativa — que ainda têm custo alto no Brasil. Para se ter uma ideia, a compra e instalação dos equipamentos para uso individual em um imóvel de pequenas dimensões custa, em média, R$ 20 mil. 

Atualmente, a cooperativa tem cinco usinas fotovoltaicas, instaladas nos municípios de Pitimbu, Lucena e Conde, na Região Metropolitana de João Pessoa, e de Boqueirão, próximo a Campina Grande, no interior do estado. Cada uma produz de 11 mil a 16 mil Kilowatt/hora de energia por mês, que são fornecidos aos cooperados de acordo com a demanda de cada um, por meio da distribuidora de energia estadual, em um sistema de créditos. 

A Coopsolar tem dois modelos de participação: o cooperado pode investir na infraestrutura e ter direito a uma cota da usina, no modelo conhecido como prosumidor; ou optar pela assinatura de energia, sem ser sócio nos equipamentos. Entre os 63 cooperados, 51 têm cotas nas usinas, e os demais são assinantes. 

Seja como produtor de energia ou consumidor, o cooperado tem benefícios diretos com a utilização de energia limpa, renovável e de fonte conhecida, com economia na conta de luz, e, claro, dando sua contribuição para o futuro do planeta. Por ano, o total de energia gerado pelas usinas da Coopsolar – 830 MWh –  equivale a 105 toneladas de CO2 que deixaram de ser lançadas na atmosfera. 

MENOS CARBONO NO CAMPO

O aquecimento global tem impactos para as pessoas e a biodiversidade de forma geral, mas em alguns setores as consequências são mais visíveis, como na agricultura, em que a crise climática pode até inviabilizar os negócios por causa de secas ou cheias extremas.

Responsável por 48% da produção agropecuária nacional, o cooperativismo está atento a esse cenário e as cooperativas deste ramo lideram iniciativas de combate ao aquecimento global em várias partes do país. 

No Sul do Brasil, a Copercampos – uma gigante cooperativista de cereais, sementes, insumos e agroindústria – aposta na inovação para reduzir emissões de CO2 em suas áreas de produção em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. 

Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a cooperativa criou um programa para avaliar a qualidade de manejo dos solos e identificar as melhores oportunidades de retenção do carbono na terra, evitando a emissão do gás para a atmosfera. 

campo

Uma das etapas do diagnóstico é a avaliação do potencial de resgate de carbono das lavouras. Em seguida, por meio do projeto Clube do Carbono, a Copercampos incentiva seus cooperados a utilizar técnicas como o plantio direto na palha e outras práticas conservacionistas. 

No plantio direto, a semeadura é feita na palha da cultura anterior, sem a necessidade de queimar a área nem de revolvimento da terra, reduzindo a liberação de CO2. A incorporação da matéria orgânica ao solo também mantém a umidade e beneficia a nutrição das plantas, gerando impactos positivos na produtividade.

Além dos benefícios imediatos, o Clube do Carbono também pode abrir portas de um novo mercado para os cooperados da Copercampos: o de créditos de carbono. É que as emissões evitadas com a agricultura de baixo carbono podem ser contabilizadas e transformadas em um ativo financeiro negociado no mercado internacional. 

“Para impulsionar o mercado de carbono no Brasil, é necessária a promoção da agricultura de baixo carbono e ter parceiros que prestem suporte na mensuração destes dados. Estamos trazendo o tema para debate e também desenvolvendo este programa do Clube do Carbono entre os associados para que possamos ter maior produtividade no campo e sustentabilidade em todo o sistema de produção”, ressalta o gerente de Assistência Técnica da Copercampos, Fabrício Jardim Hennigen. 

Além da retenção do carbono na terra, a cooperativa catarinense tem outras estratégias de redução de emissões de CO2 em sua cadeia produtiva, como investimentos em energias renováveis. A cooperativa tem uma usina fotovoltaica com 4. 456 painéis, responsáveis pela geração 1,9 mil Megawatt/hora (MWh) de energia solar por ano. Desde a instalação, a usina evitou a emissão de 4 mil toneladas de CO2, que seriam produzidas com o uso de energias não renováveis, como a de termelétricas. 

A próxima iniciativa descarbonizante da Copercampos é a instalação de uma planta de produção, purificação e pressurização de biogás oriundo dos sistemas de biodigestores. A ideia é utilizar o gás produzido na decomposição de dejetos suínos para gerar energia destinada ao abastecimento de veículos da cooperativa, substituindo o uso de combustíveis fósseis.

VINHO SUSTENTÁVEL  

Investir em uma matriz energética limpa e renovável também é a aposta da Cooperativa Vinícola Aurora para dar sua contribuição na luta global contra o aquecimento global. Desde 2019, a maior cooperativa de produção de vinhos do Brasil só utiliza energia elétrica proveniente de fonte limpa, totalmente renovável e que não agride o meio ambiente. 

“Muito se fala na responsabilidade que uma cooperativa tem com relação aos seus cooperados, aos seus funcionários, mas a Aurora entende que essa responsabilidade vai além do quadro funcional e do quadro social. Faz parte da nossa responsabilidade corporativa trabalhar com iniciativas mais limpas e mais responsáveis na questão ambiental”, afirma a supervisora de Qualidade e Meio Ambiente da Cooperativa Vinícola Aurora Cassandra Marcon Giacomazzi. 

Referência nacional na produção de vinhos, com 68 milhões de litros por ano, a cooperativa investe há anos em programas socioambientais e tem um sistema interno de gestão ambiental que já recebeu certificação internacional de qualidade. Uma de suas unidades industriais, em Bento Gonçalves (RS), foi a primeira fábrica de vinho do Brasil a receber o certificado LEED 4.0, que reconhece construções sustentáveis. 

vinho 6

Em maio de 2019, a cooperativa decidiu concentrar esforços na atuação contra a crise climática e iniciou o processo de conversão de sua matriz energética. Hoje, toda a energia que abastece as três plantas industriais da vinícola vem de usinas eólica, solar, de biomassa, e de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), que têm impactos ambientais muito menores que uma usina hidrelétrica de grandes proporções. 

A readequação energética da vinícola cooperativa é certificada por uma empresa de gestão de energia e reavaliada anualmente para validar a utilização de energia 100% renovável. A certificação mais recente foi emitida em março de 2023, com vigência para todo este ano. 

Com a conversão da matriz energética, desde 2019 a Cooperativa Vinícola Aurora deixou de emitir 1.373 toneladas de CO2 na atmosfera. Apenas em 2022, foram 217 toneladas a menos de gases de efeito estufa emitidos, um esforço equivalente à manutenção de uma floresta com 6 mil árvores, segundo cálculo realizado pela consultoria responsável pela certificação. 

“Agora estamos trabalhando em diagnósticos para identificar novas oportunidades, adequações e tecnologias para atuação mais sustentável em outras frentes do nosso processo produtivo”, antecipa a supervisora de Qualidade e Meio Ambiente da cooperativa. 

Segundo Cassandra, além do impacto positivo para o planeta, a responsabilidade socioambiental tem impactos diretos sobre o negócio da Vinícola Aurora. Primeiro porque se trata de uma indústria que depende da terra e das boas condições ambientais para seguir produzindo, e, segundo, porque a sustentabilidade se tornou um diferencial competitivo. “

O consumidor está cada vez mais atento ao que compra e de onde provém o produto que está levando para sua família, e as organizações têm que estar cada vez mais ativas em sua responsabilidade socioambiental e no combate ao aquecimento global”, afirma. 

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Linhas de crédito verde? As cooperativas têm

O interesse pela comunidade é um dos princípios que regem o cooperativismo. E isso se dá com um trabalho voltado ao desenvolvimento sustentável dessas comunidades, por meio do investimento em projetos economicamente viáveis, ambientalmente corretos e socialmente justos. Um dos ramos que vem sendo protagonista nesse trabalho é o Crédito. Nos últimos anos, essas instituições vêm se destacando ao oferecer linhas de financiamento com foco em sustentabilidade e desenvolvimento, ajudando a impulsionar iniciativas que melhorem a qualidade de vida dos cooperados e suas famílias e dos locais onde atuam.

De forma geral, essas linhas de crédito contam com taxas de juros e condições de pagamento mais favoráveis do que outras linhas existentes no mercado. Elas têm como foco principal pequenos empreendedores e agricultores familiares, além de pessoas físicas, e são voltadas a diversas atividades com foco em sustentabilidade e desenvolvimento. 

Existe, por exemplo, financiamento para agricultura sustentável, para apoiar os produtores a adotarem práticas sustentáveis, como agricultura orgânica, agroecologia, tecnologias de agricultura de baixo carbono e conservação de recursos naturais. Também é possível ter acesso a recursos para levar água tratada e esgoto a residências que ainda não contam com esses serviços.

Há, ainda, linhas de crédito para energias renováveis, que financiam, por exemplo, a instalação de painéis solares, biodigestores (biomassa),  turbinas eólicas ou outras tecnologias. E para eficiência energética, possibilitando a compra de eletrodomésticos e máquinas mais modernas e que consumam menos energia. 

“No âmbito das cooperativas de crédito, toda operação tem como foco a sustentabilidade, seja de um pequeno ou um médio empreendimento, seja de uma pessoa física”, destaca Moacir Krambeck, coordenador do Conselho Consultivo Nacional do Ramo Crédito do Sistema OCB (Ceco) e presidente da Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito (Confebras). “Afinal, o objetivo é fazer com que o tomador tenha mais qualidade de vida e não que ele se endivide. Que um negócio seja rentável, que uma pessoa que esteja, por exemplo, em um momento de dificuldade possa sair dessa situação da melhor maneira possível. E essas linhas específicas para sustentabilidade e desenvolvimento vieram para somar”, afirma.

Krambeck destaca que as cooperativas de crédito vêm ampliando as linhas com esse foco e que a tendência é que continue havendo crescimento. “Principalmente nos últimos dois anos, isso tem sido mais forte. As cooperativas estão abrindo cada vez mais espaço para financiar projetos com essa pegada e que tragam benefício coletivo”, observa. “Não tenho a menor dúvida de que isso vai aumentar ainda mais. Nós, do Ramo Crédito, queremos ampliar as ações com foco nos critérios ESG, de ambiental, social e governança. Isso está em nosso DNA e temos que disponibilizar para a sociedade como um todo”, completa.

ÁGUA E ESGOTO

Uma cooperativa que tem impactado positivamente a comunidade em que atua por meio de linhas de crédito voltadas ao desenvolvimento e à sustentabilidade é a Viacredi, do Sistema Ailos, que atua em 25 cidades do estado de Santa Catarina e 5 do Paraná. A instituição conta com a linha Saneamais, que financia ações voltadas ao acesso a água tratada e a rede de esgoto. A iniciativa surgiu em 2022, após uma parceria com a Water.org, organização internacional fundada pelo ator Matt Damon e pelo engenheiro Gary White com atuação em 11 países da África, Ásia e América Latina.

“A Water.org é uma instituição com foco em levar, de forma acessível, água e saneamento para países pobres ou em desenvolvimento. Eles já atuavam no Brasil há alguns anos, mas nunca tinham trabalhado com uma cooperativa de crédito. E, em 2021, eles nos procuraram para estabelecer uma parceria para a criação de uma linha específica que se tornou a Saneamais. E, no ano seguinte, já a colocamos em funcionamento”, conta Sheyla Hennich Mendonça, especialista em Negócios da Viacredi.

A Saneamais permite que cada pessoa física financie até R$ 20 mil, sendo R$ 10 mil para abastecimento de água e R$ 10 mil para esgoto, com taxa de juros entre 1,46% e 2,19% ao mês e pagamento em até 48 meses. Desde a criação, já foram feitos cerca de 3 mil contratos de financiamento por meio dessa linha, beneficiando diretamente mais de 9,3 mil pessoas.

Entre as atividades financiáveis estão reforma de banheiro, compra ou troca de caixa d’água ou de hidrômetro, construção de caixa de gordura, limpeza ou construção de fossa séptica, construção de poço artesiano, manutenção de encanamento, reaproveitamento de água de chuva e contratação de mão de obra especializada.

“Santa Catarina é um estado com um dos maiores índices de câncer no País e uma das razões é o baixo índice de tratamento de esgoto. Então, há uma necessidade muito grande de melhorar essa situação e a Saneamais vem exatamente nesse sentido”, afirma Sheyla. “Nossa meta inicial era fechar, em média, 120 contratos por mês e acabamos fazendo 150. Há bastante interesse e nossa perspectiva é de que essa linha continue crescendo”, observa.

Um dos contratos de financiamento da Saneamais foi assinado pelo casal Nelson e Valdirene Hofelmann, da cidade de Benedito Novo, em Santa Catarina. Por muitos anos, Nelson trabalhou como pedreiro para sustentar a família e, há cerca de um ano, decidiu ter seu próprio negócio e montar uma pequena barraca de caldo de cana e pastel.

Hoje, os dois trabalham juntos na barraca e vêm fazendo bastante sucesso na comunidade. Com isso, puderam realizar o sonho de construir sua própria residência. Com a obra iniciada, foi preciso obter recursos para fazer o banheiro e colocar a fossa, o filtro e a caixa d’água. 

Nelson, então, pediu um empréstimo de R$ 10 mil à Viacredi em agosto de 2022. O financiamento está sendo pago em 48 parcelas de R$ 314,64. O material para a obra já foi comprado e o serviço, finalizado. “Se não fosse a Viacredi, seria impossível realizar esse sonho”, conta Nelson.

ENERGIA SUSTENTÁVEL

A instalação de fontes de energia sustentáveis é outra iniciativa que conta com linhas de crédito específicas em diversas cooperativas, como a própria Viacredi, que financia a instalação de sistemas de energia fotovoltaica e eólica. 

Quem também oferece crédito com esse objetivo é o Sistema Unicred. A instituição conta com uma linha específica para geradores solares, permitindo a implantação e expansão de painéis fotovoltaicos em diferentes localidades, como comércios, residências, hospitais, clínicas e indústrias, entre outros. Além de taxas de juros competitivas, os tomadores de crédito têm acesso a consultoria especializada em projetos solares, garantindo a correta implementação e maximização da eficiência dos painéis fotovoltaicos.

Já o Sicredi conta com duas linhas específicas para energia sustentável, uma voltada apenas a energia solar e outra com foco em outras fontes renováveis, como eólica, hídrica e de biomassa. A instituição conta, ainda, com uma linha voltada à eficiência energética, que permite o financiamento de diversos recursos necessário à realização de projeto para redução do consumo de energia, como aquisição e instalação de eletrodomésticos, máquinas e equipamentos mais modernos e eficientes e também a realização de obras civis com essa finalidade. As três linhas são voltadas tanto a pessoas físicas quanto jurídicas e têm prazo de pagamento de até 120 meses.

BAIXA EMISSÃO DE CARBONO

Outra linha de crédito voltada à sustentabilidade operada pelo Sicredi é a ABC Sicredi, voltada à economia verde e à redução da emissão de carbono na agropecuária. A instituição também opera o programa RenovAgro, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que busca aumentar a produtividade em bases sustentáveis e adequar as propriedades rurais à legislação ambiental. 

O programa RenovAgro é dividido em linhas selecionadas para cada necessidade do agronegócio, como Sistema de Plantio Direto (SPD), Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), recuperação de áreas e pastagens degradadas, florestas plantadas, fixação biológica de nitrogênio, tratamento de dejetos animais, sistemas orgânicos de produção e adequação das propriedades rurais frente à legislação ambiental. Podem ser financiados até 100% dos projetos que proporcionam o crescimento da rentabilidade do agronegócio aliado a um processo produtivo sustentável. O prazo de pagamento varia de 5 a 12 anos, a depender da modalidade, com taxas de juros entre 7% e 8,5% ao ano.

SERVIÇO

Confira algumas linhas de crédito com foco em sustentabilidade e desenvolvimento oferecidos pelas cooperativas brasileiras

 NOME  DIFERENCIAIS  COOPERATIVAS  SITE 
Saneamais - água e esgoto Empréstimos para comprar material e contratar mão de obra para a melhoria das condições de estruturas físicas, como banheiros, esgotos, fossas sépticas e caixas d’água.  Viacredi  https://www.viacredi.coop.br/saneamais/
Energia fotovoltaica Crédito sustentável para instalação de placas fotovoltaicas está disponível na Cooperativa, com prazo de até 60 meses para começar a pagar, carência de até 90 dias, retorno de sobras sobre os juros de pagamento e taxa diferenciada  Viacredi  https://www.viacredi.coop.br/noticias/quer-economizar-na-conta-de-luz-conte-com-o-nosso-credito-sustentavel
Linha sustentável para imóveis e veículos Destinada para aquisição de veículos elétricos e/ou híbridos; e imóveis que venham a contribuir com a preservação do meio ambiente e eficiência energética.  

Viacredi

 https://www.viacredi.coop.br/sustentabilidade/
 

Linha Social

Destinada à saúde, catástrofes naturais ou sinistros, despesas de acessibilidade, educação, treinamentos e equipamentos de informática.  Viacredi  https://www.viacredi.coop.br/sustentabilidade/
 

Financiamento de gerador solar

 

Financiamento para instalação de placas solares para geração de energia fotovltaica

 Unicred  https://www.unicred.com.br/solucoes/linhas-de-credito
 

Eficiência energética

 

Linha de financiamento para quem deseja cooperar com o meio ambiente, adquirindo tecnologias que auxiliem na redução do consumo energético de sua residência.

 Sicredi  https://www.sicredi.com.br/site/credito/para-voce/eficiencia-energetica/
 

Financiamento para Energia Solar

 

Linha de financiamento para quem deseja cooperar com o meio ambiente, adquirindo tecnologias focadas na geração de energia fotovoltaica em sua residência e/ou cooperativa.

 Sicredi  https://www.sicredi.com.br/site/credito/para-voce/financiamento-para-energia-solar/
 

Crédito Energia Renovável

 

Empréstimos para aquisição de tecnologias para utilização de uma fonte de energia renovável em sua residência.

 Sicredi  https://www.sicredi.com.br/site/credito/para-voce/energia-renovavel/

ABC Sicredi

O Programa para a Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária (ABC Mais) busca incentivar o investimento em projetos que diminuam as emissões de gases de efeito estufa e o desmatamento, além de ampliar a área de florestas cultivadas, e estimular a recuperação de áreas degradadas.

Sicredi https://www.sicredi.com.br/site/sobre-nos/sustentabilidade/mudancas-climaticas/economia-verde/
 

RenovAgro

Linha de crédito para apoiar as atividades agropecuárias e agroindustrial disponibilizando recursos para financiamento destinado a aquisição isolada de máquinas e equipamentos.  Sicredi https://www.sicredi.com.br/site/credito/para-agronegocio/investimento/

 

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Cooperativas são protagonistas da agenda ESG

Três letras têm mudado a forma de fazer negócios em todo o mundo e ganham cada vez mais importância para empresas, consumidores e o mercado em geral: ESG — sigla em inglês para Environmental, Social e Governance que se refere a ações Ambientais, Sociais e de Governança.

A preocupação com os pilares ESG está em alta, mas para as cooperativas o assunto não é novo. Afinal, o cooperativismo já nasceu com foco nas pessoas, na melhora das comunidades, na ética e no cuidado com o meio ambiente — diferenciais reconhecidos, inclusive, pela Organização das Nações Unidas que declarou que as cooperativas são "uma força econômica e social poderosa, que também podem beneficiar o meio ambiente."

De acordo com a ONU, “por ter sua identidade baseada na ética e em valores, as cooperativas entendem que seus negócios não podem perdurar sem boas práticas ambientais, trabalho decente para cooperados e empregados; e tomada de decisão ampla e inclusiva.” 

De fato, em todos os setores da economia em que atuam, as mais de 4.600 cooperativas brasileiras colocam em prática os critérios ESG e lideram iniciativas que estão transformando não só os próprios resultados, mas gerando impacto positivo em cadeia nas comunidades onde atuam. 

Confira, a seguir, exemplos do protagonismo do coop em cada pilar do ESG

MEIO AMBIENTE 

​​Em Cascavel, no interior do Paraná, a Coopavel Cooperativa Agroindustrial investiu em tecnologia e inovação para transformar um passivo ambiental em solução sustentável, em um exemplo de como o "E" da sigla ESG impacta positivamente os negócios.  

Com mais de 600 mil suínos criados por ano, a destinação dos dejetos gerados pelos animais era um problema, já que o material gera gases de efeito estufa e pode contaminar os lençóis freáticos se forem descartados incorretamente. 

A solução encontrada pela Coopavel foi instalar biodigestores na Unidade de Produção de Leitões e gerar energia a partir dos rejeitos gerados na suinocultura. O biodigestor é um equipamento fechado em que a matéria orgânica (urina e fezes dos animais) passa por um processo de decomposição e dá origem a biogás, que alimenta um gerador e produz energia elétrica. Além disso, a decomposição também produz biofertilizantes, ou seja, o que antes seriam dejetos são transformados em energia e adubo, fechando o ciclo da produção sem desperdícios nem contaminação ambiental, em um exemplo de como as cooperativas começam a pensar a economia circular.  

A eletricidade gerada a partir dos biodigestores é utilizada para abastecer a Unidade de Produção de Leitões e já supre metade da demanda energética do local. Nos primeiros 15 meses de operação do sistema de energia renovável, a cooperativa gerou 1.127.869 Kilowatt/hora a partir do biogás, o equivalente a 19 mil horas de energia elétrica disponível. 

Além do impacto direto da economia com a produção própria, a disponibilidade de energia garantiu a melhora da produtividade de toda a planta, que depende de energia para o funcionamento de sistemas automatizados e sofria com os sucessivos cortes de eletricidade da concessionária.

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Fechando o ciclo da sustentabilidade na suinocultura, o biofertilizante produzido nos biodigestores é utilizado nos programas de reflorestamento da cooperativa. A Coopavel também investe na produção de energia solar, para reduzir ainda mais a dependência de fontes não renováveis, e atua em outras frentes ambientais, como na proteção de nascentes e matas ciliares nas propriedades dos cooperados, na reciclagem de resíduos sólidos e na educação ambiental das famílias ligadas à cooperativa. 

“A Coopavel quer estar presente cada dia mais com sustentabilidade. Isso aproxima o cooperativismo dos produtores rurais e atende a uma demanda global, que é a melhoria do meio ambiente, tanto para os cidadãos, como para a preservação de todo o planeta, para o futuro”, afirma o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. 

SOCIAL 

Na Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), de Minas Gerais, há duas matérias-primas principais: o café e as pessoas. Isso mesmo, como em toda cooperativa, o foco está em promover o desenvolvimento dos cooperados e eles têm um papel central em todo o negócio da cooperativa, do plantio à exportação.

Com mais de 17 mil cooperados, produção exportada para mais de 50 países e certificações internacionais, a cooperativa mineira é um exemplo de como a adoção de critérios ESG abre portas para mercados internacionais.  

Para produzir café com responsabilidade social, a Cooxupé dá suporte aos cooperados para que os pequenos agricultores possam produzir de acordo com as exigências internacionais e também tem medidas relacionadas à capacitação, condições de trabalho, saúde, segurança e moradia dos trabalhadores, vedação de mão de obra infantil, entre outras. Em 2021, a cooperativa mineira liderou o ranking ESG da lista de Melhores e Maiores, elaborada pela Revista Exame. 

“Somos uma cooperativa que cumpre seriamente os fatores sustentáveis: ambiental, social e econômico. Entendemos a relevância do ESG e reforçamos aos nossos cooperados de que este tripé é cumprido na Cooxupé. Assim, isto nos traz solidez, com credibilidade reconhecida”, afirma o presidente da Cooxupé, Carlos Augusto Rodrigues de Melo. 

Guaxupe 112

A valorização dos cooperados e a produção de café com excelência estão no foco de iniciativas como o Especialíssimo, um programa interno em que a cooperativa seleciona e premia os 50 melhores lotes de cafés especiais produzidos pelos cooperados. Como o café especial tem mais rentabilidade que o grão comum, a seleção estimula os pequenos produtores a entrar nesse mercado mais competitivo e mais vantajoso. 

A Cooxupé fornece assistência técnica gratuita a todas as famílias cooperadas, com atendimento diretamente no campo por equipes de engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas especializados. Com o apoio da coop, os cafeicultores podem tomar decisões mais assertivas, com foco nas boas práticas agrícolas e no aumento da produtividade. Em 2022, a equipe de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé realizou mais de 80 mil atendimentos. 

A gestão da cooperativa mineira é baseada nas práticas ESG há vários anos e segue implantando inovações nessa área. A mais recente é o Protocolo Gerações, um sistema próprio de indicadores de sustentabilidade criado para atender e responder às demandas globais do mercado e dos consumidores do café da cooperativa. 

 

“O Gerações tem diretrizes e níveis para que a cooperativa e seus cooperados estejam integrados à nova realidade de que a longevidade e a qualidade do grão estão profundamente ligadas a um sistema de produção economicamente sustentável, em harmonia com o meio ambiente e com os produtores, suas famílias e seus funcionários”, explica Melo. 

O sistema define requisitos e compromissos que devem ser cumpridos pela cooperativa e os cooperados, independentemente do tamanho da produção, e classifica as ações de acordo com o nível de comprometimento com a sustentabilidade, que varia de 1 a 4. Todos os cooperados são estimulados a cumprir compromissos mínimos de sustentabilidade (Nível 1) e a aumentar o engajamento para avançar para os demais, rumo a um café cada vez mais responsável.

GOVERNANÇA

Cocamar

Dos três componentes ESG, a governança é o menos identificável à primeira vista, mas está na base de uma gestão sustentável nas três dimensões do conceito. A governança se refere a adotar práticas que aliem interesses das cooperativas e dos cooperados de forma ética, transparente, justa e em conformidade com exigências legais e de boas práticas do mercado. 

A Cocamar Cooperativa Agroindustrial, de Maringá, no Paraná, está na vanguarda dessa agenda e por dois anos seguidos foi eleita a melhor cooperativa do setor agropecuário do país. Com mais de 18 mil cooperados e faturamento de R$11 bilhões, a cooperativa produz de óleo de soja a implementos agrícolas. 

O tamanho e a relevância do negócio da Cocamar exigem uma gestão à altura. Para administrar um empreendimento de mais de 60 anos de forma moderna e alinhada às novas exigências do mercado e dos consumidores, a cooperativa paranaense investiu pesado em ESG nos últimos anos. 

Baseada na transparência e na ética que o modelo cooperativista tem entre seus princípios, a estrutura de governança da Cocamar evoluiu, permitindo que o negócio seja socialmente consciente, corretamente gerenciado e com produção sustentável. A cooperativa é pioneira em seu modelo de gestão, administrada por um Conselho de Administração eleito em Assembleia Geral, com mandato de quatro anos.

“A Cocamar possui também uma estrutura de comitês estratégicos e comitês de governança, responsáveis por deliberar assuntos junto ao conselho e diretoria e assessorá-los quanto a temas como gestão de riscos e crises, ESG, seguros e crédito, segurança da informação, entre outros. Essa estrutura de governança passou por diversas revisões e atualizações ao longo dos últimos 60 anos, sendo essencial para a perpetuidade da cooperativa”, afirma a gerente executiva de governança da Cocamar, Fernanda Volpato. 

Um dos marcos da governança inovadora da cooperativa paranaense foi a elaboração do Manual de Governança da Cocamar, documento que descreve 15 compromissos e políticas para atender os principais impactos da cooperativa. “Os princípios que determinam a política de compromisso são desdobrados em critérios e requisitos, que anualmente passam por auditoria”, explica a gerente de Governança. 

O trabalho contínuo em torno da agenda ESG tem levado a melhorias na competitividade dos cooperados e dos produtos da Cocamar, inclusive no mercado internacional. Além disso, tem garantido reconhecimentos como a certificação Ouro no Selo Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), a entrada do Pacto Global da instituição, e destaque no Prêmio SomosCoop Excelência em Gestão, realizado pelo Sistema OCB. 

“Uma cooperativa sem uma boa governança não vai a lugar algum e, no caso da Cocamar, o G é um dos seus pilares de sustentação. Por se tratar de uma organização cooperativista e pertencer a 19,3 mil cooperados, a matéria-prima de uma corporação assim é a confiança, o que se mantém e se fortalece prestando um trabalho de excelência e com total transparência nas decisões e prestação de contas, oferecendo a eles absoluta segurança nas suas operações e negócios”, pondera Fernanda Volpato. 

O próximo passo da governança da Cocamar é lançar o primeiro Relatório de Sustentabilidade da cooperativa dentro do padrão GRI, sigla em inglês para Global Reporting Initiative, o mais utilizado no mercado e que contém uma série de parâmetros internacionais para ajudar instituições a comunicar o impacto de suas atividades. 

Saiba mais sobre a Cocamar no episódio do SomosCoop na Estrada na cooperativa:

https://www.youtube.com/embed/W0exvbVQVsk?si=whgSa5SyV0Km6pSO

 

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